Por Guillermo Pacagnini
Nos dias 12, 13 e 14 de setembro, em São José dos Campos, São Paulo, Brasil, aconteceu o 5º Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, formada por organizações e sindicatos combativos.
Com dirigentes sindicais de diferentes países, uma delegação das correntes sindicais Unidos Pra Lutar (Brasil) e ANCLA (Agrupación Nacional Clasista Antiburocrática – Argentina) participou dos debates, juntamente aos camaradas da Revolução Socialista (Brasil) e do MST (Argentina), seções da LIS. Foram aprovadas resoluções em apoio a vários processos de luta e um manifesto que compartilhamos aqui.
O que é a Rede?
A Rede foi formada em março de 2013 sob acordos e práticas sindicais comuns das centrais sindicais Solidaires (França), CGT (Espanha) e CSP-Conlutas (Brasil). A Rede percebeu necessidade de unificar as lutas dos trabalhadores, populares e sociais, em geral, contra os ataques dos governos e patrões em todo o mundo, construindo ações sindicais militantes e internacionalistas, fortalecendo os laços de solidariedade internacional. A Rede tem se manifestado a favor do fortalecimento do sindicalismo anticapitalista, democrático, ambientalista, independente dos patrões e governos. A cada dois anos, a Rede realiza reuniões internacionais e atualiza um manifesto construído coletivamente por cerca de 200 organizações e movimentos sindicais aderentes. Várias campanhas de solidariedade foram realizadas ao longo dos anos.
Participantes e temas da reunião
Participaram deste 5º Encontro delegações da Ucrânia, Polônia, França, Espanha, Inglaterra, EUA, Angola, Guiné, Botsuana, Togo, Itália, Costa Rica, Equador, Chile, Argentina e Brasil.
O Encontro iniciou com uma mesa sobre Meio Ambiente e luta ecológica, com vários aspectos da depredação do planeta, os denominadores comuns e as particularidades de cada região. Com nossa delegação, contribuímos com uma perspectiva anticapitalista e socialista.
Foram feitos informes por países e, em seguida, comissões setoriais de saúde, educação, transporte, indústria e outros setores do movimento sindical, que também produziram informes de cada debate.
Um momento importante foi o debate sobre a Ucrânia, aberto pela representação dos trabalhadores daquele país, com uma grande coincidência em redobrar a solidariedade ao povo que está resistindo à invasão do imperialismo russo.
No último dia do encontro, aconteceram reuniões temáticas sobre: repressão ao movimento operário e popular, a luta contra a extrema direita, as lutas das mulheres trabalhadoras, o racismo e as migrações e as reformas previdenciárias em curso.
Na plenária final, foram aprovadas resoluções de apoio às várias lutas contra a criminalização dos protestos sociais e pela solidariedade ao povo ucraniano.
Também foi aprovada uma agenda de reuniões virtuais para dar continuidade à rede, convidando outros setores a se juntarem e organizarem a próxima reunião geral na Itália.
A confraternização com líderes sindicais militantes de regiões tão diversas, em tempos de crise capitalista e de graves ataques à nossa classe foi, sem dúvida, muito valiosa para a necessidade de ampliar e aprofundar esses laços internacionalistas e fortalecer a luta organizada.
Manifesto do 5º Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas
Representantes de diferentes organizações sindicais e populares presentes no 5º Encontro da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas reafirmam os manifestos dos encontros anteriores e os princípios que nos unem:
1) Defesa dos direitos da classe trabalhadora contra a exploração capitalista com a precarização, terceirização, uberização, etc.
2) Sindicalismo combativo e democrático dos trabalhadores. Sindicalismo pela mudança social e pela revolução.
3) Independência da classe trabalhadora a todos os governos e patrões.
4) Contra os planos de austeridade dos governos a serviço do capital.
5) Oposição a todas as formas de opressão: sexismo, racismo, lgbtqi+fobia, xenofobia e capacitismo.
6) Oposição à destruição do meio ambiente. Em defesa da vida;
7) Contra o colonialismo e o neocolonialismo em todo o mundo.
8) Defesa da auto-organização, autogestão, autodefesa e outras formas de poder da classe trabalhadora.
9) Luta contra a ultradireita. Luta pelas liberdades democráticas e contra a repressão.
10) Contra a criminalização das lutas.
11) Fim da corrida armamentista imperialista! Não à guerra!
12) Solidariedade internacional.
Nesses últimos dez anos, desde a fundação na Reunião de Paris em 2013, a Rede se tornou um ponto de apoio às lutas dos trabalhadores em todo o mundo, unindo diferentes culturas e tradições de trabalhadores e sindicatos.
Um exemplo foi a solidariedade internacional que a Rede, com seus sindicatos e organizações, realizou nas grandes lutas que ocorreram no último ano: a luta contra a reforma da previdência na França e na Espanha; as greves por melhores salários no Reino Unido e na Venezuela; a campanha de ajudar aos trabalhadores na Ucrânia; a defesa dos trabalhadores migrantes e refugiados; os protestos dos povos indígenas na Argentina, no Chile, no Brasil e no Equador; a resistência palestina, saharaui, zapatista e curda; a luta das mulheres iranianas; a luta pelo direito à água na França, no Uruguai e no México; e muitas outras lutas dos trabalhadores em todo o mundo.
Reafirmamos nossa vontade coletiva de fortalecer a Rede e a solidariedade internacional. Para isso, conclamamos as organizações sindicais e populares militantes que concordam com esses princípios a se unirem à Rede para lutar por um mundo livre de toda opressão e exploração.
São José dos Campos, 12 de setembro de 2023.