Por Sofía Martínez Lis Peru
A mobilização popular no país não se detém. Enquanto no fim de semana passado os protestos em todo o país causaram mais de 100 feridos e 400 presos; na segunda-feira, 9 de janeiro, o centro dos protestos e da repressão foi na cidade de Juliaca – Puno, no meio da greve por tempo indeterminado que ainda está ocorrendo no sul do país contra o governo golpista de Dina Boluarte. No final do dia, os números oficiais confirmam 14 mortos (incluindo um médico que estava ajudando e um menor); mais de 40 feridos em decorrência da repressão das forças militares.
O Hospital e Centros de Saúde de Juliaca desmoronou devido à falta de equipamentos e pessoal médico para atender aos feridos, o necrotério não tinha mais capacidade para receber mais cadáveres. O Diretor do Hospital informou à imprensa que todos os feridos e mortos haviam sido mortos por balas disparadas diretamente no corpo.
Paradoxalmente, em Lima, nesta mesma tarde, estava sendo realizada uma reunião para o “Acordo Nacional” convocada pelo executivo, a igreja, a comunidade empresarial, os governadores regionais, a CGTP e outros.
As notícias do sul, e as primeiras notícias de repressão, significaram que a tentativa de tal acordo não durou meia hora, e as vozes exigindo a renúncia de Boluarte e o encerramento do Congresso se multiplicaram.
O governo golpista de Dina Boluarte ratifica que sua única resposta às exigências é a repressão, contando com as forças armadas e a polícia, mas setores do empresariado estão começando a desconfiar da capacidade do governo de “estabilizar a situação”. É por isso que eles estão começando a debater sobre qual substituição poderia ser mais eficaz.
O Comitê Nacional de Coordenação de Direitos Humanos emitiu uma declaração pública denunciando a flagrante e contínua violação dos direitos humanos, denunciando Boluarte e seu conselho de ministros como diretamente responsáveis pelo massacre em Juliaca.
Diante disso, neste exato momento, estão sendo realizados panelaços em Lima contra os assassinatos em Puno, vários governadores regionais estão exigindo a demissão de Boluarte, expressando assim a insatisfação e a deslegitimação do governo. Estas são as razões que tornam quase impossível chegar a “acordos de paz” duradouros, já que tudo indica que os protestos continuarão e se espalharão. É por isso que é cada vez mais decisivo coordenar até formar uma Grande Coordenação Nacional das organizações em luta para derrotar o governo de direita, fechar o congresso e impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que nos permita livrar-nos do regime desastroso do ’93 herdado pelo governo ditatorial de Alberto Fujimori e assim avançar para um governo dos trabalhadores e do povo que comece a trilhar o caminho das soluções reais para nosso povo, um governo anticapitalista e socialista.