Haiti: “um teto destelhado até pode proteger do sol, mas nunca da chuva”

Em 1994, o imperialismo estadunidense e o exército haitiano, criado sob medida para reprimir o povo haitiano, usaram o acontecimento do golpe de Estado de 30 de setembro de 1991, a violência absurda de grupos paramilitares e esquadrões da morte, em particular a FRAPH, criada pela CIA, além de um embargo econômico sanguinário ao Haiti, para justificar uma nova intervenção militar sob o pretexto da falaciosa “restauração da democracia”…

Em 2023, a ideia de uma nova intervenção militar no Haiti está sendo recolocada. A intervenção de 1994 tinha o objetivo de implementar, executar e fortalecer o plano neoliberal em todo seu rigor. Mas esse golpe militar, com sua principal finalidade, a implementação do plano neoliberal, não mudou em nada a situação desastrosa marcada por um extremo empobrecimento que, ano após ano, atinge as massas populares e trabalhadoras nas periferias das grandes cidades e nas áreas rurais do país.

Em 2023, cerca de 30 anos depois, o poder político foi assumido e dominado de forma estranha e absolutamente ilegal pelo PHTK, apoiado por certas embaixadas estrangeiras sob o rótulo de “Grupo Central”, controlado essencialmente pelo mais poderoso entre estes, os EUA. Para piorar a situação, os ianques acabaram de impor um novo embargo ao país para sufocar ainda mais sua economia: o de “Francisque”… Um produto estratégico de exportação. Isso sem falar na proliferação de grupos terroristas armados que esse mesmo poder político (o PHTK e seus aliados internos e externos) decidiu agrupar para maior eficiência no processo de intimidação das massas populares, a fim de reprimi-las de forma eficaz…

A nova intervenção militar planejada pelos EUA e adotada por seus lacaios em Porto Príncipe e em outros lugares não terão outro objetivo nessa conjuntura política a não ser tentar prolongar mais uma vez a vida do sistema, da desigualdade terrível e a exploração flagrante em um país ameaçado constantemente de morte. De extinção, na verdade.

O povo haitiano, em permanente rebelião, não terá outra escolha a não ser continuar a se levantar, insurgindo-se para sempre, a fim de satisfazer suas legítimas pautas de bem-estar coletivo, de liberdade integral e de mais democracia para todos os haitianos.

A. Os detentores do poder no Haiti e seus guardiões internacionais se encontram em um impasse visível e quase intransponível. O sistema de exploração semifeudal e neocolonial está perdendo força e o povo haitiano não pretende mais tolerar as resoluções de conforto que lhe são impostas a cada passo político.

B. O povo haitiano já se deu conta de que novamente uma intervenção militar planejada pelos países “Amigos do Haiti”, com os Estados Unidos na liderança, continua a aplicar sua influência prejudicial sobre o desenvolvimento e a condução das atividades políticas no país, o que levará, a curto ou médio prazo, a outra catástrofe. Contra isso, o povo haitiano deve se preparar e se organizar.

Nós, membros e ativistas que assinam esta nota, declaramos que:

1. As constantes intervenções militares no país não constituem um remédio que possa ajudar o povo haitiano a enfrentar os principais desafios da fome crônica, das desigualdades e injustiças socioeconômicas desumanas que gradualmente estão destruindo o tecido social haitiano.

2. A política das embaixadas estrangeiras no país, em especial as agrupadas sob o rótulo político neocolonial do “Grupo Central”, cria muito mais danos sociopolíticos ao país e dificulta ainda mais uma solução amigável que envolva os diferentes estratos sociais envolvidos na reconstrução do país.

3. A grande maioria do povo haitiano exige em alto e bom som o surgimento de novos líderes sociopolíticos à frente de novas instituições públicas, onde a boa governança a serviço e em benefício da maioria constituirá o verdadeiro impulsionador.

4. O povo haitiano está lutando pelo pleno respeito aos seus direitos, o que, sem dúvida, pode levar à construção de uma nova sociedade capaz de desenvolver mecanismos para reduzir ou eliminar as crises cíclicas que absorvem a vida política e construir a estabilidade, um equilíbrio e um senso de segurança nas relações sociais e políticas, condição para uma coexistência integral, sustentável e pacífica.

5. Comprometemo-nos com todas as nossas forças a uma luta permanente ao lado do heroico povo haitiano, reconhecido como campeão na luta pela liberdade integral de todos os povos oprimidos do planeta Terra, pela conquista definitiva de seus direitos inalienáveis à autonomia e soberania para eleger e designar seus líderes.

6. Lançamos um solene apelo à solidariedade ativa de todos os povos irmãos do Caribe, das três Américas e dos países da África – nossa alma mater – para que se juntem ao povo haitiano nesta grande cruzada pela reconquista de seus direitos à autodeterminação, ao autogoverno, ao controle total das riquezas da pátria e ao fim da opressão secular para que, assim, seja alcançado o bem-estar coletivo.

  1. Konbit Fanm/ ROZO, Nancy Marie DELCY
  2. Fòs Nasyonal pou Demokrasi (FND), ex diputado Serge Jean Louis
  3. INYON NASYONAL NÒMALYEN AYISYEN (UNNOH), Prof. Josue Merilien
  4. Asosiyasyon Ayisyano/ Dominikèn pou yon lòt Zile, Michel A Leandre
  5. LIG ETIDYAN SOSYALIS (LES), Patricia Marie Alcide
  6. Mouvman Rezistans Kafou Fèy, Fanel Jean Cyr
  7. Inisyativ Patriyòt Maryen, Ex Député Hugues Celestin
  8. RENOUVO DEMOKRATIK (RED), Yves Pierre
  9. RENOUVO DEMOKRATIK/AYITI – LWÈS ( RED/RDL), Dominique G. Antoine
  10. REZO ÒGANIZASYON ZÒN LWÈS ( ROZO), Mirtha Elie
  11. SENDIKA NASYONAL PLANTÈ YO (SNP), Eugène Dominique
  12. Brigade Capois La mort/Nord ( BCL), Dorlus P Bertrand
  13. Men nan Men/ France, Yves Descarte
  14. Òganizasyon Peyizan Boukan Kare ( OPBK), Josiane Dolcima
  15. Altènativ Sid/ ALBA(AS/ALBA), Rodrigues Santos
  16. Sendika Pwofesè Sen Raphaël, Noël P. Dorlus
  17. Asosiyasyon Monitè Alfa Pòtoprens yo ( AMAP), Bredy Alix
  18. Komite Rezistans Klod Anri René, Bien Aimé Lurcas
  19. Rezo Enfòmasyon pou Libète (REL), Lucnie Desroches.

Citoyennes / Citoyens engagés :

Evelyne Schiluno – Magda Joseph – Yves Mensier – Yolande Laferrière – Jean Émile

Fayedi.

Pour authentification :

RENOUVO DEMOKRATIK (RED), Yves PIERRE.

REZO ÒGANIZASYON ZÒN LWÈS (ROZO), Mirtha Elie

INISYATIV PATRIYÒT MARYEN (IPAM), Député Hugues Celestin

FÒS NASYONAL POU DEMOKRASI (FND), Député Serge Jean Louis

UNION NATIONAL NORMALIEN HAITIEN ( UNNOH), Prof. Josue MERILIEN.

Porto Príncipe, 2/10/2023