Rússia: Liberdade para as irmãs Khachaturyan

Desde Juntas e na Esquerda, e o MST, aderimos à iniciativa que vem desenvolvendo o Movimento Socialista da Rússia e outras organizações, para exigir a liberdade das irmãs Khachaturyan. Somos solidárias com María (17 anos), Argelina (18 anos) e Crestina (19 anos). Três irmãs russas que no dia 14 de junho, foram acusadas de assassinato em grupo de seu violador, seu pai. Enfrentando até 20 anos de prisão.

As irmãs foram vítimas de: violações, golpes, abusos físicos, verbais e humilhações durante anos por parte de seu pai. Seus atos foram em defesa própria, com o fim de acabar com esse tormento que marca suas vidas. Os abusos sofridos pelas irmãs, se repetem lamentavelmente com frequência. Ainda que na Rússia existem expressões de resistência contra o patriarcado, e ainda que tenham conquistado reivindicações importantes como a despenalização do aborto; em matéria de violência de gênero, os números de feminicidios são brutais, e se seguem naturalizando práticas de abuso sobre a mulher e as dissidências. Mas a onda feminista e sua onda de crescimento é internacional, e a Rússia e o governo de Putin não serão a exceção. Já nas últimas eleições, varias mulheres foram candidatas em diferentes cargos, questão bastante vedada para xs ativistas feministas. O grupo musical e ativista russo Pussy Riot, que levanta a bandeira do feminismo, se transformou em no coletivo nacional mais conhecido dentro e fora da Rússia. E além das nuances que possam ter, é indiscutível que suas ações destacaram a desigualdade entre homens e mulheres e a discriminação que elas sofrem em todos os âmbitos do Estado nesse país, como a perseguição das dissidências. Esta onda feminista mundial, se vê também refletida nesta campanha, que busca a liberdade das irmãs, contra a voz oficial, que se difunde pelos meios de comunicação. Uma voz oficial que apenas narra descritivamente a quantidade de facadas que Crestina deu em seu pai, ou a quantidade de marteladas que Argelina deu em seu violador; mas não falam nada dos tormentos físicos com que o pai açoitou a suas três filhas durante anos. Uma tortura que muitas jovens ainda devem suportar. Como a cumplicidade policial e judicial que devem enfrentam as mulheres ante cada denuncia, quando conseguem fazê-las. O governo de Putin representa o mais reacionário e patriarcal do capitalismo, e por sua vez, no país da Revolução Russa que foi avançada nos direitos para as mulheres e o coletivo LGBT, existem reservas de luta que não retrocedem em suas reivindicações.

A onda feminista é internacional

Diante da visível brutalidade patriarcal, a onda feminista mundial, permite que condutas machistas naturalizadas, sejam questionadas e combatidas. As mulheres nos mobilizamos contra o abuso, a desigualdade e a justiça patriarcal. Fruto dessa força, e de um avanço na consciência de milhões, os violadores de La Manada na Espanha, por exemplo, cuja vítima tinha apenas 18 anos. Uma decisão positiva como consequência do repúdio social e as campanhas de distintas organizações, entre elas Justas e na Esquerda, e SOL, seção espanhola da Liga Internacional Socialista. O processo da maré verde na Argentina durante 2018, também foi apoiado pelas mulheres e as dissidências no mundo. E o lenço verde se transformou em um símbolo mundial pelo aborto legal. A pressão de milhões de jovens em centenas de cidades do mundo, pela soberania de nossos corpos, pelas identidades livres e pela legalização do aborto, vai acurralando os governos clericais e machistas, que tentam parar para desviar o caminho. Mas não conseguem e a onda feminista sai à rua uma e outra vez, e mesmo com altos e baixos, diante de cada injustiça se manifesta com força.

Feminismo socialista e internacionalista

Nosso feminismo é anticapitalista, antipatriarcal, de classe e socialista e, além disso, profundamente internacionalista. A solidariedade ativa e militante do feminismo socialista que praticamos, se reforça com campanhas pelas reivindicações das mulheres de distintos lugares do mundo já que, se avançam as reivindicações em qualquer lugar, se fortalece este movimento massivo em escala geral. Cada conquista conquistada, cada resistência vitoriosa, cada passo dado pela luta internacional das mulheres, é um mais um golpe contra o capitalismo machista e patriarcal, e nos coloca em melhores condições para avançar por toda nossa agenda.

Então de imediata, a partir das Justas e na Esquerda e o MST, vamos impulsionar iniciativas pela liberdade das irmãs injustamente perseguidas pela justiça de Putin. Se as irmãs Khachaturyan ficarem em liberdade, todas as mulheres desse país e do mundo, teremos dado outro passo contra a dupla opressão capitalista que sofremos. Então neste 24 de junho, em todo o mundo, levantaremos a bandeira: #FreeKhachaturyansisters!

Andrea Lanzette

Juntas e na Esquerda / MST

Seção Argentina da LIS