Desde que constituímos Anticapitalistas em Rede, 6 meses atrás, temos conquistamos avanços impensáveis em muito pouco tempo. Crescemos em militância nos países onde já estávamos e começamos a nos construir em muitos outros. E agora, a partir do acordo que fizemos com o SEP (Partido Socialista dos Trabalhadores da Turquia), e que logo possivelmente venha A Luta do Paquistão, estamos diante da oportunidade de dar um novo salto, qualitativo, na construção de uma corrente internacional revolucionária que pode se transformar rapidamente em um polo de atração para outros ativistas e organizações que busquem juntar forças para enfrentar um sistema capitalista cada vez mais em crise, sob as bandeiras do socialismo revolucionário.
O dinamismo do Anticapitalistas em Rede
Neste ano que termina, ampliamos nossas forças na América Latina ao nos juntarmos com jovens ativistas nicaraguenses que conhecemos no calor da intensa campanha que realizamos contra a ditadura de Ortega-Murillo. Se incorporaram às nossas fileiras jovens dirigentes estudantis colombianos que chegam logo após protagonizarem uma greve histórica em defesa da educação pública. Começamos a dar passos na construção de uma alternativa de esquerda dentro do PSOL do Brasil junto com setores da juventude. Crescemos na Argentina e no Chile a partir de sermos vanguarda na realização da enorme mobilização feminista que percorre o mundo. Foram dinamizados nossos trabalhos no Paraguai e Uruguai. Começamos a reorganizar nossas forças na Venezuela para enfrentar o regime reacionário encabeçado por Maduro. Voltamos a nos encontrar com velhos companheiros do Equador, a nos relacionar com lutadores do Peru, da Bolívia, do México e com a esquerda estadunidense que tem ante si o desafio de capitalizar o surgimento de uma corrente socialista de dezenas de ativistas no coração do império.
Na França estivemos na primeira fila apoiando a rebelião dos coletes amarelos. Começamos a nos estruturar no Estado Espanhol a partir do apoio internacionalista ao processo independentista catalão. Junto com nossos companheiros da Bielorrússia avançamos e estreitamos laços com dirigentes trabalhadores da Ucrânia e jovens militantes do Movimento Socialista Russo.
Se todos estes avanços foram possíveis foi porque está surgindo uma jovem e ampla vanguarda a nível mundial, que se radicaliza nas ruas e busca respostas políticas por fora das direções tradicionais em crise, que avança para posições anticapitalistas e esta aberta para construir um projeto revolucionário como o que nós levantamos, oposto ao ceticismo que tem levado a grande maioria das correntes da esquerda mundial para um encontro com o oportunismo e o sectarismo.
A unidade com o SEP nos traz enormes oportunidades
Outra demonstração de nossas construções é o acordo que acabamos de assinar com os companheiros do SEP, que nos traz a possibilidade de um novo salto, de caráter qualitativo. Como nos acabam de escrever os companheiros desde a Turquia, o “acordo entre nossas organizações tem uma enorme possibilidade de abrir uma nova e dinâmica alternativa de organização internacional, que atrairá muitas organizações revolucionárias do mundo todo. Anticapitalistas em Rede e o SEP, e a possível confluência com companheiros do Paquistão, nos abre a oportunidade de construir um partido mundial. O internacionalismo é uma das nossas prioridades, por isso estamos entusiasmados pelas novas possibilidades e fazemos os maiores esforços para construir este projeto.”
A potencialidade de uma nova organização internacional com presença militante na América, Europa e Ásia pode convertê-la em um polo de atração para outras organizações de distintas regiões do planeta. Esta confluência e os acordos alcançados entre organizações que vem de distintas tradições e regiões tão distantes, e as possibilidades de ampliar a unidade a outros grupos e setores, é uma clara expressão do espaço cada vez maior que existe para colocar de pé alternativas revolucionárias. De nossa parte, colocaremos nossas forças à serviço de consolidar e desenvolver este processo ao que chamaremos para se somarem todos aqueles que queiram apostas na construção de uma organização internacional para realizar a revolução socialista no mundo inteiro.
Alejandro Bodart
O SEP da Turquia
O SEP é um partido relativamente jovem da esquerda revolucionária da Turquia. Fundado em 2004 como Clube de Ideias Marxistas, a organização se constituiu em partido político com seu nome atual em 2016. Em pouco mais de uma década, construiu uma das organizações mais dinâmicas da esquerda, com extensão nacional e regionais importantes nas principais cidades.
Na contramão do ceticismo e a passividade reinante em parte parte da esquerda, o SEP não abandona as ruas e se localiza na linha de frente junto com os trabalhadores, os estudantes e as mulheres que enfrentam o ajuste e a repressão da ditadura de Erdogan. De composição majoritariamente jovem, o SEP tem um extenso trabalho universitário e é a força dirigente nas duas principais universidades do país, a Universidade de Bogazici e a Universidade Tecnológica do Oriente Médio.
Além disso, desenvolvem uma corrente sindical que intervêm em diversos setores do movimento trabalhador e acaba de fundar um novo sindicato da Luz e Força; intervêm em lutas de gênero com seu grupo Igualdade, e gerem centros culturais marxistas em Istambul e Ankara. Longe dos setores da esquerda que apostam na conciliação de classes do kemalismo ou caem no seguidismo ao Partido Comunista do Curdistão, o SEP mantêm uma política revolucionária de independência de classe, por sua vez cuidando para não cair no isolamento e no sectarismo, defendendo o direito à autodeterminação do povo curdo, e lutando contra toda opressão.
O objetivo estratégico do SEP é a construção de um partido revolucionário na Turquia, e uma Internacional para a revolução socialista mundial.
Tilbe Akan
ATA DE ACORDO
ANTICAPITALISTAS EM REDE E PST DA TURQUIA
Após um frutífero intercâmbio entre ambas organizações, onde pudemos constatar a existência de acordos políticos de caráter estratégico, decidimos constituir este Comitê de Enlace com o objetivo de avançar, em um breve período, para a unificação de nossas forças em uma organização internacional conjunta.
Este Comitê de Enlace trabalhará para integrar à nova organização internacional que nos propomos construir em comum aos companheiros d’A Luta, do Paquistão, com outras organizações próximas a ambas forças e a todxs aquelxs que coincidam com os apontamentos estratégicos que defendemos.
Com esta iniciativa que hoje nos enche de satisfação estamos começando a das passos concretos para responder a necessidade política mais urgente da atual etapa da luta de classes global: a construção de uma direção socialista e revolucionária a nível internacional.
Nos próximos meses iremos elaborar uma declaração que resuma os principais acordos políticos e teóricos, de programa, regime e organização da nova organização com base nos critérios que já temos discutido.
Também temos acordado realizar campanhas comuns e intercambiar militantes entre ambas as organizações e participaremos dos distintos congressos e eventos que estejam agendados.
Veli Umut Arslan, pelo Partido Socialista dos Trabalhadores da Turquia
Alejandro Bodart, por Anticapitalistas em Rede
Dezembro – 2018