Nos primeiros dias de dezembro, em Buenos Aires, Argentina, delegadas e delegados de cerca de 30 países dos cinco continentes darão vida ao Primeiro Congresso Mundial da LIS. O ato de abertura será na histórica Plaza de Mayo, onde convidaremos todas e todos para assistir em massa.
Por Alejandro Bodart
O Congresso acontecerá no momento onde a pandemia está lentamente começando a retroceder e um novo “normal” está abrindo caminho. Retomaremos o intenso ritmo da luta de classes anterior à pandemia ou passaremos por um período de relativa calma antes que novas rebeliões vigorosas dominem a situação mundial? Até que ponto a “nova guerra fria” avançará entre o decadente, embora ainda hegemônico, imperialismo estadunidense e a emergente potência capitalista chinesa? O movimento de massas no mundo gira à direita ou está social e politicamente polarizado abrindo novas possibilidades para o desenvolvimento da esquerda revolucionária? Quais serão as principais tendências da economia mundial a médio e longo prazo? É correto definir a situação mundial como pré-revolucionária, apesar dos elementos neutralizantes existentes? Esses serão alguns dos temas que abordaremos nos primeiros dias de nosso Primeiro Congresso.
A catástrofe socioambiental conduzida pelo sistema capitalista em sua fase de decomposição irreversível, a necessidade imperiosa de mudar a matriz energética e acabar com o modelo extrativista antes que seja tarde e, fundamentalmente, como alcançá-lo, com que programa e o tipo de organização necessária também será parte da agenda.
Também abordaremos, desde a perspectiva classista e socialista, a rebelião em curso das mulheres e dissidentes, a contraofensiva conservadora que está começando a ganhar força e o debate que existe dentro do movimento feminista com as correntes reformistas e as defensoras da nefasta política de identidade.
Um mundo em convulsão
Vamos equilibrar alguns dos principais processos da luta de classes dos últimos anos, começando pela rebelião negra nos Estados Unidos, as polêmicas que se desenvolvem dentro do DSA (Socialistas Democráticos da América) e qual a estratégia, que continuamos a acreditar, da revolução socialista como a única saída para evitar que a humanidade caia na barbárie.
Sobre a América Latina, analisaremos as enormes mudanças ocorridas a partir das rebeliões no Equador, Chile, Colômbia, Peru e também as fragilidades desses processos. As diferentes experiências de construção de alternativas existentes no continente, os rumos que o PSOL do Brasil está percorrendo e os avanços e complexidades da Frente de Esquerda na Argentina. Faremos um debate especial sobre a Venezuela, Nicarágua e Cuba, pois o que ocorre nesses países é acompanhado com atenção por um importante setor ativista e também campista de como as ações do imperialismo semeiam confusões que precisam ser respondidas.
Outra região do mundo que estará representada no Congresso e oriunda de confrontos de grande magnitude, é o Oriente Médio, onde os avanços e retrocessos da Primavera Árabe foram seguidos de rebeliões no Líbano, Irã, Iraque e um novo surto de luta heroica do povo palestino por sua libertação, o que nos obriga a desenvolver uma orientação que, tendo em conta as particularidades de cada país, nos permita atuar com uma política unificada em toda a região.
Na Europa, um dos debates mais importantes será o balanço das experiências que despertaram muitas expectativas frustradas, como o Syriza, o Podemos ou o NPA francês, que vem de crise em crise. No Leste Europeu, o processo mais importante dos últimos tempos foi a rebelião na Bielorrússia, cujo regime desencadeou atualmente uma repressão brutal contra as organizações operárias que estavam à frente e que necessitam da mais ampla solidariedade de classe a nível internacional.
Participarão também no nosso congresso, representantes do heroico povo do Saara Ocidental, numa luta implacável pela libertação da opressão marroquina e por sua autodeterminação. Poderemos analisar com profundidade o significado do triunfo do Talibã no Afeganistão a partir da intervenção de nossos camaradas paquistaneses, entre outros múltiplos processos.
Um novo momento
A LIS tem uma existência curta. Passaram-se pouco mais de dois anos desde que realizamos nossa Conferência de fundação em Barcelona, em 2019, e lançamos as bases para a nova organização. A pandemia nos obrigou a atrasar nosso Primeiro Congresso, inicialmente planejado para o ano passado.
Em muito pouco tempo nos espalhamos por novos países e participamos diretamente dos grandes eventos da luta de classes. Nossa proposta de unir os revolucionários com base em um programa de princípios e um método de atuação saudável, sem falsa hegemonia ou imposições de um partido sobre o outro e onde as diferenças podem ser processadas em um clima fraterno, nos permitiu estreitar os laços entre camaradas que vêm de diferentes tradições e intervêm em ações unificadas.
Este novo modelo de construção, que tenta começar a reverter a crise que atravessa o movimento revolucionário a nível internacional, é o que explica que a LIS, em pouco tempo, torna-se um pequeno, mas dinâmico, polo de referência.
Convidamos todas e todos os nossos militantes e apoiadores a participarem dos debates pré-congressuais, que socializaremos amplamente após para as e os lutadores do mundo.