Por Alberto Giovanelli
Escrevemos estas linhas no momento em que a crise política peruana está andamento e, portanto, com desfecho em aberto. Castillo, afastado por um Congresso corrupto e detido, Dina Boluarte, ex-integrante do Peru Libre e vice-presidente empossada como a nova presidente da República.
A primeira medida do novo governo foi “pedir a Unidade Nacional e formar um Gabinete de base ampla”, o que significa especificamente uma distribuição de ministérios entre os diferentes setores da direita do Congresso golpeou Castillo. No modelo não se muda, repetia Boluarte, tentando tranquilizar e confortar a burguesia, os Estados Unidos e a maioria parlamentar golpista, racista e antipopular.
O assédio político que Castillo sofreu por 16 meses por parte do Congresso foi incentivado por grupos políticos ligados ao Fujimorismo, remanescentes do Aprismo e outros mais ligados a interesses empresariais específicos.
Castillo, como dissemos em várias ocasiões, cada vez mais acomodava seu governo às exigências do fujimorismo e de toda a direita do Congresso. Esta mudança radical em relação ao seu programa de governo e o abandono das propostas pelas quais foi votado explica hoje a débil defesa popular de Castillo contra um Congresso que sobrevive com um nível de popularidade inferior ao próprio Castillo (6% de popularidade).
Mais uma vez as tentativas do “progressismo” latino-americano se mostraram estéreis ao não ousar questionar a estrutura capitalista. Isso permite que a dominação dos poderes tradicionais continue sobre o cotidiano de nosso povo.
A longa crise institucional abarca todos os poderes do Estado profundamente deslegitimados e provoca uma instabilidade permanente e a impossibilidade de definir com clareza qual será o futuro desta crise crônica. Quando definimos repetidamente esse processo como a “crise política” do regime, queremos insistir em sua profunda natureza estrutural e terminal.
Porém, apesar dessa situação, tanto o novo presidente quanto os parlamentares declaram que sua meta é permanecerem até o ano de 2026, por isso é urgente acabar com esse regime absolutamente falido.
É urgente que os trabalhadores, estudantes, comunidades camponesas e setores populares comecem a discutir a necessidade de uma ampla convocação para uma verdadeira Assembleia Constituinte Livre e Soberana que se imponha pela mobilização popular, derrube a Constituição Fujimorista e tome todas as medidas necessárias para tirar os trabalhadores e as pessoas da pobreza.
Não reconhecemos qualquer legitimidade ao novo governo, imposto por um Congresso golpista, e exigimos a libertação imediata de Pedro Castillo.