A Flotilha avança dando um exemplo de esforço coletivo que interpela os governos. Enquanto se prepara para zarpar da Tunísia para Gaza, dois de seus barcos são atacados por drones. Enquanto isso, o exército sionista ordenou novas evacuações na Faixa para continuar sua ofensiva criminosa. Cele Fierro integra a missão em representação da Liga Internacional Socialista (LIS), o que nos enche de orgulho internacionalista e reafirma nosso compromisso militante com a causa palestina. Chamamos a todos para apoiar a Flotilha e realizar ações para defendê-la, romper o bloqueio, denunciar o genocídio e a ocupação de Gaza.
Por Rubén Tzanoff
O mar impõe suas condições
O reagrupamento na Tunísia dos barcos que partiram de Barcelona em 31 de agosto ainda está por acontecer. Isso provocou o atraso da partida para Gaza, que estava marcada para 10 de setembro. Até o momento, a nova data de partida não foi confirmada.
Isso aconteceu porque as condições marítimas adversas do Mediterrâneo afetaram especialmente as embarcações menores, antigas ou com limitações técnicas de navegação.
Do alto mar, Cele nos transmitiu as experiências motivadas pelos atrasos:
“A demora na partida gerou uma certa preocupação e ansiedade por não estarmos navegando, mas também fortaleceu o grupo que, sem se conhecer antes, sem falar a mesma língua, soube se entender e se comprometer a fazer de tudo para que o barco zarpasse. E isso ficou demonstrado durante os oito dias que convivemos, dividindo as tarefas, limpando, cozinhando, acompanhando a tripulação, estando atentos ao que acontecia para divulgá-lo e denunciá-lo aos meios de comunicação”.
Superando problemas
Nem todos os barcos inscritos chegaram à Tunísia, alguns não conseguiram sair de Barcelona ou foram obrigados a ancorar nas Ilhas Baleares (Mallorca-Menorca).
Outros chegaram a Tunísia com atraso após sofrerem avarias. Um deles foi o Adara, que navegou das Baleares até a Tunísia rebocando o Catalina durante parte do trajeto, com um esforço extraordinário da tripulação e de todos os ativistas a bordo. Os barcos Oyster Lady, All In e Isobella mantiveram-se à tona próximos uns dos outros.
Do Adara, Cele nos contou: “Encontrar outros barcos em Menorca foi importante e rebocar outro barco em apuros demonstra a solidariedade deste grupo, mesmo que isso tenha retardado nossa viagem. A Flotilha tem um impacto crescente e isso deixa nervosos os genocidas de Israel, mas não nos assusta”.
A navegação da Flotilha continuará sendo determinada pelas variações climáticas, pelo estado das embarcações e, é claro, pelas decisões que forem tomadas diante das vicissitudes da realidade política.
Preparando-se para zarpar rumo a Gaza
Os barcos que chegaram primeiro à Tunísia ainda não partiram, enquanto os mais atrasados vão chegando a diferentes portos.
Da Tunísia, recebemos uma mensagem de Cele:
A cada problema resolvido, a cada onda superada e a cada etapa cumprida, as forças dos ativistas se renovam para seguir em frente. Será fundamental que os barcos se reagrupem para partir todos juntos em uma grande Flotilha rumo a Gaza.
Ameaças e dois ataques com drones
A frota deixa os sionistas nervosos. O ministro da Segurança ameaçou interceptar os barcos e prender os participantes em prisões israelenses para “terroristas” por longos períodos. O Family e o Alma foram atacados por drones enquanto estavam ancorados em águas tunisianas e, felizmente, nenhum companheiro ficou ferido.
Ofensiva criminosa para a ocupação total
Netanyahu e o Estado de Israel tentaram assassinar os negociadores do Hamas em Doha, capital do Catar, para que nem mesmo houvesse conversas e avançassem na ocupação de Gaza. Como prelúdio da ofensiva, na madrugada de terça-feira, 9 de setembro, emitiram uma ordem de evacuação aos palestinos do maior centro urbano da Faixa.
Esta realidade torna fundamental voltar a ganhar as ruas em massa, impulsionar a mais ampla unidade de ação na mobilização pelo cessar-fogo, contra o genocídio, a limpeza étnica e a ocupação total de Gaza.
Todos nós somos a Flotilha Global Sumud
Muitos dos problemas que os barcos enfrentam explicam-se pelo fato de não pertencerem a uma Esquadra Naval, uma Frota de Cruzeiros ou uma Regata de Veleiros com todos os recursos à sua disposição.
Trata-se de uma Flotilha Solidária, montada a partir de contribuições voluntárias e do esforço de milhares de ativistas, tanto a bordo como em terra.
A mensagem é clara: o esforço e a organização coletiva podem superar a inércia das autoridades e interpelar os governos.
Todos nós somos a Flotilha! Por isso repudiamos as ameaças e os ataques aos barcos, que devem ser investigados e punidos imediatamente. Exigimos que as autoridades da Tunísia assumam sua responsabilidade diante desses fatos e garantam a segurança dos passageiros em suas águas jurisdicionais.
A Flotilha que partiu para o mar gera um forte apelo à atenção do mundo, para que a barbárie não passe diante de nossos olhos como se nada tivesse acontecido. Em parte, ela já está conseguindo isso, pois é acompanhada diariamente por milhões de pessoas.

Rompam relações com Israel e protejam a Flotilha!
A simpatia pela Flotilha expressada por trabalhadores, estudantes, artistas, músicos, esportistas, representantes de coletivos políticos, sociais e de direitos humanos interpela os governos e os expõe diante de sua inação e hipocrisia.
Temos que multiplicar a exigência aos governos para que rompam imediatamente relações com Israel e ofereçam garantias de proteção à Flotilha.

Palestina livre do rio ao mar
Há governos da União Europeia que, como resultado da pressão popular, criticam ou tomam alguma medida parcial que afeta Israel, mas não dão o passo crítico da ruptura total. Ao mesmo tempo, deixam claro que o fazem com a estratégia de que haja “dois Estados”. É uma nova armadilha com uma política que já falhou e é utópica, o povo palestino não pode conviver com um vizinho que quer exterminá-lo.
Só se alcançará uma paz justa e duradoura derrotando o Estado de Israel, gendarme colonizador do imperialismo norte-americano, e instaurando uma Palestina única, laica, democrática, não racista e socialista, como parte da revolução socialista no Oriente Médio.
Convocamos a solidariedade à Flotilha
Os sionistas e seus cúmplices podem recorrer a notícias falsas, provocações e sabotagens para tentar confundir a opinião pública e intimidar os ativistas da missão.
E vem aí a parte mais longa, complicada e arriscada da missão. Por isso, chamamos as organizações, personalidades e ativistas pela Palestina a realizar atividades de todo tipo que cerquem a Flotilha de solidariedade, a acompanhar seu trajeto e a estar atentos aos acontecimentos.
Se o sionismo tentar impedir sua chegada, sequestrar embarcações, prender ou ferir algum de seus integrantes, a resposta deverá ser mobilizada, unificada e contundente, como as greves anunciadas pelos trabalhadores portuários de Gênova e Barcelona em caso de agressões.
Não deixemos nem por um minuto de divulgar a viagem da Flotilha, de nos mobilizar e realizar ações para quebrar o bloqueio, denunciar o genocídio e a ocupação de Gaza.







