Por Alternativa Socialista – Peru
Esquentando os motores
Após as imensas mobilizações do início do ano, talvez agora se perceba uma certa sensação de estabilidade do governo Boluarte, porém a situação no país continua piorando. Agora é a dengue, com infecções e mortes, que expõe a insensibilidade e incapacidade do capitalismo peruano de atender as necessidades da população. A nova epidemia é devastadora, principalmente no norte do país, onde os números de centenas de mortos por dengue são alarmantes. Aqui, mais uma vez, o sistema público de saúde, subfinanciado e em crise pelas políticas dos ajustes neoliberais, mostra seus limites, enquanto as farmácias e clínicas privadas, protegidas pela Constituição de 1993, priorizam o lucro do grande capital, buscando o máximo de lucro.
E enquanto a popularidade de Boluarte continua caindo, a presidenta descarada desafia “Quantas mortes mais esperam os que falam em mobilizações para julho?”, enfrentando inúmeras denúncias em organizações internacionais contra o governo pelas mais de 60 mortes, inúmeras detenções ilegais, algumas ainda encarceradas. Assim, em 3 de maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou em relatório que as forças repressivas do Estado peruano haviam realizado execuções extrajudiciais ao assassinar violentamente manifestantes. A CIDH descreve o ocorrido como um massacre contra os manifestantes, especialmente nas regiões de Ayacucho e Puno. Em seguida, destacou que a situação do Governo só se deteriora e, apesar das deserções, continua se mantendo apenas nos setores mais reacionários de extrema direita. O repúdio ao governo também se estende massivamente ao próprio Congresso, instituição quase unanimemente considerada “um covil de bandidos”, principais apoiadores do atual modelo de miséria e repressão.
É neste cenário que inúmeras organizações sociais, coletivos cidadãos e até a CGTP, anunciaram o retorno às ruas em julho, mês das comemorações da Independência do Peru. Nos últimos dias já aconteceram inúmeras reuniões e mobilizações que preparam uma nova “tomada de Lima”, com o objetivo de superar as debilidades das mobilizações de janeiro e fevereiro, de coordenação e incorporação de setores que estiveram à margem das lutas contra o governo Boluarte.
Enquanto os partidos do sistema se preparam para uma hipotética eleição antecipada, a própria centro-esquerda e os falsos progressistas, liderados por Verónica Mendoza, viajam ao exterior em busca de apoio para suas hipotéticas candidaturas. Nós da Alternativa Socialista entendemos que só os trabalhadores organizados podem retomar a luta contra este governo e derrubá-lo.
Construiremos todas as instâncias democráticas onde a população organizada decida sobre tudo e caminhe para uma nova sociedade, que não pode ser outra senão um Governo das organizações operárias, populares, estudantis e dos povos originários, que convoque uma Assembleia Constituinte livre e soberana para destruir de vez o regime de 1993.