Nos últimos seis dias, houve o confronto mais significativo entre os palestinos e o exército de invasão israelense desde a guerra do Yom Kippur, em 1973. Desde o ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro, as forças sionistas desencadearam um feroz bombardeio em Gaza e estão preparando uma invasão terrestre que resultará num novo genocídio. Os povos do mundo não podem permanecer em silêncio, temos o dever de cercar o povo palestino com solidariedade e enfrentar as tentativas genocidas do Estado de Israel.
Apresentamos uma crônica dos principais eventos por relatos de correspondentes da Liga Internacional Socialista na região.
Sábado, 7 de outubro
Aproximadamente às 6h30, horário local, o Hamas lançou a “Operação Tempestade de Al-Aqsa”, disparando milhares de mísseis e ocupando Israel com grupos de comando em várias frentes. Após inúmeros confrontos com militares israelenses, policiais e colonos armados em Erez Crossing, Nahal Oz, Magen, Kibbutz Beeri, Kfar Azz e nas bases militares de Rehim e Ziiki, os combatentes se retiraram para Gaza com dezenas de reféns militares e civis.
O ataque pegou o Estado israelense desprevenido, criando uma crise em seu governo e nas forças armadas, abalando a imagem de invencível. O fato foi amplamente comemorado na Palestina e em todo o mundo árabe. Muitos jovens em Gaza se juntaram espontaneamente à operação para derrubar seções do infame muro que cerca toda a Faixa de Gaza.
O governo dos EUA e os líderes das potências mundiais imediatamente ficaram ao lado de Israel, prometendo qualquer ajuda necessária para acabar com o “terrorismo”.
Aproximadamente às 10h30, horário local, Israel iniciou seu contra-ataque, lançando ataques aéreos contra alvos civis em Gaza, incluindo hospitais, ambulâncias e ataques de artilharia contra o sul do Líbano. Pouco tempo depois, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o país estava “em guerra” e que os palestinos sofreriam um ataque sem precedentes na história.
O chefe do exército sionista anunciou bombardeios pesados e cinicamente pediu que a população civil abandonasse Gaza, sabendo que os mais de 2 milhões de habitantes não têm chance de romper o cerco israelense.
12 horas após o início do conflito, um porta-voz do exército israelense reconheceu que os combates continuavam em 22 cidades israelenses.
Na noite do mesmo dia, a Liga Internacional Socialista publicou sua declaração internacional sobre o conflito em inglês, árabe, francês, alemão, português, espanhol e árabe, afirmando a responsabilidade do sionismo e expressando completa solidariedade com a Palestina.
Domingo, 8 de outubro
Enquanto os combates continuavam, o gabinete de segurança de Israel aprovou o estado de guerra que Netanyahu havia prometido um dia antes, medidas como: o corte de eletricidade, água, mercadorias e combustível para Gaza.
Surgiram imagens mostrando as forças sionistas lançando bombas de fósforo branco em Gaza, uma arma química incendiária proibida por vários tratados internacionais.
A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA) afirmou que cerca de 74 mil palestinos em Gaza foram forçados a saírem de suas casas para salvarem suas vidas.
Os EUA anunciaram o envio de um porta-aviões para o leste do Mediterrâneo para apoiar Israel.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, declarou que “apoia a defesa legítima da nação palestina”.
Segunda-feira, 9 de outubro
O ministro da defesa de Israel ordenou um “cerco total” contra Gaza, mobilizando milhares de tropas e tanques em uma tentativa de recuperar o controle da fronteira, enquanto o ataque israelense à população palestina continuava. Declarou que “Não haverá eletricidade, nem comida, nem gás, tudo está fechado. Estamos lutando contra animais humanos e estamos agindo de acordo”, tentando justificar o genocídio que estão preparando.
Também anunciou a possibilidade de uma intervenção terrestre em Gaza, onde o Hamas ameaçou com a execução de reféns e transmissão ao vivo, se essa intervenção for adiante.
As autoridades militares israelenses reconheceram que o Hamas havia feito pelo menos 100 reféns.
Netanyahu fez outro discurso público no final da tarde, dizendo que Israel “ainda estava começando” sua ofensiva contra o Hamas. “O que faremos com nossos inimigos nos próximos dias terá impacto sobre eles por gerações”, afirmou Netanyahu.
O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, disse que Moscou não estava do lado palestino, expressando preocupação de que a situação representasse um “grande perigo para a região”.
O ataque israelense ao território libanês se intensificou. A agência da ONU para refugiados palestinos informou que seus abrigos de emergência estão com 90% da capacidade, com mais de 137 mil pessoas buscando abrigo.
Terça-feira, 10 de outubro
Os relatórios que anunciavam o fim dos combates terrestres foram desmentidos quando os militantes do Hamas se envolveram em combates perto do Kibbutz Mefalsim.
Durante a noite, os bombardeios mataram 2 membros do alto escalão do Hamas, o ministro das Finanças, Jawad Abu Shammala, e Zachariah Abu Maamar, membro sênior do escritório político do Hamas.
Alguns foguetes também foram disparados da Síria.
A Jordânia anunciou a abertura de suas bases para que os aviões dos EUA forneçam apoio militar a Israel contra a Palestina, tornando a Jordânia o primeiro país árabe a entrar na guerra ao lado dos Estados Unidos.
Relatórios de mortes, feridos e reféns são divulgados todos os dias; no final da terça-feira, a contagem, desde o início do conflito, chegou em 1.200 mortes israelenses e 950 palestinas, com vários milhares de feridos de cada lado e 150 reféns feitos pelo Hamas.
