Alemanha: piquete em Berlim pela libertação dos trabalhadores belarussos presos

19 de abril, 1 ano após a prisão de dirigentes sindicais pelo governo belarusso, a Liga Internacional Socialista, a LIS, foi parte ativa por piquetes exigindo a soltura dos presos políticos.

No ano passado, o Congresso dos Sindicatos Democráticos da Bielorrússia (BKDP) fez um apelo público pelo fim da guerra contra a Ucrânia e a retirada do exército russo do território de Belarus. Respondendo a essas reivindicações, Lukashenko atacou o movimento sindical e popular organizado com a falsa acusação de “terrorismo”. A KGB incluiu o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Eletrônica de Rádio de Belarus na lista de organizações “extremistas”.

Prisões e terror

Em 19 de abril de 2022 começaram as prisões, durando mais de um mês. Foram presos 20 ativistas entre dirigentes e trabalhadores de 4 sindicatos do BKDP, incluindo o presidente Aliaksandr Yarashuk, o deputado Siarhei Antusevich e a contadora Iryna But-Husaim. Organizações de direitos humanos incluíram mais de 30 sindicalistas em uma longa lista de presos políticos que já soma em mais de 1.498 pessoas. Nos últimos dois anos, o regime liquidou mais de 700 organizações, entre elas, o Sindicato Independente da Bielorrússia (BNP), uma ação com características stalinistas.

Protesto no aniversário das prisões

Um ano após as prisões, várias ações foram convocadas pela “Salidarnast”, uma associação fundada por sindicalistas belarussos exilados em Bremen, na Alemanha. Na Pariser Platz, em frente ao Portão de Brandemburgo, um piquete exigiu a libertação dos trabalhadores presos e indiciados. Os membros do BNP não desistem, continuam a exigir a liberdade dos companheiros e companheiras presos, mesmo em condições difíceis. Isso ficou evidente na conversa com Raman Yerashenia realizada após o piquete.

Denúncia e apoios

Interviram no piquete: Pavel Sakalouski, membro do comitê executivo do BKDP; Eduard Balanchuk, representante do Comitê Belarusso de Helsinque (BHK) e Rubén Tzanoff, da Liga Internacional Socialista (LIS). Sviatlana Ushchapovskaya, dirigente das mulheres do BPN, também interviu. Durante o evento foram afixados cartazes e distribuídos panfletos em inglês, alemão e belarusso com apoio à campanha LabourStart. Os deputados do Bundestag, Helge Limburg e Beata Müller-Gemmeke (Aliança 90/Verdes), padrinhos simbólicos dos presos políticos Andrei Paheryla e Hanna Ablab, apoiaram a ação. Trabalhadores de Washington, Argentina, Brasil [Veja aqui], Lituânia e outros países também declararam apoio.

Reivindicações dos trabalhadores

Lukashenko dirige um governo fantoche de Putin, servo dos interesses imperialistas e da oligarquia capitalista russa. Trata-se de um regime ditatorial onde a repressão é organizada pela KGB. Por essas razões, é necessário o apoio pela liberdade dos presos políticos, pelo fim da repressão, pela anulação de sentenças e respeito aos direitos sociais, sindicais, humanos e democráticos. Ao mesmo tempo, é urgente construir organizações sindicais e políticas dos trabalhadores e da esquerda, independente dos poderes oligárquicos.

A solidariedade internacionalista não tem fronteiras

A LIS sempre apoiou protestos, greves e mobilizações como as de 2020 em Belarus. Naquele momento, realizou-se uma campanha internacional de pronunciamentos, ações e vídeo que incluiu saudações de organizações companheiras dos cinco continentes. As demonstrações de solidariedade dos trabalhadores enchem-nos de orgulho e nos fortalece na convicção de continuar a luta, como a que acontecerá no 1º de Maio. Tanto em Belarus, como no exílio, a LIS apoiará as reivindicações e a organização de mais mobilizações contra Lukashenko e seu regime ditatorial!


“Liberdade aos sindicalistas belarussos!”

Impulsionar a solidariedade e a luta unificada dos trabalhadores”

Após o piquete na Pariser Platz, conversamos com Raman Yerashenia, membro da Associação “Salidarnast”. Confira:

Qual a importância de um piquete em Berlim no dia 19 de abril?

Há exatamente um ano deu início às prisões. As notícias da repressão em Belarus foram deixadas em segundo plano no contexto da guerra na Ucrânia. Assim que se iniciou uma campanha com a ajuda do LabourStart.

Como está a situação dos dirigentes e ativistas presos e suas famílias?

Só agora os prisioneiros foram transferidos aos presídios para cumprirem suas penas. As condições são duras e existe tratamento diferente aos presos políticos. Alguns ativistas têm problemas de saúde. Suas famílias perderam seus meios de subsistência e enfrentam dificuldades financeiras. Apoiamos os presos e suas famílias.

Como você avalia esses primeiros passos?

Estamos apenas começando o trabalho no exílio. Estamos iniciando com passos modestos que irão avançar com o tempo e com as atividades futuras.

Qual será a próxima ação?

Será a participação no protesto do 1º de Maio em Bremen, com o sindicato alemão DGB. Denunciaremos a situação de Belarus na atividade.

Qual a importância das mulheres trabalhadoras nos piquetes e na campanha?

Sempre tivemos uma direção de mulheres nos sindicatos. Gostaria de chamar a atenção das organizações feministas para o problema da repressão política em Belarus.

Qual sua mensagem aos apoios à campanha?

A mensagem é simples: devemos impulsionar a solidariedade e a luta unificada dos trabalhadores contra essa situação injusta.


“Luta sindical não é extremismo!”

Saudação da LIS ao piquete em Berlim

Companheiras e companheiros. A Liga Internacional Socialista e em todos os países onde nossos camaradas militam na defesa da classe trabalhadora, enviamos uma saudação solidária neste dia em que se completa 1 ano da repressão do regime ditatorial de Lukashenko. Apoiamos incondicionalmente as reivindicações pela liberdade dos trabalhadores presos, o fim das perseguições e do terror em Belarus. As prisões políticas e processos por ‘terrorismo’ contra dirigentes e ativistas trabalhistas são falsificações stalinistas de um governo capitalista que, para manter os privilégios da oligarquia, tenta liquidar os Sindicatos Independentes e todos aqueles que se levantam contra a ditadura. Além de ditador, Lukashenko é um fantoche de Putin. Por esta razão, apoia a invasão imperialista russa contra o povo ucraniano e permite o uso de Belarus como plataforma de guerra para o invasor. Apesar de quase 30 anos de tirania, o regime não conseguiu a submissão dos trabalhadores e do povo. Por isso, tem enfrentado greves, grandes mobilizações, como as de 2020 e agora as reivindicações por liberdade, inclusive no exílio. Neste 19 de abril, as organizações da Liga Internacional Socialista nos cinco continentes estão com vocês organizando pronunciamentos, atos e mobilizações nas embaixadas de Belarus. Companheiras e companheiros, sua luta é a nossa luta! Luta sindical não é ‘terrorismo’! Liberdade aos presos políticos e anulação dos processos criminais! Basta de repressão e terror em Belarus!


Rubén Tzanoff, representando a LIS no piquete em Berlim.