Brasil: Moratória do Ouro, já!!! Nenhuma gota de sangue indígena na refinaria de ouro em Belém!

Por Coletivo Luta Ecossocialista

Considerando:

  • Que a concessão da Licença de Operação para a empresa North Star foi feita sem qualquer
    debate com a população de Belém, com os moradores do Tapanã, com a comunidade científica,
    com os povos indígenas, com os ativistas ambientais, nem sequer com a setorial nacional/estadual
    ecossocialista do PSOL;
  • Que uma publicação do The Intercept Brasil afirma que “em 2020, a justiça belga condenou Alain
    e Sylvain Goetz (…), por lavagem de dinheiro e fraude ao criar um mercado clandestino de ouro.
    Sylvain é investidor da nova refinaria do Pará, como mostram documentos da Junta Comercial do
    Pará obtidos pelo Intercept”.
  • Que, segundo a mesma reportagem, Sylvain Goetz detém 24,78% das ações da North Star, e
    outras duas empresas, com sede em paraísos fiscais, detém 69,63% (North Coast, com sede nas
    Bahamas) e 14,06% (Maison Prime, com sede em Dubai), além de uma terceira, Omex, que detém
    somente 0,54% mas teve “poder” para indicar o atual presidente da North Star (em sociedade com
    o ex-prefeito de Itaituba, Roselito Silva).
  • Que o representante da North Coast, um empresário surinamês, é ex-representante de empresa
    da família Goetz, e nessa condição, em 2018, participou de um encontro com o governador do
    estado do Pará à época, Simão Jatene, para tratar sobre a construção de uma refinaria de ouro no
    estado; que o representante da Maison Prime é um ex-funcionário de uma refinaria da família
    Goetz no Congo (AGR), acusada de envolvimento com grupos armados; que Roselito Silva foi
    cassado pelo TRE/PA, e teve empresas, da qual é sócio, acusadas de fraude em documentos para a
    compra de ouro ilegal, e de manter trabalhadores em situação análoga à escravidão; que essas
    estranhas relações poderiam indicar que as três empresas seriam apenas “laranjas” da empresa da
    família Goetz.
  • Que “o protocolo de fornecimento de ouro para a refinaria foi assinado com as empresas Serabi
  • Mineração S/A, Brazauro Recursos Minerais S/A (que posteriormente vendeu sua operação para a
  • canadense G Mining Ventures), BRI Mineração LTDA., Gana Gold Mineração S/A e Belo Sun Mineração
  • LTDA”, que esse protocolo foi assinado pel o governo Helder Barbalho , e que pelo menos duas, Gana Gold
  • e Belo Sun, estão envolvidas em investigações da Polícia Federal e em ações judiciais e extra-judiciais.
  • Que para ser extraído 700g de ouro do subsolo é necessário remover cerca de 2.000 toneladas de terra e
    rocha, e que para extrair os mesmos 700g de ouro é necessário 1 tonelada de lixo eletrônico, em média. E
    que o Brasil produz cerca de 1,5 milhão de tonelada de “lixo eletrônico”.
  • Que o Banco Central do Brasil possui 121 toneladas estocadas, sob a forma de barras de ouro (no mundo
    há cerca de 36 mil toneladas de ouro estocadas nos bancos centrais dos países). Que apenas 12% do ouro
    extraído no mundo é usado na indústria eletrônica (78% é usado na joalheria e em objetos de alto luxo).
  • E que a total fragilidade (ou inexistência) da fiscalização torna impossível afirmar que não será
    refinado em Belém ouro extraído ilegalmente de Terras Indígenas por organizações criminosas
    que atuam na região, e que provocam danos socioambientais irreversíveis, assassinatos de
    lideranças indígenas e ativistas ambientais, e afetam negativamente a saúde da população amazônida.

O coletivo Luta Ecossocialista apresenta à Candidatura Coletiva 50225 e ao mandato da
deputada federal Vivi Reis 5000 as seguintes propostas sobre a refinaria de ouro em construção
no bairro do Tapanã, em Belém
:

  • Requerer a imediata revogação da LO – Licença de Operação da North Star;
  • Elaborar projetos para readequar a estrutura e instalações do prédio da refinaria, para que seja
    destinado à extração de ouro, exclusivamente, via mineração urbana;
  • Elaborar projetos para coleta e reciclagem do chamado “lixo eletrônico”, privilegiando a parceria
    com cooperativas e catadores de material reciclável, para o fornecimento da “matéria prima”;
  • Elaborar projetos para capacitação de mão de obra, dando especial atenção à população do
    entorno da refinaria, objetivando a geração de empregos;
  • Estatização/municipalização do prédio em construção e pagamento de indenização ao antigo
    detentor da posse do terreno em que está sendo construída a refinaria;
  • Prefeitura deve assumir o controle/gestão da refinaria, elaborando projetos e viabilizando
    concurso público específico, objetivando a geração de empregos.

As candidaturas/mandatos se comprometem a coordenar ações, inclusive a nível institucional
(com Universidades, Prefeitura e demais órgão públicos), a fim de serem detalhadas, aprimoradas
e executadas as propostas iniciais aqui apresentadas.

Síntese da proposta:

  • revogação da licença de operação;
  • adequação para extração de ouro via mineração urbana;
  • parceria com cooperativas de catadores (lixo eletrônico);
  • capacitação de mão de obra;
  • estatização da refinaria;
  • prefeitura deve assumir o controle e realizar concurso público.

Belém, 24 de setembro de 2022
Coletivo LUTA ECOSSOCIALISTA