Quarta-feira, 11 de outubro
A única usina elétrica de Gaza ficou sem combustível, obrigando-a a se desligar. Apenas geradores abasteceriam o território, deixando muitos moradores em apagões.
Os EUA anunciaram que se reuniriam com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas (oposição ao Hamas), e com autoridades israelenses.
O número de pessoas expulsas ultrapassou 330 mil. Foram feitas acusações de massacres em diferentes kibutz e no lado palestino. O exército sionista convocou 300 mil reservistas.
Quinta-feira, 12 de outubro
Israel estendeu o conflito à Síria, bombardeando pistas de pouso dos aeroportos internacionais em Aleppo e Damasco, danificados e deixados fora de serviço.
A hashtag #Friday_AcrosstheBorder (#Sexta_CruzandoaFronteira) é uma tendência nas mídias sociais da Jordânia, seguindo os apelos de ir até à fronteira israelense na manhã seguinte em apoio ao povo palestino, sitiado na Faixa de Gaza.
O governo jordaniano proibiu manifestações na fronteira.
Os confrontos entre palestinos e as forças de ocupação israelenses se dissolveram pela Cisjordânia.
O exército sionista reconheceu que já havia lançado 4 mil toneladas de explosivos na Faixa de Gaza.
Reuters: A Grã-Bretanha enviará 2 navios de guerra para o Mediterrâneo e iniciará operações aéreas como parte de seu apoio militar a Israel.
AP: Os bombardeios israelenses derrubaram bairros inteiros em Gaza. Os mortos são mais de 1.400, 60% de mulheres e crianças.
O ministro das comunicações do governo israelense pediu demissão.
Porta-voz da ONU: O número de pessoas que foram pressionadas pelo exército israelense para se deslocarem ao sul da Faixa de Gaza é de 1,1 milhão de pessoas.
Com fortes bombardeios durante a noite contra a população de Gaza, o exército israelense informou às Nações Unidas para os residentes do norte da Faixa de Gaza saírem para o sul em 24 horas. O ultimato é cinicamente impossível, conforme foi reconhecido por vários meios de comunicação internacionais.
O exército israelense, que já está reunindo centenas de milhares de soldados, tanques e todo o seu poderio militar na fronteira de Gaza, aguarda a aprovação em nível político para iniciar uma invasão terrestre e perpetrar um novo genocídio.
Sexta-feira, 13 de outubro
Após avisar cinicamente que 1 milhão de habitantes da Cidade de Gaza evacuassem para o sul, o exército israelense atacou vários carros com civis que tentavam realizar a evacuação, matando 40 e ferindo 150.
Israel declara oficialmente que a Cisjordânia é uma zona militar fechada. São registrados confrontos em Jenin, Tulkarm, Hebron, Qalqilya, Nablus, Ramallah, Jericó e Belém.
As Brigadas Al-Qassam anunciam a morte de 13 prisioneiros, incluindo estrangeiros, no intenso bombardeio sionista nas províncias do norte e de Gaza durante as últimas 24 horas, sendo que 6 destes foram mortos na província do norte em 2 locais distintos e 7 na província de Gaza em 3 locais diferentes que foram atingidos pelo bárbaro bombardeio sionista.
Declaração emitida pelo Comando do Exército Libanês: Em 13/10/2023, o inimigo israelense, nos arredores da cidade de Alma al-Sha’b, teve como alvo uma torre de vigia desocupada do Exército Libanês, usada incidentalmente durante a implementação de missões e medidas de segurança, não causando baixas registradas entre as fileiras dos soldados.
As forças israelenses atacaram a equipe da Reuters em Alma Al-Shaab, no sul do Líbano, matando o fotógrafo do veículo, além o jornalista Issam Abdullah. Outra jornalista, vítima do ataque, Carmen Joukhadar, da AFP, teve sua perna amputada imediatamente após ser levada ao hospital.
O exército libanês responde com um bombardeio de artilharia contra as posições do exército israelense. Mais bombardeios israelenses em Aita al-Shaab, no sul do Líbano. Jovens explodem a cerca da fronteira entre o Líbano e os territórios ocupados.
A Human Rights Watch confirmou que Israel usou fósforo branco para bombardear o Líbano e Gaza.
As forças israelenses estão se preparando para a anunciada invasão terrestre, um genocídio consciente. O hospital Al Awda foi notificado para evacuar a praça do hospital e o ministro israelense das Comunicações, Shlomo Karei, informou: “Tomamos a decisão de parar de fornecer serviços de Internet para empresas de Internet na Faixa de Gaza a partir das 00:00 horas de 14/10/2023, e de proibir todos os tipos de serviços fornecidos por provedores israelenses de serviços de Internet em Gaza”.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, considerou toda a Faixa de Gaza responsável pelo ataque do Hamas, buscando justificar antecipadamente o genocídio que está se preparando. “Há uma nação inteira responsável. A afirmação de que os civis não estavam cientes ou informados do que iria acontecer é completamente falsa”, afirmou Herzog em uma coletiva de imprensa com a mídia estrangeira.
Mobilizações em massa em apoio à Palestina ocorreram no Iraque, na Jordânia e em outros países. Em todo o mundo, grande parte da população está realizando ações de solidariedade. As pessoas do mundo todo têm o dever de promover a mobilização internacional em apoio ao povo palestino e de acabar com o genocídio sionista.