- A greve nacional de 28 de abril na Colômbia transformou-se em uma rebelião generalizada. O povo trabalhador, com a juventude na vanguarda, se levantou contra a Reforma Tributária de Iván Duque e impôs uma primeira grande derrota ao governo. Após cinco dias de grandes mobilizações e confrontos, Duque foi forçado a retirar a Reforma Tributária e renunciar a seu Ministro da Fazenda, mas o povo ainda está nas ruas exigindo mudanças fundamentais, a queda de todo o plano do governo e a renúncia do próprio Duque.
- A greve nacional de novembro de 2019 colocou a Colômbia em sintonia com as rebeliões e revoluções que abalaram a América Latina naquele ano. Embora a pandemia da Covid-19 tenha imposto uma pausa no processo, este não se encerrou. Hoje a mobilização é retomada e a Colômbia está na vanguarda do continente com o Chile, Equador, Bolívia, Peru e recentemente o Paraguai.
- Duque respondeu aos protestos do 28A com uma repressão brutal. O Esquadrão Móvel Anti-distúrbios (Esmad) e as forças paramilitares a serviço do governo não hesitaram em utilizar armas letais contra as manifestações. Até hoje, 27 manifestantes foram mortos e podem haver muitos mais. Há pelo menos 124 feridos e centenas presos. Mas a repressão não foi capaz de derrotar o povo mobilizado que ergueram bloqueios e barricadas dia após dia, superando a repressão brutal.
- O anúncio da retirada da Reforma Tributária e a renúncia do Ministro da Fazenda também não satisfez o povo em rebelião. Eles exigem a queda de todo o pacote de medidas que o governo Duque prometeu ao FMI, a OCDE e o Banco Mundial; e a renúncia de Iván Duque.
- Os bloqueios e barricadas em Cali, o epicentro dos protestos, impuseram uma paralisação de fato do transporte e da atividade econômica na cidade. Mobilizações maciças estão ocorrendo em Bogotá, Medellín e em toda a Colômbia. A pressão forçou as confederações sindicais que compõem o Comitê Nacional de Greve a solicitarem novas mobilizações.
- A oposição burguesa de direita – Mudança Radical – e as forças de centro-esquerda – Pacto Histórico de Gustavo Petros e Coalizão de Esperança de Sergio Fajardo – estão apostando no diálogo com Duque e na canalização do processo para as eleições presidenciais em 2022. A burocracia sindical que comanda o Comitê Nacional de Greve mantém a mobilização pela pressão popular, mas também aposta na negociação com o governo, não na queda do mesmo como a população exige.
- O Impulso Socialista, seção colombiana da Liga Internacional Socialista – LIS, apoia o avanço das mobilizações até a queda de Duque e a convocação de um Encontro Nacional de Greve onde os trabalhadores em luta e as Assembleias populares que estão se desenvolvendo nas diferentes regiões do país se reunirão para coordenar e promover a continuidade da mobilização, discutir um programa para resolver a crise econômica e de saúde e se constituir como uma alternativa de poder e governo.
- A Liga Internacional Socialista é solidária com o povo colombiano mobilizado; repudiamos a brutal repressão do governo Duque, exigimos uma investigação, julgamento independente e a punição dos responsáveis; somamos à exigência da queda do pacote do Duque e à renúncia de seu governo; apoiamos as propostas do Impulso Socialista pelo não pagamento da dívida externa, pela nacionalização dos bancos e do comércio exterior, a implementação de impostos progressivos sobre as grandes fortunas, a eliminação do IVA sobre a cesta básica alimentar, um aumento geral dos salários, uma renda básica para os desempregados e a necessidade de auto-organização democrática do povo trabalhador e dos setores em luta, na perspectiva de um governo das e dos trabalhadores.
- É necessário organizar a solidariedade internacional concreta. Desde a LIS, nos comprometemos a lançar imediatamente uma campanha de declarações, divulgação em redes sociais e ações nas embaixadas e consulados da Colômbia em cada país, em repúdio à repressão de Duque e em apoio ao povo colombiano e suas reivindicações.
4 de maio de 2021