Por Alternativa Socialista
O projeto conservador do governo Bolsonaro de fechamento do regime democrático está gradualmente em bancarrota. As milícias conservadoras, a agenda homofóbica, misógina, xenófoba e anti-operária esbarram com a resistência das massas que se recusam a renunciar direitos e conquistas. Hoje, resta pouco desse governo que alertava sobre a possibilidade de um aumento da extrema direita. O rompimento com o PSL, a saída de Sérgio Moro, o rompimento com o STF e o Legislativo, as contradições com setores ativos das Forças Armadas, a dificuldade de acordo com o centrão, a prisão de Queiroz, o trágico aumento de mortes pela Covid-19 e, o mais importante, a ascensão de mobilizações desde os panelaços em janelas até manifestações de rua explicam a situação.
A luta de classes se acirra
O mundo capitalista está passando por uma profunda crise desde 2008. Com a aceleração da pandemia do Coronavírus, a crise toma proporções que não se avista em quase um século. Para milhões em todo o mundo, e fundamentalmente nos países imperialista “exemplares”, como os Estados Unidos e da Europa, o sistema se revela como sempre foi: exploração, contaminação, fome, doença e milhares de mortes versus a ganância capitalista por lucros. O resultado é um mundo cada vez mais em disputa: por um lado, uma ofensiva brutal contra a classe trabalhadora com mais exploração, em favor do 1% mais rico e, por outro, a resposta dos 99% que se rebelam, se levantam e lutam. A grandiosa revolta em massa nos Estados Unidos em meio à pandemia, e com inúmeros atos internacionais em solidariedade, intensifica um período de combates.
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No Brasil, a rejeição da agenda conservadora, das reformas neoliberais, das milhares de mortes, são a base fundamental para deter Bolsonaro. As mobilizações antifascistas em defesa da democracia, com movimentos negros antirracistas à frente, tem o poderoso motor da crescente rejeição ao governo que mergulha em uma crise ininterrupta e que, também é parte da crise do regime democrático burguês brasileiro nascido no pós-Ditadura Militar. Com tudo isso, análises que avaliam a vitória do governo sobre as massas não tem base na realidade. Trata-se de um derrotismo sustentado por cálculos eleitorais, com vistas à 2022, que promovem em seu objetivo final a política de conciliação de classes como estratégia – como faz o PT, Lula, a CUT e as principais centrais sindicais.
As direções ausentes
A raiva das pessoas não pode ser detida. Mesmo com o Brasil amargando o segundo lugar em mortes pela Covid-19 no mundo, as mobilizações tomam de conta e o equilíbrio passa a favorecer a nos favorecer e a acelerar a crise do governo. Hoje, mais do que nunca, está aberto a possibilidade de derrubar Bolsonaro, Mourão e todo o governo com seus ajustes. Para conseguir isso, é necessário que as lideranças políticas e sindicais da classe trabalhadora sejam resolutas. Na ausência das lideranças dos trabalhadores, as torcidas organizadas antifascistas foram às ruas com mobilizações que abrem um novo cenário na crise do governo.
A grandiosa greve dos trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos de entrega mostrou que a juventude precarizada não está disposta a aceitar a exploração patronal. O surgimento dos aplicativos foi acompanhado pela insegurança no emprego, mas também uma nova forma de organização e luta. São eles que hoje estão lutando: trabalhadores metroviários de São Paulo em pé de guerra com o governo direitista de Doria; trabalhadores químicos de São José dos Campos/SP não pararam de organizar assembleias em cada fábrica, obrigando os patrões a tomarem medidas para segurança diante da pandemia; professores enfrentam em seus Estados os ataques dos governadores e muitos outros setores que estão lutando e se organizando para impedir os governos e patrões de descarregarem sobre seus ombros todo o peso da crise.
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Infelizmente, todos os exemplos que citamos também são exemplos em que as principais direções estão ausentes ou desempenham um papel negativo na tentativa de impedir que as lutas avancem e sejam vitoriosas. A luta de milhares de trabalhadores não conta com o apoio e o impulso das principais centrais sindicais, como a CUT ou a CTB.
As centrais devem abandonar imediatamente o imobilismo e convocarem uma ação nacional unificada para fortalecer todas as lutas que estão acontecendo. Agora é o momento de construirmos uma Greve Geral que derrube o governo Bolsonaro para garantir nossas vidas.
As direções de olho em 2022
Enquanto assistimos um aumento na mobilização, o PT e PCdoB continuam de olho em 2022. A política deles é jogar panos frios nas mobilizações e se apresentarem como opção eleitoral ao governo Bolsonaro. Jogam e negociam com nossas vidas. É por isso que não mobilizam e, no campo sindical onde dirigem os principais sindicatos e centrais, nada fazem, enquanto os trabalhadores confrontam desesperadamente os patrões e o governo.
Para explicarem essa política, levantam a tese de que o governo Bolsonaro é fascista e forte para derrotar a classe trabalhadora e avançar em seus planos de ajuste neoliberal. Tese que não tem base real na situação atual, mas que serve para construir uma frente “muito ampla” com setores que vão da direita à esquerda e que defendem a “democracia”. O ato “Direitos Já” – sonhando em ser a poderosa campanha das Diretas Já, de 1984 – é um exemplo claro dessa política: construir uma frente com aqueles que atacam os nossos direitos.
Como já dissemos, é correto e necessário construir a mais ampla unidade de ação para a derrubada de Bolsonaro e seus ajustes. Também se coloca como essencial a construção de uma frente de todas as organizações de luta que defendem a independência de classe como a única alternativa possível para alcançar um governo dos trabalhadores.
Debates no PSOL e a construção de uma alternativa política
A política liderada pelo PT e PCdoB de “Frente ampla contra o fascismo” é compartilhada por alguns camaradas do PSOL – Guilherme Boulos, Marcelo Freixo e Fernanda Melchionna equivocadamente participaram do evento “Direitos Já” com nomes como FHC, Michel Temer, Tasso Jereissati e outros inimigos dos trabalhadores. Nos debates pré-eleitoral e das prévias do PSOL, essa posição é defendida e, em alguns municípios, já existem acordos eleitorais em andamento com o PT. Na posição oposta, o Bloco da Esquerda Radical – PSOL, que compomos com outros camaradas, está travando uma batalha contra essa política equivocada e defendendo o programa anticapitalista e socialista fundacional do partido além de apostar no debate democrático entre as bases.
Nós, da Alternativa Socialista, estamos convencidos de que a única forma de dar um passo efetivo na derrubada de Bolsonaro e Mourão é promover e fortalecer as mobilizações que defendam as vidas, os direitos dos trabalhadores, mulheres, jovens, povos indígenas e periferia. É urgente uma alternativa política como ferramenta para os milhares que lutam nas ruas, com a firme convicção de que para defender nossos direitos, só podemos fazer modificando tudo. Uma alternativa política anticapitalista, feminista, ecossocialista e internacionalista. Convidamos você a se juntar a nós neste objetivo e na construção de uma Alternativa Socialista e da Liga Internacional Socialista.
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