Por JKNSF
A 22ª Convenção Central “Intifada Jammu Caxemira” da Federação Nacional de Estudantes de Jammu Caxemira (JKNSF) foi realizada no Estádio Sabir Shaheed, em Rawalakot, em 20 de setembro de 2025. Centenas de estudantes e jovens de diferentes regiões de Jammu Caxemira e Paquistão participaram da reunião.

Nos dias que antecederam a convenção, a administração e as autoridades estatais tentaram sabotar o evento, primeiro cancelando a reserva do espaço onde ele seria realizado e, em seguida, revogando a permissão oficial. No entanto, os camaradas e revolucionários da JKNSF permaneceram firmes e receberam mensagens de apoio de todo o mundo, incluindo várias seções da Liga Internacional Socialista (LIS), a Rede de Solidariedade com o Sul da Ásia e outras organizações de esquerda da Argentina, Brasil, França, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, Ucrânia e outros países. As seções internacionais da JKNSF e da Peoples Revolutionary Front anunciaram protestos em frente às embaixadas e consulados do Paquistão na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Com a coragem e o compromisso inabalável dos camaradas da JKNSF, apoiados pela solidariedade internacional, a administração foi forçada a permitir este evento histórico, que terá repercussões duradouras em todo o sul da Ásia. 

Em 20 de setembro, a convenção foi inaugurada com a chegada de caravanas de toda a região, seguida por uma concentração massiva sob a bandeira da “Caravana dos Estudantes” em solidariedade à Palestina e à Caxemira. Os participantes marcharam pela cidade, entoando slogans contra o imperialismo, a ocupação militar estrangeira e pelo direito à autodeterminação, bem como pelo estabelecimento de uma Federação Socialista voluntária da Ásia Meridional, Oriente Médio e além.

A manifestação convergiu para o estádio, onde a convenção central teve início formalmente. Os delegados e oradores enfatizaram que a ocupação imperialista da Palestina deve ser encerrada, que os palestinos devem ter seu direito à liberdade concedido e que o Estado israelense deve ser desmantelado. Eles condenaram a atual agressão israelense em Gaza, descrevendo-a como um genocídio sistemático realizado com o apoio dos Estados Unidos e apoiado pelas elites governantes de todo o mundo.

Entre os convidados para o evento estavam Khalil Babar (Presidente da JKNSF) e Sardar Sagheer Advocate (Presidente da JKLF). Imran Kamyana (Secretário Internacional PTUDC), Ilyas Khan Advocate (Organizador LRM), Gufran Ahad Advocate (Vice-presidente PTUDC), Jiand Baloch (Presidente BSO), Sajid Naeem (líder PRF), Rashid Naeem (Membro JK Joint Awami Action Committee), Awais Qarni (organizador do RSF), Islam Shafiq (líder do RSF da Universidade de Peshawar), Shamsher Khan Advocate (líder do Comitê de Ação), Abrar Latif (ex-Presidente da JKNSF), Anum Akhtar (líder da JKNSF) e Rashid Shiekh (ex-Presidente da JKNSF).

No que diz respeito à Caxemira, os oradores exigiram a retirada de todas as forças militares estrangeiras e o pleno reconhecimento do direito à autodeterminação, incluindo o direito à separação, para todas as regiões envolvidas no conflito. Eles também pediram a abolição do Acordo de Karachi e da Lei 74, e o estabelecimento de assembleias constituintes tanto em Jammu Caxemira quanto em Gilgit-Baltistão, com soberania sobre os recursos locais. Os participantes também se opuseram à recente portaria presidencial que amplia a jurisdição das forças federais na região e exigiram a retirada imediata dos Rangers e da Polícia Federal. Prometeram continuar a luta contra a brutalidade da exploração capitalista até a vitória final: o socialismo.

Durante a convenção, foi anunciado o novo gabinete central eleito da JKNSF. O ex-presidente central Khalil Babar prestou juramento. Badar Rafiq foi eleito novo presidente e Arsalan Shani secretário-geral. Outros cargos eleitos foram: Dr. Saad ul Hasan (primeiro vice-presidente), Danish Yaqoob (vice-presidente), Mujeeb Akbar (vice-secretário-geral), Faizan Aziz (vice-secretário), Ehsan Zakir (organizador-chefe), Aazan Ali (organizador-chefe adjunto), Adil Farooq (presidente do Conselho Financeiro), Ahmer Abrar (vice-presidente do Conselho Financeiro), Aliza Aslam (Presidente do Círculo de Estudos), Umair Khalid (Vice-presidente do Círculo de Estudos), Saima Batool (Presidente do Conselho de Publicidade), Mujeeb Khan (Porta-voz), Umair Khurshid (Editor Azam) e Maryam Shoaib (Responsável pela Célula de Mídias Sociais).

