Por Sergio García
Não é segredo para ninguém que o início de 2023 nos trouxe uma continuidade de crise política, econômica e social, agora aliada à disputa político-eleitoral que as forças do regime capitalista impõem na agenda política promovida por seus meios de comunicação afins, em ambos os casos.
Da esquerda anticapitalista e socialista, organizados na FIT-U, somos um importante polo político e social e procuramos disputar, em todos os campos de luta política e social, contra os partidos do sistema e seus agentes sindicais, universidades, escolas e bairros populares. Também nas lutas socioambientais e de gênero. Tudo o que fazemos no dia a dia poderia ser muito mais forte se a FIT-U assumisse o desafio de se transformar em uma força política comum, de correntes internas organizadas, que construísse a unidade nas lutas, avançar além de uma frente eleitoral.
Temos feito esse debate desde o MST e continuamos nesse objetivo. Quando chegam períodos, como agora, de forte disputa eleitoral, intervimos plenamente sem perder de vista o horizonte estratégico de que tudo o que fazemos, inclusive a participação nas eleições, é pautado em ganhar mais peso e visibilidade política, para fortalecer a esquerda nas lutas que se avizinham e pela luta política por um governo operário e pelo socialismo.
Os acordos alcançados e o andamento do MST na FIT-U
Num ano que apoiaremos e construiremos diferentes lutas operárias e populares, também seremos ativos nos debates na FIT-U sobre a formação das listas provinciais e os primeiros debates rumo às eleições nacionais. No caso de várias províncias, felizmente, já acertamos listas comuns em La Pampa, Neuquén, Río Negro, San Juan, e um acordo também está bem avançado em La Rioja e na cidade de Trelew.
Em todas elas, de uma forma ou de outra, nosso partido consegue avanços importantes. Não sem mediar fortes debates em alguns casos, a tentativa de não reconhecer os avanços anteriores que havíamos alcançado, ou ter que aceitar em lugares algo menos do que realmente nos corresponde, como na lista de legisladores de Neuquén, da qual também fazemos parte da rotação.
Somadas essas cinco províncias, mais a cidade de Trelew em Chubut, o MST avança em sua posição política, lançando candidatos a governadores de San Juan e La Rioja e encabeçando os cargos de deputado de La Pampa, vereador de Neuquén, deputado de Río Negro, vereadores de Bariloche e vereadores de Trelew. Também chefiamos a prefeitura da capital de La Rioja, a lista de vereadores da capital de San Juan e outros municípios dessa província. Ou seja, mesmo com debates e com algumas contradições e concessões feitas em prol da unidade, também conseguimos avançar na realidade que existe nessas províncias e cidades.
Os próximos debates
Outro lote de províncias começa a ser debatido na FIT-U. Por ser um partido nacional e enraizado, o MST participa de quase todas as eleições provinciais que serão realizadas. Colocamos toda essa força política e militante para fortalecer nossa frente. Claro que, para isso, estamos lutando para superar algumas das visões mais fechadas ou sectárias que existem na FIT-U e dificultam a construção de listas comuns.
Se há um desafio, levando em conta o último problema, é o caso de Salta, onde estamos diante de uma situação que beira o grotesco. Ali, os camaradas do PO pretendem iniciar o debate com duas irrealidades: ignorar a vitória do MST na PASO 2021 e também banir o único vereador de esquerda em toda a província. Tal posição é logicamente liquidadora da FIT-U. Esperamos que os camaradas reflitam profundamente sobre ambas as questões.
De nossa parte, lutamos por uma lista comum de toda a FIT-U em Salta, que nos fortaleça como um todo para enfrentar os partidos patronais, defender as posições conquistadas em cada lugar, incluindo o combativo Orán e partir para novos deputados e vereadores de esquerda na província. Há condições de visibilidade política para todos os associados, mas é preciso partir do reconhecimento da realidade que emerge da combinação dos resultados da PASO 2021 com a atual militância e extensão social, além de deixar de lado qualquer tentativa antidemocrática de interdição das e dos combatentes de esquerda.
Junto com Salta, começaram os debates também em Mendoza e Jujuy. No primeiro caso, temos que ver se há condições para um acordo em uma província muito dinâmica onde o MST vem avançando e pode ser hoje a segunda força na linha de frente, com a obtenção de mais de 30% dos votos nas eleições ada PASO anterior. Província onde haverá a PASO e, na falta de acordo, está garantida a unidade da FIT-U nas eleições gerais. No caso de Jujuy, onde a FIT-U acaba de realizar uma grande eleição em 2021 obtendo um deputado nacional, o companheiro Vilca, pretende-se defender esse espaço político e partir para novas conquistas no legislativo, nos conselhos e nas eleições de constituintes. O nosso partido que atua solidamente desde o concelho de Palpalá com Betina Rivero e apoiado no desenvolvimento do nosso trabalho militante, também na Capital e noutras cidades do interior, dará sua melhor contribuição para a luta política que se aproxima, elevando a importância da visibilidade de nossas ideias e referentes nas listas a serem formadas.
A FIT-U, rumo ao debate nacional
Com tudo isso, uma lista comum continua sendo debatida em Tucumán, e em breve começarão os debates em outras províncias muito importantes como Córdoba, com nossa companheira Luciana Echevarría e Santa Fe com Jime Sosa, entre outras eleições que acontecerão. Levaremos nossas propostas e pré-candidaturas a cada um desses locais. Em cada caso continuaremos a debater se retornam posições que pretendem ignorar a nossa realidade política em cada província, e com propostas claras lutaremos por listas unitárias em todos os casos onde for possível.
Ao mesmo tempo, o cenário para as eleições presidenciais está em andamento. Já existe uma disputa sobre a magnitude da crise atual há poucos meses para o PASO. Não é por acaso que os debates também estão começando dentro da FIT-U e que há três candidaturas presidenciais lançadas dos três principais partidos da frente. É lógico que, pelos acordos e também pela existência de diferenças, saiam diferentes pré-candidaturas, perfis e ideias. No nosso caso, nos orgulhamos de colocar em debate na militância, na vanguarda e nos milhares de trabalhadores e jovens eleitores de esquerda a fórmula Cele Fierro, presidente, e Alejandro Bodart, vice. Proposta a qual também nos dirigimos a milhares de pessoas desiludidas com o governo nacional.
Vamos continuar nestes meses a promover nossa candidaturas e ideias. Como divulgamos, estamos abertos a discutir a possibilidade de um acordo nacional. Em breve entraremos neste debate e faremos o maior esforço conjunto. Se não for possível uma lista comum, há a PASO para que os trabalhadores decidam e depois vamos todos juntos às eleições gerais. Sabendo, como já expressamos dentro da FIT-U, que as condições para um acordo existem se começarmos por deixar de lado posições hegemônicas, buscando equilíbrios entre a fórmula presidencial, as principais candidaturas de Buenos Aires e CABA, mais a realidade eleitoral e de força e extensão militante em toda a AMBA. Com tudo isso, surge a possibilidade de tornar visíveis as melhores candidaturas na frente, a única forma ampliar o nosso alcance a milhões e não rebaixar a FIT-U. Esse é o desafio.