França: em Nanterre, a Polícia continua matando!

Em repúdio ao assassinato do jovem Nahel M. pela polícia francesa, reproduzimos o comunicado do agrupamento revolucionário do Novo Partido Anticapitalista (NPA), onde militam nossos camaradas da LIS França [1].

Às 8h da terça-feira, 27 de junho, um jovem de 17 anos foi morto a tiros por 2 policiais na viatura em Nanterre. Em vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ouvir 2 policiais de moto ordenando ao condutor abrir a porta do carro, enquanto um dos policiais aponta a pistola na cabeça do condutor e grita: “Abra ou te meto uma bala na cabeça!”. Na sequência, o carro avança e o policial atira à queima-roupa no jovem, mesmo não correndo nenhum risco com o veículo. Mais uma vez, a polícia assassinou um jovem do subúrbio, de origem norte-africana, sob o pretexto de “resistência à prisão”.

Não foi um “acidente”

A polícia alega “legítima defesa”, o carro teria batido nos policiais, o que o vídeo nega. A extrema direita, fiel aliada desse sistema, soma suas ideias racistas às mentiras policiais, qualificando a vítima como criminoso por ser de um bairro popular…

Essas imagens seriam inimagináveis ​​em bairros dos ricos. O racismo e o ódio contra os pobres e trabalhadores são frequentes na polícia, que trava uma verdadeira guerra contra os pobres dos bairros populares. Seus “erros” e “acidentes” são resultados das arbitrariedades e da violência policial que mata trabalhadores e pobres, geralmente jovens, negros e norte-africanos.

O número de vítimas de policiais aumentou desde a Lei de 2017 que facilitou o uso de armas de fogo em caso de desobediência. A polícia de Macron e Darmanin acham que podem fazer qualquer coisa, até mesmo matar!

Foi instaurado um inquérito por “homicídio voluntário cometido por uma autoridade pública” e encaminhada ao IGPN [2]. Uma polícia famosa por sua inércia… e sua determinação em encobrir seus agentes. Em 2022, apenas 5 das 13 mortes por “desobediência” resultaram em acusações policiais. As outras foram dispensadas. O que podemos esperar da justiça quando os crimes policiais contra Adama Traoré, Lamine Dieng, Ibrahima Bah e muitos outros ficaram impunes?

Sem justiça, não há paz

Os confrontos explodiram durante na mesma noite, primeiro em Nanterre e nos bairros operários vizinhos de Suresnes, Gennevilliers, Colombes e Asnières, e depois em outras cidades como Mantes-la-Jolie, Aulnay-sous-Bois, Bordeaux e Roubaix.

A revolta é legítima e deve ser ampliada e aprofundada. É um setor do povo trabalhador, um de seus setores mais precários, que está no centro da resposta. Macron e seus ministros pedem “calma”, mas não dizem uma palavra sobre a violência diária contra os jovens nos bairros. Ao contrário, a polícia responde à raiva com prisões e espancamentos, e Darmanin envia reforços de gendarmes.

O NPA não pede calma: sem justiça, não há paz. Precisamos expressar nossa legítima raiva pela verdade e pela justiça, contra os policiais que matam, contra seus mandantes do governo e contra todos aqueles que alimentam o ódio racista.

Apesar de toda a conversa sobre o “republicanismo”, o papel da polícia é a repressão. A repressão aos movimentos sociais ampliada nos últimos anos, sob as ordens de Hollande, Valls, Cazeneuve, Macron e Darmanin. Repressão aos Coletes Amarelos, ao movimento operário que lutaram contra a Reforma da Previdência, aos grevistas da Verbaudet, aos movimentos ambientalistas e de migrantes…

O NPA convoca todas as manifestações organizadas para denunciar este novo assassinato. Convida os trabalhadores e a juventude a se reunirem em seus locais de trabalho, estudo e bairros para decidir como responder com essa raiva legítima e se opor aos responsáveis ​​por essa repressão cada vez mais violenta a serviço de uma ordem social desigual.

28 de junho de 2023


[1] https://nouveaupartianticapitaliste.fr/communique-du-npa-a-nanterre-la-police-tue-toujours/

[2] Inspeção-Geral da Polícia Nacional.