Por Verónica O’Kelly – Alternativa Socialista/PSOL – LIS Brasil.
No sábado passado, 15 de maio, diferentes correntes da esquerda radical do PSOL realizaram um seminário de debate e elaboração política. O objetivo era fortalecer um polo de esquerda anti-capitalista. O resultado foi um exitoso evento e o início de uma ferramenta importante para a militância da esquerda radical dentro e fora do PSOL: o Movimento Esquerda Radical.
O Movimento Esquerda Radical nasceu com o objetivo de organizar todas as correntes e militâncias da esquerda anticapitalista que fazem parte do PSOL, para formar um polo de unidade e ação comum com um maior grau de organização. A maioria das correntes que hoje decidimos seguir em frente na construção do Movimento, provém da formação do Bloco de Esquerda Radical. Entendemos que uma unidade conjuntural e específica para atuar no Congresso ou diante de algum evento específico é insuficiente, por isso decidimos dar um passo orgânico e construir uma ferramenta com organismos comuns, uma coordenação nacional com representação de todas as correntes e, dessa forma, em todos os estados.
As correntes que iniciaram o Movimento são: Alternativa Socialista (AS), Grupo de Ação Socialista (GAS), Liberdade e Revolução Popular (LRP), Luta Socialista (LS), Princípios Revolucionários da Ideologia Socialista (PRIS), PSOL Pela Base e Socialismo ou Barbárie (SoB).
Somos correntes que vêm de caminhos diversos e com diferenças. O Movimento Esquerda Radical será uma confluência de diversidade política. É por isso que as correntes que o constroem não perderão sua independência e identidade. As diferenças serão canalizadas pelas coordenações e núcleos com o objetivo de construir nossa ação política em comum, sempre que possível. Quando não houver acordo, as posições divergentes continuarão a ser expressas pelas correntes com total liberdade.
Destaca-se a posição do CST (UIT-CI), uma corrente que compõe o Bloco de Esquerda Radical, mas que não faz parte da construção do Movimento. As diferenças com os camaradas já foram expressas desde antes. Por exemplo, nos debates nas prévias e durante as eleições municipais, ou agora mesmo no pré-congresso do PSOL onde eles definiram fazer uma Tese sozinhos, fora do Bloco de Esquerda Radical.
O Movimento Esquerda Radical e o PSOL
O processo de assimilação ao petismo e ao projeto de conciliação de classe da direção majoritária tem provocado desilusão em muitos companheiros e companheiras. Boulos, Freixo e a atual direção majoritária estão fazendo abertamente campanha por sua política de frente popular. Eles estão se reunindo com Lula e com partidos de direita, levantando a linha da Frente Ampla contra o “fascismo”.
Diante destes, surge o Manifesto de Glauber Braga, pré-candidato a presidente, assinado por uma ampla unidade de correntes, referentes e militantes independentes do PSOL. O Manifesto reflete a oposição de grande parte da militância à liquidação daqueles que se rendem ao projeto de conciliação de classes, e isso é sintetizado no debate de apresentação da candidatura própria do partido para as eleições presidenciais do próximo ano. Uma candidatura independente, com um programa de esquerda e baseada nas lutas, são os eixos e o objetivo do manifesto que tem como principal referência a figura do atual deputado federal Glauber Braga, e que nós da Alternativa Socialista assinamos com as outras correntes que construímos o Movimento Esquerda Radical junto com o MES, Fortalecer, Comuna, CST, entre outros.
A esquerda radical compõe e promove este Manifesto, pois ele significa um importante marco de unidade ampla e diversa dentro do PSOL para enfrentar a política de assimilação ao PT pela direção. Mas também vemos que as limitações políticas e programáticas surgem com correntes que são oscilantes e muitas vezes centristas, que dão ar à direção majoritária atual. Entendemos que estes não são tempos de vacilação, são tempos de disputa aberta contra o setor que quer destruir o projeto fundacional do PSOL. Somente assim teremos a oportunidade de evitar um novo desencanto e desilusão para grandes setores como foram o PT e Lula.
