A nova ofensiva sionista, com ataques e ordens de evacuação sobre a Cisjordânia e Gaza, pretende completar a limpeza étnica e a colonização de toda a Palestina. Os bombardeios ao Catar e outros países vizinhos evidenciam uma agressão sem limites que inclusive se manifestou com drones na Tunísia, contra a Global Sumud Flotilla. A pressão popular forçou reações tímidas na UE e na Espanha, mas apenas a mobilização internacional pode deter o genocídio e romper o bloqueio humanitário. A Liga Internacional Socialista (LIS) convoca a multiplicar as ações contra a ocupação da Palestina e em defesa da Flotilha.

Por Rubén Tzanoff

Ataque no Catar com aval imperialista

Em 9 de setembro, diversas explosões atingiram Doha, capital do Catar, durante conversas de cessar-fogo. Os ataques israelenses, executados com o aval do imperialismo norte-americano, mataram pelo menos seis pessoas e danificaram edifícios residenciais, violando a soberania do país. Os dirigentes negociadores do Hamas conseguiram sobreviver.

A operação foi apresentada como um “ataque de precisão” contra supostos “terroristas”, mas na realidade buscava sabotar as negociações em curso e aterrorizar a população palestina para reforçar o cerco contra Gaza.

Colonização e expulsão: a estratégia israelense para a Palestina

O exército de Israel ordenou a evacuação de toda a cidade de Gaza — desde a Cidade Antiga e Tuffah até a costa — por meio de panfletos lançados de aviões, instruindo a população a se dirigir a uma suposta “zona humanitária” em Al-Mawasi, perto de Khan Yunis.

Essa faixa destinada como refúgio já está superlotada e não garante a sobrevivência dos deslocados.

O Estado de Israel está executando uma fase da já anunciada “Operação Gideon”, com a mobilização de cerca de 60.000 reservistas, preparando assim uma ocupação ampliada.

As agressões incluem a Cisjordânia. Lá, realizam ataques contínuos em cidades, vilarejos e campos de refugiados como Jenin, Tulkarem, Nablus e Nur al-Shams. Nessas operações, destroem infraestruturas, detêm e assassinam civis e provocam deslocamentos forçados. Pela primeira vez em 20 anos, voltaram a usar tanques em Jenin e multiplicaram os pontos de controle para uma presença militar prolongada.

A soma de limpeza étnica, genocídio, controle e ocupação territorial alimenta o projeto político sionista “Grande Israel” e de apagar do mapa a Palestina e sua população.


Você também pode se interessar por: “Israel busca o controle total de Gaza e da Cisjordânia” 


Rompam relações com Israel!

Em 11 de setembro, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, propôs suspender vantagens comerciais a Israel, congelar pagamentos bilaterais e sancionar colonos violentos e ministros extremistas. Embora o Parlamento Europeu tenha apoiado a proposta, ela depende de acordos políticos que as burguesias europeias costumam bloquear para proteger seus interesses econômicos.

As decisões do imperialismo e das burguesias europeias mostram mais medo da pressão popular em seus países do que um compromisso real com a Palestina.

Mobilização solidária e saída de fundo

As manifestações massivas obrigaram as potências a se pronunciar. São as ruas cheias de bandeiras palestinas, as greves estudantis e os boicotes que arrancam as tímidas sanções dos governos capitalistas.

Mas essas medidas são hipócritas porque não rompem relações com Israel e são formuladas a serviço da estratégia da falsa saída dos “dois Estados”, que durante décadas serviu para consolidar a colonização.

A única opção para alcançar uma paz justa e duradoura é derrotar o Estado de Israel e seus cúmplices e instaurar uma Palestina única, laica, democrática, antirracista e socialista. É um objetivo que só pode ser alcançado com a revolução socialista dos povos do Oriente Médio contra os dirigentes traidores, burgueses monárquicos e fundamentalistas islâmicos, para que os trabalhadores possam governar.

Denunciar a ocupação e defender a Flotilha

Diante da barbárie da ocupação total da Palestina e da fome como ferramenta de guerra, a Global Sumud Flotilla simboliza mais uma demonstração de solidariedade internacional: Israel tenta criminalizá-la para justificar um possível ataque aos barcos e o posterior encarceramento de seus integrantes por “períodos prolongados”.

Os recentes ataques com drones e as falsas acusações de “apoio ao terrorismo” contra quem se solidariza, evidenciam que o regime fascista-sionista teme a visibilidade que a Flotilha dá aos crimes do Estado de Israel contra o povo palestino.

Chamado da LIS

Da Liga Internacional Socialista, convocamos a multiplicar as ações solidárias com o povo palestino e com a Flotilha. Se Israel atacar os barcos, ferir ou encarcerar seus tripulantes, a resposta deve ser imediata e contundente: com manifestações e concentrações diante de embaixadas e consulados. Com greves de trabalhadores e estudantes e com boicote aos interesses econômicos sionistas.

A ampla divulgação nas redes também é muito importante, já que nelas o sionismo, a extrema-direita e seus cúmplices atuam sistematicamente com agressões e mentiras contra o povo palestino e as pessoas solidárias.

Só a mobilização internacional das trabalhadoras e trabalhadores e dos povos pode frear os criminosos sionistas. A Global Sumud Flotilla não está sozinha: somos milhões de pessoas em sua defesa.


Você também pode se interessar por: “Rumo a Gaza II: Com a Flotilha na Tunísia e dois barcos atacados por drones”