Nicarágua nos convoca

Por Alternativa Anticapitalista / NicaráguaLiga Internacional Socialista

Há mais de 40 anos, a Nicarágua esteve no noticiário mundial por causa de uma enorme revolução popular que varreu a sinistra ditadura pró-Yankee encabeçada por Anastasio Somoza. Hoje, ela está de volta à agenda por causa da crescente repressão da ditadura capitalista-estalinista de Ortega-Murillo.
Há alguns dias, o atual regime realizou uma série de julgamentos farsescos contra 36 presos políticos considerados “altamente perigosos”, entre eles jovens líderes estudantis e líderes históricos da luta anti-somocista: Yader Parajón, Muhammar Vado, Lesther Alemán e Dora María Téllez, são algumas das dezenas de vítimas. Há alguns dias, foi divulgada a notícia da morte do ex-general Hugo Torres, herói da revolução contra Somoza, preso aos 73 anos por Ortega-Murillo, em condições de isolamento e tortura. O “crime” de todos eles era fazer parte da rebelião de abril de 2018 contra um pacote brutal de medidas de ajuste ditadas pelo FMI ou criticar os ultrajes do governo capitalista e repressivo instalado na Nicarágua.
A situação no país, com dezenas de presos políticos, sem liberdades tão básicas para o povo como o direito de reunião, protesto, imprensa e opinião, é de tal gravidade que, combinada com a crise social e econômica e a pobreza da maioria de seu povo, constitui um panorama desesperador.

Ao mesmo tempo, não podemos deixar de denunciar os “cantos de sereia” da falsa oposição ao regime, que tem os grandes empresários como verdadeiros animadores, incentivando as expectativas de intervenção imperialista dos EUA, da OEA ou outras variantes que nada têm a oferecer ao povo nicaraguense. É o mesmo setor que promoveu a política de “falso diálogo” após o dia 18 de abril, e contribuiu para a desmobilização que deu a Ortega-Murillo tempo para retomar a iniciativa e derrotar a rebelião. E assim que o governo atual propuser um “retorno ao diálogo”, ele o aceitará sem nenhuma outra condição além de não ver suas negociações comerciais afetadas.
Portanto, consideramos fundamental a criação de um Movimento Internacional para a Liberdade de Todos os Prisioneiros Políticos na Nicarágua, diante de um projeto político que usurpa descaradamente as bandeiras da esquerda e do socialismo. Ortega-Murillo e seu grupo expressam o oposto direto das causas pelas quais os verdadeiros socialistas e revolucionários do mundo estão lutando.
Já existem iniciativas como a formação de uma Comissão Internacional para verificar as condições de saúde dos presos políticos do regime. Apoiamos esta proposta, a acrescentamos à nossa proposta e apelamos a todas as organizações de trabalhadores, estudantes e populares para que façam nossa esta causa urgente para a Nicarágua. Vamos promover ações nas embaixadas e consulados, vamos preparar dias internacionais de conscientização e uma grande semana em abril por volta do dia 18 desse mês para marcar o 4º aniversário da rebelião anti-FMI de 2018.

15/02/22