As correntes que defendem o programa independente e socialista têm o desafio de organizar a esquerda radical em um movimento que vai além de uma tática de aliança conjuntural. Reforçar os laços orgânicos para bater todos com o mesmo punho. O Movimento de Esquerda Radical inicia um caminho, é postulado como uma ferramenta para todos aqueles que sabem que o capitalismo é um sistema decadente sem futuro. Para todos aqueles que militam pela única saída real, o socialismo, aqui está um convite para se juntarem a nós.
Compartilhamos o texto comum das organizações que compomos o Movimento
O PRIMEIRO PASSO FOI DADO
Por: Coordenação Nacional do Movimento Esquerda Radical
Ocorreu nesse dia 15/05 o Seminário Nacional que oficializou a criação do MOVIMENTO ESQUERDA RADICAL. Convocado pelas organizações Alternativa Socialista (AS), Grupo de Ação Socialista (GAS), Liberdade e Revolução Popular (LRP), Luta Socialista (LS), Princípios Revolucionários da Ideologia Socialista (PRIS), PSOL Pela Base e Socialismo ou Barbárie (SoB). Enviaram saudações internacionais ao seminário os companheiros da organização Socialismo ou Barbárie (Sob) e da Liga Internacional Socialista (LIS).
O seminário foi aberto rendendo homenagem às mais de 420 mil pessoas mortas, vítimas da pandemia da covid-19 e do sistema capitalista; em sua maioria trabalhadoras e trabalhadores pobres e das periferias. Dedicamos o evento também à resistência do povo Palestino contra os ataques de Israel, ao rebelde povo colombiano que luta contra o ajuste fiscal do presidente Ivan Duque, e à resistência do povo da comunidade do Jacarezinho (RJ) e a toda população que vive nas comunidades, baixadas, ocupações e quebradas de todo o país, enfrentando todas as formas de violência.
Para o evento foram convidadas diversas organizações e coletivos do PSOL: Coletivo Esperançar, do qual fazem parte o Deputado Estadual (SP) Carlos Giannazi e o Vereador (SP) Celso Giannazi; Nova Praxis, Avança, Proposta, Transição, Politizando o PSOL e Centralidade do Trabalho. Contou-se com a saudação da combativa companheira Maria Lúcia Farorelli, da Auditória Cidadã da Dívida (ACD), do companheiro Paulo Pedrini, da histórica e lutadora Pastoral Operária Metropolitana de São Paulo (PO), da professora Marinalva Oliveira (ex. presidente do Andes-SN), do professor Plinio de Arruda Sampaio Junior e do deputado federal e pré-candidato à Presidência da República, pelo PSOL, Glauber Braga.
Pela manhã debateu-se a conjuntura, a partir das contribuições apresentadas pelas organizações convocantes do evento. À tarde se discutiu a situação atual do PSOL e a necessidade de se organizar a luta contra o projeto de refundação do partido, que vem sendo defendido e implementado, sem nenhuma discussão na base, pela direção majoritária (Bloco Psol de Todas as Lutas). Querem acabar com a radicalidade com que o PSOL foi fundado, e, sobretudo, comprometer o partido com o apoio ao projeto de conciliação de classe defendido por Lula/PT para as eleições de 2022.
Além do apoio a pré-candidatura de Glauber Braga, dentre outras, foram aprovadas as seguintes resoluções: organização da luta pelo FORA BOLSONARO/MOURÃO agora em 2021, a exigência de vacina para todes, a luta por renda básica de 1 salário mínimo, criação de uma ampla frente emergencial de emprego e de combate à pobreza, suspensão imediata do pagamento da dívida pública e realização da auditoria da dívida pública, com participação cidadã, desde a Ditadura Militar, fim do arrocho e das demissões, combate ao desemprego e desmonte dos serviços públicos estatais; anulação de todas as reformas que retiraram direitos (EC 95, reformas previdenciária e trabalhista), garantia intransigente dos direitos das mulheres, da população idosa, negros, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses e população LGBTQIA+, contra a PEC 32 (contrarreforma administrativa).
A resolução política e a resolução sobre organização e funcionamento do MOVIMENTO ESQUERDA RADICAL foram aprovadas por unanimidade dos presentes.
Agora a grande tarefa é organizar o Movimento Esquerda Radical em todos os Estados do país, participar ativamente das lutas e mobilizações contra o governo e o sistema capitalista e organizar a participação no próximo congresso do PSOL.
Avante, com o Movimento Esquerda Radical!