Compartilhamos a carta de entrada do camarada Bruno Meirinho para Alternativa Socialista – LIS, Brasil. Bruno é militante no PSOL desde sua fundação. É advogado e militante do movimento popular, tendo iniciado no Núcleo de Movimento Popular do PSOL Curitiba e, depois, no Movimento Popular por Moradia do Paraná (MPM-PR). Foi por duas vezes candidato a prefeito de Curitiba (em 2008 e 2012) pelo PSOL em coligações da Frente de Esquerda, com o PCB e o PSTU. No PSOL, fez parte da corrente C-SOL até 2013 e do Coletivo Rosa Zumbi, quando integrou a Comissão de Ética do Diretório Nacional do PSOL, até 2019. Depois dessa data, permaneceu independente.
É com grande satisfação que recebemos um camarada com uma importante tradição de luta e organização revolucionária, uma referência da esquerda paranaense e com quem compartilhamos a decisão de construir um partido revolucionário e internacionalista no Brasil.
Em defesa do PSOL, construir a Alternativa Socialista
A democracia eleitoral é uma conquista popular da maior importância, e nunca foi obtida sem luta. Defender a vigência de um sistema democrático deve ser bandeira dos socialistas, ainda que saibamos que a democracia eleitoral seja incapaz de modificar substancialmente o sistema.
Diante da falta de expectativas, setores da esquerda acreditam, de forma equivocada, que a defesa da democracia eleitoral exige a nossa adaptação, ainda que transitória, aos modelos da hegemonia burguesa. Correm em busca de alianças com a direita, ansiosos pelas mais amplas frentes para derrotar um inimigo comum.
Mas a política da negação não faz história, despolitiza.
É necessário afirmar um programa, e promover alianças que não diluam os socialistas em ambientes de hegemonia burguesa que dissipam toda diferenciação de classe, com retrocessos nas consciências.
Sob a inspiração de Plínio de Arruda Sampaio, sigo convencido da “política de maratona”. Correr com intensidade, ciente do longo caminho. Aqueles que buscam atalhos ou tentam encurtar o percurso, enfraquecem o programa socialista.
Conquistar o cotidiano, tornar-nos onipresentes, essa é a tarefa dos socialistas. Construir a militância desde as comunidades, na base territorial do movimento popular, é um modo de corrermos a maratona da história. Com esse compromisso, eu conheci a Alternativa Socialista – Liga Internacional Socialista, corrente que constrói o PSOL.
As conjunturas mais difíceis são aquelas que mais testam a tenacidade da militância. A força com que a AS/LIS ostenta o programa, sem, contudo, se render ao sectarismo, é um convite para a construção do socialismo.
O PSOL é o mais valioso instrumento de aliança para a afirmação do socialismo no Brasil. Nesse partido, um amplo espectro de tradições socialistas se reúnem sob pautas unitárias.
É verdade que a conjuntura da necessária derrota do bolsonarismo colocou o PSOL à prova como nunca antes. A maioria do partido optou pela via da unidade eleitoral com aqueles que não merecem a nossa confiança.
Desse modo, os socialistas abdicam espontaneamente de um direito da democracia eleitoral, e se colocam na clandestinidade. Esperam conter por dentro da aliança a sede da burguesia, e estabelecer laços que assegurem a defesa da democracia. Desperdiçam um momento único e deixam de afirmar o programa que realmente poderia representar a classe trabalhadora.
Mas o momento é de tolerância. O PSOL se restabelecerá, e chegará à maioridade com a experiência de que as divergências internas não são maiores do que os consensos. Essa convicção, que também vejo na AS/LIS consolida os elementos definidores de uma política de longo prazo: a) a defesa do socialismo revolucionário; b) a construção cotidiana desde as bases do movimento popular; e c) a defesa do PSOL.
Do mesmo modo, a construção da Liga Internacional Socialista revela a disposição de formar um ambiente de unidade de lutas anticoloniais em busca da solidariedade entre os povos e da revolução socialista. As posições políticas construídas de forma viva, sem dogmas, representam uma excelente novidade.
Com esses pontos, manifesto meu desejo de me somar à AS/LIS! Viva a luta dos trabalhadores! Viva a revolução socialista!
Curitiba, 3 de agosto de 2022
Bruno Meirinho.