A emancipação do capitalismo, que é um sistema mundial, requer de uma direção internacional que lidere a luta revolucionária do proletariado, que é uma classe mundial. Esta teoria básica do marxismo toma forma na internacional, como um partido mundial. Hoje em dia, a necessidade de construir uma internacional que seja a vanguarda revolucionária do proletariado ainda é o problema fundamental para os marxistas revolucionários resolverem. Por isso, é de urgência para o movimento marxista revolucionário internacional dar um passo até a construção de um partido mundial da classe trabalhadora para lutar pelo triunfo do socialismo revolucionário no mundo todo.
O sistema capitalista demonstra constantemente que não é capaz de superar a crise econômica, as guerras imperialistas e a crescente luta de classes. O sistema imperialista ataca os direitos dos trabalhadores, agita massacres étnicos e religiosos por todo o mundo, perpetra invasões, fortifica os partidos fascistas, abandona dos direitos democráticos, avança na destruição do meio ambiente do planeta e colocar no poder líderes sexistas, homofóbicos, nacionalistas, religiosos e autoritários para tentar superar sua crise e atual estagnação. Os últimos remanescentes de seu prestigio, como as tese da vitória do mercado e o liberalismo, o “fim da história” e o “fim da luta de classes” – declaradas como realidades indiscutíveis depois do colapso da URSS em 1991 – foram varridas pela crise de 2007-8, que se manifestou na explosão da bolha financeira estadunidense devido à fuga do capital produtivo em especulação devido à queda sustentada na taxa de lucro das grandes corporações.
Em uma Era em que a luta de classes está crescendo em todo o mundo, é vital que os marxistas revolucionários nos coloquemos à frente das lutas para direcionar a crescente raiva contra o sistema em direção a caminhos revolucionários. Isso só será possível com a construção de uma nova organização internacional dos socialistas revolucionários.
A crise capitalista traz oportunidades
Durante a crise de 2007-8 e sua propagação ao sul da Europa em 2010-2011, os Estados Unidos e a União Europeia socializaram as dívidas do capital financeiro para resgatar as empresas em falência. Adotaram uma política de baixas taxas de interesses e injetaram ao mercado 1,5 bilhões de dólares através da Reserva Federal e o Banco Central Europeu para se proteger dos efeitos da crise econômica. A exportação deste capital significou transferir a crise do centro para a periferia. O capital financeiro mundial buscava obter uma maior parte da mais-valia produzida nos países periféricos através de uma extraordinária onda de especulação. Desta vez, resultado foi afundar na crise países como a Argentina e a Turquia.
Por outra, nos países centrais as nuvens negras estão voltando a aparecer no horizonte da economia capitalista. Há onze anos da explosão da crise, sem tê-la resolvido, a nova crise financeira se aproxima. Cada vez mais e mais economistas burgueses admitem que está chegando uma nova crise, e advertem aos chefes do sistema capitalista imperialista. Esta estagnação do sistema capitalista, inevitavelmente, tem aguçado a luta de classes, e isso aumentará no futuro. Desde a crise de 2007-8, já houve lutas sociais decisivas em muitos países do mundo. Temos observado a escalada na luta de classes e grandes insurgências na Grécia, Egito, Tunísia, França, Espanha, Argentina, Brasil, África do Sul, Turquia, Irã, Nicarágua, Venezuela e muitos outros países. Crescem as greves nos Estados Unidos. A resistência do povo palestino contra o Estado sionista de Israel em continuado. O Brexit inglês ameaça derrubar a União Europeia. Desafortunadamente, não temos contado com uma organização marxista revolucionária internacional desenvolvida para poder intervir com força nestes conflitos sociais. Hoje, reverter isso é de suma importância, porque no próximo período as batalhas decisivas da luta de classes se expandirão e serão mais duras. Os trabalhadores explorados e a juventude que tem seu futuro roubado o futuro não aceitarão ser esmagados pelas engrenagens do sistema. Tampouco as mulheres vão suportar seguir sendo oprimidas e duplamente exploradas. A ira de todos eles, seus protestos e seus levantamentos são inevitáveis. Também se fortalecerá a tendência do capitalismo imperialista tentando esmagar estas resistências com a repressão e a opressão. Assistimos a um mundo cada vez mais polarizado. Surgirão novas oportunidades que teremos que aproveitar em busca da luta revolucionária do proletariado e para avançar na construção da direção revolucionária. Para tudo isso é vital a união das forças marxistas revolucionárias do mundo para liderar a crescente luta de classes no próximo período. A unidade socialista revolucionária da classe trabalhadora e a juventude também é uma necessidade para nós. A nova Organização que devemos construir deverá se formar ao redor de alguns pontos críticos:
- A unidade internacional buscará construir a frente única de resistência e ofensiva da classe trabalhadora sendo ativa nas frentes de defesa dos trabalhadores. Com o método do programa de transição, terá uma linha para conectar as lutas atuais com a revolução permanente.
