Por Revolução Socialista-PSOL. LIS, Brasil.
Enquanto a direita e a extrema direita ganham protagonismo (inclusive com cargos no atual governo), vai desaparecendo o projeto de uma esquerda anticapitalista, com independência de classe e um programa socialista do PSOL. Nós, corrente interna, com militantes fundadoras e fundadores do partido, vemos com profunda preocupação nesta metamorfose em curso com o evidente objetivo de adaptação ao projeto da conciliação de classes.
No último Diretório Nacional (DN), a direção majoritária (Primavera Socialista e Revolução Solidária) aprovou uma resolução política de conjuntura de apoio ao governo Lula-Alckmin, no mesmo momento da apresentação do Arcabouço Fiscal, uma reedição do teto de gastos nas políticas públicas. Enquanto o governo se prepara para atacar o povo trabalhador, o PSOL declara apoio incondicional. Infelizmente, essa não foi a única resolução equivocada.
Burocratização em curso
O DN votou uma resolução que regimenta a convocatória e funcionamento do 8º Congresso Nacional do partido. Uma das novas regras estipula que a apresentação de uma Tese precisa de, aproximadamente, 1.700 assinaturas – no Congresso anterior eram 400. Estamos falando de mais um ataque à democracia interna, uma mudança que acaba com a diversidade de opiniões e tendências, característica que deu origem ao PSOL. Em 2005, quando as e os radicais decidiram fundar um novo partido anticapitalista, no momento em que o PT se adaptava ao Estado e ao governo burguês, conquistou-se a unificação de diversas tradições da esquerda socialista, grupos e militantes independentes, num mesmo partido. O êxito dessa orientação se explica pela decisão de cada uma das direções políticas, ali reunidas, de respeitar as diferenças e construir uma unidade.
Defendemos um método de funcionamento que respeite as diferentes opiniões por acreditarmos na potência que isso carrega. É do encontro das diferentes opiniões, do debate e da elaboração coletiva que surge a melhor síntese. Opinamos que as diferenças entre companheires que compartilham um projeto comum são lógicas e necessárias. Mas a direção majoritária joga tudo isso na lata de lixo. E usa a máquina partidária e parlamentar para se perpetuar na direção e para abandonar dia-a-dia o programa e o estatuto fundacional do PSOL.
Em cidades pequenas, onde o partido tinha algumas dezenas ou centenas de filiades militantes, no último período, o número de novas filiações se multiplicou por 2 ou 3, inclusive com casos absurdos de 1 pessoa filiando centenas ou milhares de pessoas. Há cidades onde o PSOL não tem parlamentares, ou compõe governo e o número de novas filiações chega a dezenas de milhares. Trata-se de um processo de filiação em massa, sem critério político algum e que não se expressa na participação desses filiades na militância cotidiana do partido, prática muito comum nos partidos do regime capitalista.
O processo de burocratização do PSOL caminha ao lado de sua metamorfose política. A mudança de um partido anticapitalista e da esquerda radical transformando-se num defensor do projeto da conciliação de classes, num partido domesticado, precisa de um método de funcionamento que elimine o debate, a crítica e a confrontação de ideias. É rolo compressor a serviço de impor uma política com métodos similares ao de qualquer partido burguês.
A Primavera calunia Silvia Letícia, mulher e vereadora do PSOL em Belém/PA
Um claro exemplo de tudo isso é a calúnia política que a Primavera (tendência interna do Prefeito Edmilson Rodrigues) está fazendo contra a nossa companheira vereadora em Belém/PA. Silvia Letícia é uma companheira de longa tradição sindical e política, fundadora do PSOL, atualmente na direção do SINTEPP Belém (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação Pública do Estado do Pará), dirigente nacional da CSP-Conlutas, dirigente nacional da Revolução Socialista (tendência interna do PSOL) e hoje vereadora pelo PSOL na cidade, que não se cansa de ratificar seu compromisso com o povo trabalhador e pobre.
Não ficaremos calados com esta calúnia política contra os direitos das trabalhadoras, trabalhadores e do povo pobre. Segundo a própria companheira vereadora Silvia Leticia disse: “sou uma vereadora do PSOL, sigo o que determina meu partido, seu programa e seu estatuto. Defendo na Câmara Municipal o programa que apresentamos nas eleições para a população de Belém, um programa de mudança para melhor. Por isso, tenho cobrado nos espaços que tenho tido acesso, o cumprimento das promessas de campanha feitos pelo prefeito Edmilson, nada além disso”.
Por tudo isso, a tendência do Prefeito, com maioria no Diretório Estadual do PSOL-PA, publicou uma nota caluniando a companheira de reproduzir Fake News e se aliar com a extrema direita. Essa nota, repleta de mentiras, com métodos já conhecidos na história pelo estalinismo, não tem outro objetivo mais do que tentar expulsar nossa companheira do PSOL. A Primavera e Edmilson caíram no desespero e por isso escolhem o método deplorável da calúnia. Estão apavorados porque uma vereadora do mesmo partido, com acesso a todas informações da gestão municipal de Edmilson, usa o parlamento para denunciar e defender os direitos das trabalhadoras, trabalhadores e do povo pobre que sofre em Belém por uma gestão burguesa de “esquerda”.
Há pouco menos de um mês, depois de uma encarniçada luta política e judicial, o PSOL conquistou mais uma vaga na Câmara Municipal, arrancada de um partido da direita que fraudou a cota de mulheres na eleição. Essa vaga foi legitimamente ocupada pela companheira Silvia, nova vereadora de Belém. Que contradição dessa corrente e desse prefeito que querem expulsar a nossa vereadora, a vereadora do PSOL, uma Mulher de luta.
Pedimos toda solidariedade organizada e individual com Silvia Letícia contra esta calúnia.
É momento de agir, a esquerda socialista precisa se unir
O 8º Congresso Nacional do PSOL, convocado para os dias 29, 30 de setembro e 1 de outubro deste ano, tem uma importância maiúscula. É momento de atuar unitariamente com todas e todos que defendem o projeto fundacional do partido, em defesa do PSOL anticapitalista e independente. Precisamos fazer os maiores esforços e apresentar às bases do partido uma alternativa classista e de esquerda. Nós da Revolução Socialista, militamos com muita firmeza para esse objetivo e chamamos a toda militância que compartilhe esse objetivo e somar-se a esse projeto.