Por Verónica O’Kelly
O 5º Congresso da CSP-Conlutas abre debates sobre a organização sindical necessária em um momento de crise capitalista mundial, com governos pressionados a implementar e manter uma constante contrarrevolução contra a classe trabalhadora, e um Brasil governado por Lula, encabeçando um novo governo de frente ampla com partidos e setores burgueses, com a direita e o “centrão”, antigos aliados do governo Bolsonaro.
Esse Congresso deixa um resultado contraditório. Mesmo com acordos políticos importantes, a direção majoritária da CSP-Conlutas, nas mãos do PSTU, reafirma um método equivocado aos setores do sindicalismo classista e combativo que buscam uma central sindical para se organizar. A hegemonia imposta por uma direção que se recusa a incorporar a diversidade existente nas organizações sindicais e sociais de nossa classe, enfraquece a central e é principal responsável pela saída de importantes sindicatos e setores.
Análises políticas com muita convergência
Durante os três dias do congresso, foram realizados debates sobre a situação mundial, nacional e a luta de classes. Existe muita unidade quando se trata de analisar e caracterizar a atual crise capitalista e a importância de enfrentar os projetos e governos progressistas ou de centro-esquerda que permanecem na órbita do capital e da burguesia.
Um debate importante, que também expressou muito acordo político, foi sobre a guerra na Ucrânia que, mesmo com nuances, a maioria dos presentes se declarou contra a invasão russa e a favor do fortalecimento do apoio e da solidariedade ao povo ucraniano, nenhuma confiança na OTAN e denunciando seu papel imperialista no Leste Europeu.
Houve também um acordo unânime em declarar apoio à Frente de Esquerda e de Trabalhadores – Unidade (FIT-U) na Argentina. Pela da direção nacional da Revolução Socialista, seção da LIS no Brasil, foi feito um destaque do voto na resolução aprovada, marcando a importância de apoiar a FIT-U não somente nas eleições, presente na resolução votada, mas também contribuir para fortalecer essa importante ferramenta de organização das e dos revolucionários para atuar na luta de classes e incorporar mais setores, com um método democrático que expresse a diversidade política presente.
Uma delegação de companheiros do sindicalismo combativo da Ucrânia esteve presente, além de delegações de diferentes países, entre eles Guillermo Pacagnini, de nossa seção argentina da LIS, dirigente nacional da ANCLA (Agrupamento Nacional Classista e Antiburocrático) e do MST (Movimento Socialista de Trabalhadores) na FIT-U.
Um método equivocado que enfraquece a CSP-Conlutas
Os acordos políticos são fundamentais, mas insuficientes se quisermos fortalecer uma ferramenta para organizar as bases da classe trabalhadora no Brasil. A direção majoritária da central, nas mãos do PSTU, pratica um método antidemocrático que dificulta a construção e crescimento da Central. O sindicalismo combativo que se organiza em sindicatos, agrupamentos ou correntes, busca espaços onde possa opinar e decidir sem ser atropelado por uma direção monolítica incapaz de incorporar a diversidade política. Justamente por isso, foge de centrais burocráticas como a CUT, a CTB, etc.
Foi assim que nasceu a CSP-Conlutas, como uma alternativa às burocracias sindicais governistas e patronais. Mas, após anos, essa ferramenta que tentou superar a experiência das velhas estruturas sindicais, reproduz vários de seus métodos burocráticos, provocando a saída de importantes sindicatos e setores, como o ANDES, o grande sindicato nacional dos professores universitários. O PSTU atua, de forma irresponsável, como uma direção monolítica, recusando-se a trabalhar e a incorporar opiniões diferentes. Impõe a política do PSTU ao conjunto da central, agindo como se fosse colateral e impedindo a troca de ideias e a elaboração coletiva. Isso afasta os lutadores, ativistas ou líderes que buscam se organizar para lutar contra os patrões e a burocracia sindical. Dessa forma, a CSP-Conlutas se enfraquece qualitativamente no momento em que mais se precisa de um forte polo de reagrupamento do sindicalismo classista.
Importante presença da Unidos Pra Lutar, reafirmando-se como a segunda força da central sindical
Com um grande esforço militante de camaradas que viajaram milhares de quilômetros, a corrente sindical Unidos Pra Lutar, que a Revolução Socialista é parte, esteve presente com mais de 100 delegados e ativistas.
Realizamos debates e fizemos todos os esforços para fortalecer a central como ferramenta de luta e democrática. Com camaradas de diferentes sindicatos e organizações, elaboramos um manifesto contra a decisão unilateral, de última hora, de reformar o estatuto da central para manter o controle do PSTU. Apresentamos nossa chapa para a eleição da nova direção, ratificando como segunda força da central, depois do PSTU, e acima dos agrupamentos sindicais da CST, MRT e POR. Para encerrar nossa participação, realizamos uma grande plenária com a presença de toda a delegação, onde aprovamos um plano de ação para o próximo período. Saímos muito fortalecidos para continuar lutando por um sindicalismo classista, militante e antiburocrático, capaz de organizar as importantes lutas que temos à frente.