- Contra a tendência dos governos burgueses ao autoritarismo, lutará para defender os direitos democráticos. Esta luta estará organizada com base na independência de classe.
- Participará fortemente nos movimentos da classe trabalhadora, a juventude, as mulheres e a dissidência sexual. Nestas lutas, a disputa pela direção destes movimentos de massas irá de mãos dadas com a construção de partidos leninistas.
- Lutará contra a intervenção e a ocupação imperialista, fortalecendo a luta anti-imperialista do proletariado e os setores populares. Contra as guerras étnico-religiosas impulsionadas pelos imperialistas, levantará o principio da unidade de classe e irmandade dos povos. Organizará a resistência contra o fascismo, o chauvinismo e todo tipo de fundamentalismo religioso.
- Enfrentará o campismo em todas suas variantes. Contra os governos e regimes nacionalistas ou com atritos com o imperialismo que aplicam medidas de ajuste e utilizam a repressão quando seus povos lhe quitam seu apoio e decidem enfrentá-los. Nestes processos impulsionamos o desenvolvimento da iniciativa independente da classe trabalhadora, tentamos romper a influência das forças burgueses reacionárias sobre o movimento e nos opomos a qualquer tipo de ingerência imperialista.
A unidade dos socialistas revolucionários deve distinguir-se da esquerda reformista, que não se vê a si mesma como coveira do sistema senão como enfermeira do mesmo, e também do centrismo, que oscila entre a revolução e a reforma. Também dos céticos e sectários, que onde conseguem certo peso obstaculizam o desenvolvimento da luta de classes e o avanço da direção revolucionária. Sem competir contra estas forças pela direção dos trabalhadores e a juventude, e finalmente derrotá-las, não será possível converter a crise capitalista em revolução social.
Outro ponto importante é o método para a construção da unidade internacional dos socialistas revolucionários. Este deve ser apropriado para o contexto revolucionário internacional. Esta construção não povo se realizar mediante um partido hegemônico com partidos subordinados em outros países. A experiência ao longo de muitos anos nos demonstrou isso. Tal método se apoia em uma base nacionalista contrária ao internacionalismo, que finalmente termina na dominação da perspectiva nacional. Além disso, este método alimenta o sectarismo e o territorialismo, divide e debilita a luta revolucionária do movimento marxista revolucionário. Por tanto, é necessário ter outro método para unir aos socialistas revolucionários. Ainda que venham de distintas tradições, os marxistas revolucionários do mundo devem se unir com base em certos princípios políticos e ideológicos que levem a unidade internacional. Projetar uma liga internacional sem nuances e discussões é um tipo de nacionalismo burocrático; não obedece a dialética nem a práxis revolucionária. No lugar de repetir as mesmas palavras, devemos nos basear na discussão fraternal, em políticas aprovadas na luta de classes, e em aprender com aqueles processos. A organização internacional que tenha princípios comuns em torno aos problemas concretos planteados pela luta de classes internacional e que construa ferramentas de luta com base nas demandas da luta de classes e campanhas internacionalistas para golpear como um só punho conseguirá avanços reais até a construção de um partido mundial.
Para fortalecer uma alternativa revolucionária
A mais recente evidencia de que os governados já não querem ser dominados como vem sendo, e que os que governam já não podem controlá-los, é o movimento dos coletes amarelos na França. Porém, como vemos nesta experiência, a direção revolucionária com peso de massas, que é a única que pode solucionar esta contradição, ainda não foi construída. O resultado da crise de direção da classe trabalhadora se demonstra no surgimento de partidos racistas, de extrema direita e demagogos populistas de direita em grande parte do mundo. A vitória de Bolsonaro no Brasil é o exemplo mais recente. Trump, Erdogan, Xi Jingpin, Putin, etc., são resultado da crise de direção do proletariado e uma burguesia acurralada.