A primeira sessão da convenção foi presidida pelo Dr. Saad ul Hasan, enquanto a segunda foi conduzida pelo Secretário-Geral, Arsalan Shani.

Resoluções da 22ª Convenção Central “Intifada Jammu Caxemira”

Ao final das deliberações, Benish Kazim apresentou as resoluções, que foram aprovadas por unanimidade por todos os participantes. A convenção exige:

• Fim imediato dos bombardeios israelenses sobre Gaza e fim do bloqueio para permitir a chegada de ajuda humanitária. A “Frotilla Global Sumud”, composta por ativistas dos direitos humanos de todo o mundo, deve ser autorizada a chegar a Gaza sem obstáculos. Em caso de agressão ou interferência, a convenção comprometeu-se a apoiar ações de protesto em todo o mundo.
• Acabar com a comercialização da educação. Todas as instituições educacionais privadas devem ser nacionalizadas, um currículo científico uniforme e moderno deve ser introduzido e a educação gratuita em todos os níveis deve ser garantida.
• O levantamento imediato da proibição dos sindicatos estudantis e o anúncio de um calendário para as eleições dos sindicatos estudantis.
• Reconhecimento do direito dos trabalhadores de todos os níveis de formar sindicatos.
• Fornecimento de instalações básicas nas instituições educacionais, incluindo alojamentos públicos, transporte e acesso à Internet.
• Supressão do sistema semestral.
• Formação de comitês contra o assédio em todas as instituições com representação estudantil.
• Libertação incondicional de Ali Wazir, Mahrang Baloch, Yasin Malik e todos os ativistas políticos presos em Jammu Cachemira, Gilgit-Baltistão, Baluchistão, Paquistão, Sindh e Punjab, juntamente com a retirada dos processos políticos fabricados na sequência de movimentos de massas.
• Abertura de viagens através da linha de controle com base na norma estatal.
• Registro de todos os desempregados em nível estadual e provisão de emprego garantido ou subsídio de desemprego na falta de vagas.
• Fixação do salário mínimo mensal dos trabalhadores em 75.000 PKR.
• Regularização de todos os funcionários ad hoc.
• Proibição total do trabalho infantil.
• Reconhecimento dos direitos sindicais em todos os locais de trabalho e retirada de todas as políticas anti-trabalhistas.
• Eliminação da discriminação por motivo de sexo e provisão de igualdade de oportunidades para as mulheres em todos os níveis.
• Proibição da especulação com a saúde e prestação de tratamentos gratuitos, modernos e científicos a nível estadual.
• Proibição total do desmatamento e de outros projetos privados ou imperialistas que causam destruição ambiental, juntamente com a adoção de medidas sustentáveis do ponto de vista ambiental.
• Desenvolvimento de indústrias turísticas locais com participação comunitária e apoio estatal, juntamente com melhorias nas infraestruturas rodoviárias e outras instalações públicas.

Por último, a convenção reafirmou seu compromisso de dotar estudantes, jovens e trabalhadores das ideias do socialismo revolucionário, de construir uma direção política e revolucionária alternativa e de lutar até conseguir o direito incondicional à autodeterminação para todas as nacionalidades oprimidas relacionadas com a questão de Jammu Caxemira. A convenção comprometeu-se a continuar a luta pelo estabelecimento de uma Federação Socialista voluntária de Jammu Caxemira e do Sul da Ásia, e a unir-se aos trabalhadores e jovens de todo o mundo na luta pela emancipação e derrubada do sistema imperialista-capitalista.

No final, em seu discurso presidencial, Badar Rafiq agradeceu formalmente a todos os participantes e convidados deste evento histórico, bem como aos camaradas de todo o mundo que expressaram sua solidariedade com a JKNSF – especialmente à camarada Cele Fierro, da LIS-MST, cujas palavras de solidariedade da Flotilha Sumud foram uma importante fonte de inspiração. Ele, juntamente com seu gabinete, comprometeu-se a levar adiante a luta contra esse sistema bárbaro até o fim – por uma sociedade que possa realmente ser chamada de humana: o Socialismo.