Por Comitê Central da Revolução Socialista-PSOL. LIS, Brasil.
Nos dias 10, 11 e 12 de janeiro aconteceu a Conferência de Unificação das correntes Alternativa Socialista e Luta Socialista, tendências internas do PSOL e seções da Liga Internacional Socialista, a LIS.
O Ato de Abertura, realizado na FETQUIM (Federação dos Trabalhadores Químicos), na cidade de São Paulo, contou com a presença dos e das delegadas para nossa Conferência vindos dos Estados de Pará, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
Recebemos vídeos com saudações internacionalistas de nossos camaradas da LIS de diferentes países como Ucrânia, Bielorrússia, Líbano, Quênia, Reino Unido, Estado Espanhol, França, Nicarágua, Argentina, Chile, Venezuela, Paraguai e que foram reproduzidas no início do ato. Glauber Braga, Deputado Federal do PSOL, também fez chegar sua saudação, lamentando não poder estar presente desta vez. Tomaram a palavra lideranças sociais e sindicais da Pastoral Operária de SP, do Sindicato dos Químicos de SJC, da diretoria do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e professores. Como assim também dirigentes da esquerda, companheiros do MRT, GOI e os camaradas do PSOL, Israel Dutra e Frederico Henriques da direção do MES e João Machado da Comuna. O ato foi encerrado com as falas de Verónica O’Kelly e Douglas Diniz, pela Direção Nacional de Revolução Socialista, e Alejandro Bodart pelo Secretariado Internacional e o Movimento Socialista de Trabalhadores (MST) da Argentina.
O caminho da unificação iniciou há tempos por uma confluência fundamental, todos e todas entendemos que hoje, mais do que nunca, sem a existência de um forte partido revolucionário, a conquista do poder pelos explorados e a construção do socialismo, a revolução socialista, é inimaginável. Essa é nossa estrategia, nosso principal desafio e hoje estamos mais fortes para encará-lo.
Internacionalismo, o único caminho para a revolução
A LIS foi o ponto de encontro inicial. Este recente projeto internacional que recupera a história e a tradição do internacionalismo revolucionário de Marx, Engels, Lenin e Trotsky, nos uniu. Na LIS, uma das principais definições é justamente a procura constante de confluências que unificam as e os revolucionários. Sem desconhecer as diferenças que existem na esquerda revolucionária, a tarefa é que as convergências resultem na construção de uma direção revolucionária no mundo.
Diferente de outras correntes internacionais, vemos um mundo repleto de lutas, levantes, rebeliões e revoluções de povos que respondem aos ataques dos governos capitalistas. O surgimento das extremas direitas que se postulam e disputam setores mais ou menos importantes em cada lugar, é um fenômeno da polarização social que se aprofunda na etapa atual. A crise sistêmica do capitalismo tensiona o cenário, deixando pouca margem aos governos burgueses que precisam aplicar suas agendas de ajustes e austeridade, indo contra as conquistas da classe trabalhadora e do povo pobre. As massas rejeitam esses governos e vão contra suas instituições e toda essa farsa da democracia burguesa, porque estes são seus inimigos, até aqueles que com discursos progressistas tentam confundir e disciplinar a raiva dos povos que se levantam. É assim que emergem extremas direitas num polo, e ascenso da mobilização no outro.
É por isso que hoje, mais do que nunca, a revolução socialista é uma necessidade e construir partido revolucionário, como a ferramenta a ser utilizada, é uma urgência.
No Brasil, não temos ilusões no governo da Frente Ampla
A derrota eleitoral de Bolsonaro foi uma conquista das maiorias exploradas e oprimidas do Brasil. Mas sabemos bem que a oportunidade de derrotar de vez esse projeto de extrema direita nos grandes Atos Fora Bolsonaro em 2021, foi empurrada para a via eleitoral. Essa oportunidade foi freada pela traição do PT, Lula e toda a esquerda da ordem que canalizaram a mobilização contra o governo genocida para a institucionalidade. Ou seja, disciplinaram a mobilização, única alternativa real para derrotar a extrema direita, e fortaleceram as instituições do regime democrático burgues com a política “Lula 2022”.
Não alimentamos ilusões no atual governo, o governo Lula-Alckmin não é nosso governo e sim dos empresários que tentarão, mais cedo que tarde, aplicar a agenda de desmontes e contrarreformas impopulares pendentes. Não temos, nem semeamos, expectativas na vontade política desse governo em resolver os verdadeiros problemas que sofremos as e os trabalhadores, as mulheres, as diversidades lgbtqia+, o povo negro, os povos indígenas, as juventudes. É por isso que chamamos a todas, todos e todes aqueles que querem defender suas conquistas e lutar por mais direitos a dar essa batalha juntos e construir uma verdadeira alternativa política de esquerda e socialista.
Lutar por um PSOL independente
A Revolução Socialista continuará defendendo o projeto fundacional do Partido Socialismo e Liberdade, partido que construímos. Nossa unificação se coloca a serviço do fortalecimento da esquerda radical que confronta o liquidacionismo do projeto fundacional pela direção majoritária do PSOL. A unificação de nossas correntes é também uma aposta para interromper esse processo e recuperar o PSOL para a luta anticapitalista, com independência de classe e um programa socialista.
Sabemos que não estamos sozinhos. Sabemos que há mais companheiros e companheiras, organizadas em correntes ou militando de forma independente que não concordam com o caminho destrutivo que adotou a direção majoritária. É a estes e estas que nos dirigimos e dizemos que ainda há tempo, ainda podemos evitar a liquidação do PSOL, precisamos unificar nossas forças e bater como um punho antes que seja tarde demais.
Conheça a Revolução Socialista!
Nasce uma ferramenta a serviço de construir a revolução e o socialismo. Nosso projeto se inicia procurando superar os erros sectários que infelizmente atrasam e provocam muita desilusão na vanguarda de esquerda, assim como os erros oportunistas que levam organizações ao inerte caminho da institucionalidade burguesa, das eleições e do parlamentarismo como um fim em si. O que fazemos é apenas o início de uma unidade que pode ser maior, que pode crescer e se fortalecer enquanto sejamos capazes de nos abrir a trabalhar com diversidade, democracia e firmeza nos princípios do socialismo revolucionário e internacionalista. Vem conosco construir a Revolução Socialista!