A crise do capitalismo, em muitos casos, leva a um giro à esquerda das massas. Mas, pela crise da direção revolucionária, esta onda desperdiça sua força contra o dique da burocracia sindical, o populismo de esquerda e o neo-reformismo. Na França, por exemplo, o Partido Comunista francês, stalinista e reformista, junto aos líderes sindicais da CGT, inicialmente tentaram deslegitimar os coletes amarelos, depois recomendaram adiar as ações de luta e conseguiram manter as aparências realizando ações mínimas, apesar do pedido das bases trabalhadoras por uma greve geral. Um grande favor para Macron e a burguesia, sacudidos pelas ações dos coletes amarelos. O populista de esquerda Luc Mélanchon e sua organização França Insubmissa – que crescer graças ao giro à esquerda das massas – também tentou desacreditar os coletes amarelos, e só demonstraram seu apoio depois que o movimento tomou dimensões extraordinárias. Não surpreende que Le Pen tenha se fortalecido diante desta atitude do reformismo, a burocracia sindical e o populismo de esquerda, igualmente a toda a extrema direita da Europa.
Vale a pena exemplificar um pouco mais. Não há duvida que o vergonhoso desempenho do Die Linke na Alemanha, adaptado ao neoliberalismo, pavimente o caminho para a extrema direita da AfD. A italiana Rifondazione Comunista, que teve uma performance similar, deixou as ruas ao movimento populista de direita 5 Estrelas e a extrema direita da Aliança do Norte, A eurocomunista Syriza e seu líder Tsipras se transformaram nos salvadores da burguesia na Grécia. O governo do PT no Brasil fez possível a vitória de um personagem de extrema direita como Bolsonaro. O kirchnerismo é o responsável pela vitória de Macri. Na Venezuela o governo de Maduro alimenta a direita golpista e pró-imperialista. Na Índia, os stalinistas reformistas do CPI e CPI (M) deram terreno para o autoritário populista de direita, Modi, governar. Em todos estes exemplos, os partidos reformistas apoiaram políticas neoliberais, que consistem de privatizações e pacotes de ajusta social. A raiva e a frustração das massas trabalhadoras é o pontapé inicial da extrema direita diante da ausência de uma alternativa socialista revolucionária forte.
A experiência dos populismos, nacionalismos e reformismos da esquerda na América Latina também terminou terrivelmente. Todos os líderes destas experiências se afogaram na corrupção. Na Venezuela e na Nicarágua, a burocracia no poder apostou em se transformar em uma nova burguesia e converteram seus governos em autoritários e repressivos para defender seus privilégios e evitar serem esmagados pelas mesmas contradições que geram. No Brasil o PT governou junto com setores da grande burguesia e atuou ativamente na região para evitar que os levantamentos populares do início do século e os novos governos que surgiram saíssem dos limites do capitalismo. Na Argentina, o kirchnerismo – ala esquerda do burguês JP – atuou para evitar que o giro à esquerda que começou no Argentinaço de 2001 fosse capitalizado pela esquerda revolucionária. O que faz a Argentina deferente é que pese a mediação do kirchnerismo a organização da esquerda socialista revolucionária é importante e grande e as massas tem opções revolucionárias. Como resultado, a extrema direita e as tendências autoritárias não conseguiram se fortalecer, enquanto que que os socialistas revolucionários sim se fortaleceram, ainda que pelo ceticismo e o sectarismo do FIT com o resto da esquerda revolucionária todavia não se dado um salto qualitativo.
