Brasil: Nos organizar para enfrentar o fascismo

Passadas as eleições e com a vitória de Jair Bolsonaro, fica a necessidade de começar a avaliar profundamente o projeto político adotado pelo falso progressismo do PT e seus aliados, analisar o projeto político reacionário do presidente eleito e a necessidade de fortalecer a mobilização e a construção de uma verdadeira alternativa política de esquerda para enfrentar o fascismo.

Diante de um processo eleitoral totalmente viciado, antidemocrático e recheados de crimes eleitorais ignorados pelo Tribunal Superior Eleitoral e outras instâncias judiciarias, a vitória de Bolsonaro coloca em cheque direitos conquistados com muito sangue derramado pelas ruas de nosso país. É uma vitória que afronta a existência dos povos indígenas, quilombolas e das periferias.

Estamos às vésperas de começar a transição entre o governo de Michel Temer, que foi fruto de um golpe institucional, e o futuro governo democraticamente eleito e liderado pelo protofascista Bolsonaro. O governo Temer foi marcado pela retirada brutal de direitos trabalhistas, através da “reforma” trabalhista aprovada e que precarizou as condições de trabalho e o respeito ao trabalhador e a trabalhadora. O futuro governo Bolsonaro colocam as riquezas nacionais no balcão de negócios internacional para assim como foi com a Vale do Rio Doce, serem entregues ao mercado estrangeiro a preso de banana, ferindo gravemente a nossa soberania nacional.

Como apresentamos durante toda a campanha, a responsabilidade do PT e seus setores aliados para abrir a porta pra este cenário é indiscutível. Seu falso progressismo de esquerda, que se adaptou logo quando chegou ao governo a um projeto neoliberal é hoje a face contrária da rápida ascensão fascista ao poder. Temos que reconhecer que a população brasileira está frustrada ao fim de 14 anos de governos petistas mergulhados na corrupção e que promoveram ações que bateram de frente com toda sua história de lutas sociais, como foi a reforma previdenciária de 2003 e a lei anti-terrorismo de 2016. As falhas ao não saber escutar e dialogar com as ruas durante as Jornadas de Junho em 2013, assim como as repressões contra aqueles que estavam nas ruas protestas, foram claros sinais de que o modo petista de governar já estava se debatendo, sendo comprovado diante dos ajustes promovidos pelo segundo governo Dilma. Temos uma população cansada de observar uma casta política levar o país para uma estagnação e como dito anteriormente, sem conseguir/saber mais dialogar com estas bases sociais.

Como já citado anteriormente, não podemos acabar estas eleições sem pontuar e deixar marcado da forma mais clara toda a parcialidade do Superior Tribunal Eleitoral diante de graves violações das lei eleitorais por parte do candidato Jair Bolsonaro. Assim como do judiciário fazer vista grossa casos como da fala do deputado Eduardo Bolsonaro onde pontuou que “para fechar o Superior Tribunal Federal basta um soldado e um cabo”. Assim como deixar claro esta parcialidade, é um nosso dever divulgar todas as formas de utilização das instituições para perseguição de militantes contrários ao candidato eleito, como foram os casos de buscas e apreensões de materiais de favoráveis ao candidato opositor Fernando Haddad (PT) dentro de espaços de formação, como universidades públicas; a censura que sofreu a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro quando seu diretor se viu obrigado a retirar a bandeira “Direito Antifascismo” que estava fixada na entrada da universidade, sob pena de detenção de 6 a 1 ano. Estas claras violações da liberdade de pensamento, expressão e militância política, apoiadas e promovidas por agentes das instituições judiciais brasileiras vão de encontro e comungam do caráter autoritário de várias declarações de Bolsonaro. Também não podemos deixar serem esquecidas promessas de campanha feitas pelo candidato eleito Jair Bolsonaro, que nas últimas semanas prometeu “varrer os vermelhos do país”, e que para opositores só existirão duas alternativas, sair do país ou cadeia. É preciso lembrar também as falas onde pontuou que em seu governo não terá um real para investir em Direitos Humanos, ou até mesmo a liberação do porte de arma.

É preciso pontuar que desde a redemocratização do Brasil, esta foi a eleição presidencial com maior número de não votantes e votos nulos, chegando ao número de 30 milhões. Reflexo da polarização entre o extremismo e a descrença na política e seu sistema falido e antidemocrático.

Diante do novo cenário, como militantes que construímos uma alternativa política de esquerda temos um desafio muito grande, o primeiro é conseguir transmitir as maiorias populares que se colocaram de pé contra o fascismo, que este é o momento de aprofundar a mobilização e fortalecer uma organização, por fora do PT, como uma verdadeira alternativa de esquerda, feminista, laica e socialista. Este é o caminho que definimos assumir a partir da Alternativa Socialista, e consideramos que dever ser o do PSOL para conseguir se transformar na opção para a maioria da população.

A partir do nosso espaço, junto aos companheiros de distintos países e que constroem conosco a corrente internacional Anticapitalistas em Rede, faremos todos os esforços necessários para enfrentar este avanço fascista. Temos que sair às ruas com um só punho para não permitir que os planos deste fascista se concretizem. Não é hora de ceticismo e ficarmos em nossas casas, é o momento de nos organizar, porque organizadxs somos mais fortes e poderemos enfrentar e varrer este projeto reacionário.

Nas ruas, por todo Brasil e pelo mundo, RESISTIREMOS!

Alternativa Socialista, Anticapitalistas em Rede