À medida que a Global Sumud Flotilla (GSF) avança em direção a Gaza, continua atravessando momentos arriscados e decisivos. Como os acontecimentos estão em curso, iremos atualizando a crônica.
Por Ruben Tzanoff
Os barcos da GSF já navegam em águas consideradas de “alto risco” devido ao bloqueio naval realizado pelas forças israelenses. Durante a madrugada de quarta-feira, 1º de outubro, navios de guerra se aproximaram da Flotilha civil e chegaram a obrigar os capitães do “Sirius” e do “Alma” a fazer manobras perigosas para evitar colisões.
Nossa companheira Cele Fierro, a bordo do “Adara”, relatou o ocorrido em diversos vídeos enviados enquanto ainda havia possibilidade de comunicação com a flotilha. Também é possível assistir aos vídeos nos links no fim desta nota, assim como acompanhar os acontecimentos ao vivo. Pela manhã, por volta das 10h, Cele nos contou: “Estamos bem, seguimos navegando em velocidade lenta, a cerca de 120 milhas, e consigo ver outros barcos ao redor. Mantemos a tensão o tempo todo, embora os alertas subam e desçam a cada minuto. Não percam de vista a Flotilha, porque as agressões intimidatórias já começaram de madrugada”.


Na parte da manhã, a GSF emitiu um comunicado alertando sobre as agressões ocorridas durante a madrugada.

Às 12h30, horário de Gaza, a GSF convocou uma coletiva de imprensa de emergência para denunciar os acontecimentos. Em linhas gerais: Thiago Ávila, da coordenação, contou como primeiro cercaram o “Alma”, quase colidindo, e depois se aproximaram do “Sirius”, navegando em círculos. Em ambos os casos, afetaram a conexão com a internet e os dispositivos de comunicação, sem causar danos estruturais. Lisi Proenca, do “Sirius”, também relatou que os barcos israelenses retornaram e houve um segundo alerta que obrigou a reativar os protocolos de segurança, mas depois se afastaram. O vídeo da coletiva (em inglês) está disponível.
Planos israelenses
Na noite de terça-feira, 30 de setembro, a rádio pública israelense Kan informou que Israel se prepara para interceptar a Flotilha, tomar o controle dos barcos com unidades especiais, transferir os ativistas para navios da Marinha, interrogá-los e depois deportá-los a partir do porto de Ashdod. Israel avalia que não poderá rebocar todos os barcos, de modo que alguns poderiam ser afundados após a abordagem.
Na Flotilha da Liberdade para Gaza, em junho de 2025, havia apenas um barco, o “Madleen”, com 12 ativistas e jornalistas a bordo. Já na Global Sumud Flotilla participam cerca de 40 embarcações e centenas de ativistas. Esse fato dificulta qualquer operação de intervenção sionista e pode torná-la mais longa e arriscada.
Enquanto isso, o cínico ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, segue preparando o terreno para justificar possíveis ações futuras. Ele acusou os integrantes da Flotilha de provocar e de não contribuir para o “fim da ofensiva”! Os governos da Itália e da Espanha, por sua vez, demonstram que sua “proteção” à Flotilha limita-se apenas a gestos.
Segundo a imprensa, a unidade de elite Shayetet 13 está pronta para abordar os barcos assim que entrarem na zona de exclusão declarada unilateralmente por Israel em águas internacionais. Também foi noticiado que Israel poderia mobilizar até 600 policiais e colocar em alerta sete hospitais no porto de Ashdod, o mais próximo de Gaza, para lidar com possíveis detenções e emergências médicas.
Proteção entre aspas de Espanha e Itália
O governo espanhol de Pedro Sánchez comunicou que o navio “Furor”, que partiu de Cartagena para escoltar a Flotilha, não cruzará a zona de exclusão imposta por Israel e apenas realizará tarefas de resgate, se necessário.
A primeira-ministra Giorgia Meloni ordenou que a fragata italiana “Alpino” abandonasse a escolta da Flotilha à meia-noite de quarta-feira para evitar um “incidente diplomático”. Antes de sair, o navio militar ofereceu acolher qualquer ativista que quisesse abandonar a missão. A GSF respondeu com um comunicado: “… isso não é proteção, é sabotagem”, uma tentativa de desmoralizar os ativistas, o que não foi alcançado, pois eles seguem firmes na missão de levar pacificamente alimentos e medicamentos até Gaza. Tanto os governos italiano, quanto o espanhol pediram aos ativistas que não continuem avançando.
Se tocam na Flotilha, tocam em todos nós!
Reafirmamos o chamado a redobrar a pressão sobre a União Europeia e os governos do mundo, exigindo que atuem de forma ativa para garantir a livre circulação da Flotilha pelo Mediterrâneo até Gaza e seu retorno, protegendo os barcos e todos os ativistas. Sigamos acompanhando minuto a minuto os acontecimentos.
Mantenhamos o alerta máximo e, se tocarem na Flotilha, vamos imediatamente às ruas. Organizemos redes de comunicação, atos, marchas e bloqueios diante de embaixadas e consulados. Preparemos uma resposta imediata a qualquer agressão. “Se tocam na Flotilha, tocam em todos nós”, estamos com a Palestina.
Você pode acompanhar as informações da Flotilha neste link:
Rumo a Gaza: o GSF em tempo real
Acesse também os vídeos de Cele Fierro