Nos Estados Unidos e Reino Unido, as massas de esquerda tenham como referencia líderes neo-reformistas como Sanders e Corbyn, pela insuficiência da esquerda revolucionária. Ainda que o reformismo não promete mudanças radicais, ao oferecer objetivos acessíveis, é atrativo para aqueles decepcionados pelas políticas neoliberais de anos. Por tanto é necessário prestar uma atenção especial ao entusiasmo da juventude para estes líderes reformistas já que depois de décadas, no coração do império, milhares de jovens estão se identificando com os ideais do socialismo. É preciso adotar táticas ante processos como estes para entrar em contato com as massas e acelerar a construção do socialismo revolucionário. É inaceitável que a vanguarda revolucionária se torne isolacionista, sectária e interprete dos processos. Mas, por outra parte, é necessário evitar atitudes que fortaleçam as ilusões que as massas depositam nos partidos e líderes reformistas. E é necessário dizer a verdade aos trabalhadores e a juventude, nunca confundir as bandeiras e nem esconder a crítica. Não surpreende observar que Sanders e Corbyn tenham se moderado, inclusive sendo oposição. Este giro à direita deve ser interpretado como uma espécie de preparação para tentar demonstrar aos líderes imperialistas que eles são figuras que podem conciliar com o sistema. Ao mesmo tempo, esta direitização provoca que setores da vanguarda façam rapidamente a experiência com eles e avancem para posições que os acercam à esquerda revolucionária, sempre que esta saiba dar-se uma política e orientação para eles.
Os efeitos do centrismo
Nossa estratégia principal é a construção de partidos leninistas. No caso do SU, a rejeição pela construção de partido bolcheviques e a adoção como estratégica da perspectiva de estabelecer partidos de massas com força reformistas, não é outra coisa que a adaptação ao reformismo. No processo de construir um partido leninista, a vanguarda revolucionária pode adotar a tática de se unir a estes partidos para entrar em contato com as massas de trabalhadores e a juventude, sem comprometer sua posição crítica por um instante. Mas gerar ilusões sobre esses partidos é um erro grave. Estes partidos tem um programa limitado e lutam por sua localização parlamentária. Por tanto, enquanto mais se aproximam de ser governo, mais se aproximam a se integrar ao sistema. Seus líderes apenas tentar se a ala esquerda da burguesia, e qualquer tentativa de ocultar isso significaria enganar a classe trabalhadora. Esta é a pura realidade, não sectarismo.
A principal tarefa da tradição trotskista é construir partidos leninistas revolucionários com peso de massas. Estes partidos asseguram a superação da influência da traidora aristocracia trabalhadora que prejudica a luta de classes, impulsionarão aos que lutam para garantir a continuação da mobilização revolucionária; liderará o caminho à formação de organismos de autogoverno de trabalhadores e finalmente a destruição do poder burguês. Aqueles que negam esta tarefa com a proclamação de uma “nova era”, colaboram com o desmonte da vanguarda dos trabalhadores.
Os conceitos de partido leninista, centralismo democrático, poder proletário, democracia dos trabalhadores, vanguarda revolucionária, etc., são repulsivos para os partidos que se reivindicam marxistas e que se adaptaram aos sistemas parlamentares burgueses. Esses movimentos se moderaram sob a hegemonia intelectual da democracia liberal, movendo-se para um nível de crítica aceitável para o sistema. A maior prova disso é o apoio político de algumas organizações que se dizem trotskistas ao governo do Syriza apesar de suas traições. Resumindo, no próximo período veremos a exacerbação da crise capitalista, a agressão imperialista e a luta de classes. Por isso, criar uma alternativa revolucionária internacional da classe trabalhadora é nossa tarefa revolucionária.
Não podemos aceitar que as únicas alternativas para a classe trabalhadora sejam os partidos reformistas e a burocracia sindical sob a dominação da aristocracia de trabalhadores. As consequências seriam desastrosas para o proletariado mundial. As formações centristas, ainda confusas, estão tremendo, junto com a burocracia reformista, são também uma rua sem saída para o proletariado.
Não se pode construir um partido leninista apenas de nível nacional. O internacionalismo proletário não é um princípio abstrato, mas uma luta real e uma solidariedade que tem surgido da própria luta de classes. Urge criar uma organização mundial de marxistas revolucionários para acelerar a luta de classes no mundo. O SEP (Partido Socialista dos Trabalhadores – Turquia) e os Anticapitalistas em Rede se encaminhas para a criação desta organização. Chamados as organizações e indivíduos socialistas que queiram ser parte da construção de uma nova organização internacional socialista revolucionária a nos contatar, para levantar a luta e a esperança por um futuro socialista.
Fevereiro de 2019