Marrocos-Ucrânia: acordo contra o Saara Ocidental

Por Oleg Vernyk, Liga Socialista Ucraniana – Chaiaa Ahmed Baba, LIS no Saara Ocidental – Rubén Tzanoff, Socialismo e Liberdade e LIS no Estado Espanhol

No dia 22 de maio, em Rabat, os representantes diplomáticos do Marrocos e da Ucrânia concordaram em aprofundar os laços políticos e econômicos. Marrocos obteve um plus, o apoio à política de ocupação do Saara Ocidental. É preciso construir a unidade dos povos em luta, independente dos governos, com a estratégia definitiva da libertação nacional e social.

Primeira escala do giro pela África

Iniciando um giro por África, o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, reuniu-se com o também Ministro marroquino, Nasser Bourita. Foi a primeira reunião do alto escalão em 31 anos. Ambas as autoridades assinaram um memorando de entendimento diplomático para aprofundar seus laços políticos e econômicos.

Com o cinismo habitual do invasor

Tentando expressar uma posição neutra em relação à guerra, Bourita enfatizou que seu país tem “excelentes relações” tanto com a Ucrânia quanto com a Rússia. Além disso, condenou o “uso da força” para resolver disputas e garantiu que o Marrocos respeita a “soberania e a integridade territorial dos países”. No entanto, durante décadas, o regime da Dinastia Aluita negou esses direitos à República Árabe Saharaui Democrática (RASD). E, pelo uso da força, obrigou o povo saharaui a sobreviver exilado nos campos de Tindouf (Argélia), nas cidades ocupadas e na zona libertada pela Frente Polisário. Os invasores marroquinos exibem um completo cinismo.

Contra alguns opressores sim, contra outros não

Por seu lado, o ministro ucraniano, Dymitró Kuleba, saudou a assinatura dos acordos, anunciou que o Marrocos vai ocupar o cargo de embaixador em Kiev e convidou Bourita a visitar a capital. Ainda fez referência à proposta marroquina de autonomia para os territórios invadidos pertencentes ao Saara Ocidental, contrária à autodeterminação. Concretamente, afirmou: trata-se de “uma base séria e credível para a solução do litígio”, esclareceu em apoio à invasão. É algo altamente contraditório quando a resistência ucraniana enfrenta a invasão russa nas áreas ocupadas ou sob fogo. O governo de Zelensky promove a aproximação com os opressores e o distanciamento com os povos que lutam.

Alinhados com o imperialismo ocidental

Parte de uma política condenável, Bourita e Kuleba elogiaram a ONU, órgão que, através da Missão das Nações Unidas para o Referendo no Saara Ocidental (MINURSO), consolidou a ocupação marroquina ao não avançar no Referendo pela autodeterminação que originou a pauta. A monarquia de Mohamed VI e o governo de Zelensky são imperialistas pró-ocidentais a serviço dos oligarcas. Por isso, alguns reprimem e outros tiram os direitos da classe trabalhadora em plena guerra, com o objetivo de garantir o lucro empresarial. Estão alinhados com as políticas do imperialismo ocidental.

Estamos com as lutas dos povos saharauis e ucranianos

Desde a Liga Internacional Socialista (LIS), promovemos a unidade dos trabalhadores e dos povos que lutam em todo o mundo. Somos solidários com as reivindicações do povo saharaui e dos jovens que se mobilizam pela retirada dos invasores, pelo reconhecimento do direito à autodeterminação e pelo respeito dos direitos humanos. Somos pela unidade dos povos africanos e árabes contra os inimigos. Na Ucrânia, apoiamos a resistência contra a invasão do imperialismo russo e a retirada das tropas invasoras. Para a Crimeia, defendemos um processo de autodeterminação efetivo, não o defendido pelo imperialismo russo. No mesmo nível, no Leste Europeu, rejeitamos a interferência do imperialismo ocidental e da OTAN, seu braço de guerra expansionista.

Pela independência política e organizativa

Os socialistas revolucionários defendem uma orientação de princípios junto aos trabalhadores e ao povo, com total independência dos governos, exploradores, opressores e suas representações políticas. Como bem disseram nossos camaradas da Liga Socialista Ucraniana: “Depois de nossa vitória sobre o inimigo externo, temos pela frente uma dura luta de classes contra o inimigo interno: a burguesia oligárquica ucraniana. E esta é precisamente a nossa luta e a nossa responsabilidade: a responsabilidade da classe trabalhadora ucraniana, e não dos ocupantes imperialistas russos”.

Pela estratégia socialista

No Leste Europeu, na África e em todo o mundo, o objetivo pelo qual nos organizamos é apoiar as lutas para derrotar o capitalismo e seus representantes, para que os trabalhadores e o povo possam governar. Com plenas liberdades democráticas e direitos sociais, sem exploradores, opressores ou burocratas, algo que só pode ser alcançado com um sistema socialista.