Congresso de Unificação do Impulso Socialista e do Grupo dos Trabalhadores Socialistas
Nos dias 2 e 3 de setembro aconteceu o Congresso de Unificação do Impulso Socialista (IS) e do Grupo dos Trabalhadores Socialistas (GTS). A data do evento coincidiu com o 85º aniversário de fundação da Quarta Internacional, cheia de simbolismo histórico. Consideramos ser continuadores da batalha de Leon Trotsky para construir um partido mundial para a revolução socialista. É por isso que a nossa unificação ocorre no quadro da Liga Internacional Socialista, a LIS, que realizou no mesmo período o seu I Congresso Pan-Africano. São tempos de crise, guerras e insurreições e a nossa organização unificada prepara-se para ser construída no meio das lutas travadas pela classe trabalhadora, pela juventude e pelos setores populares na Colômbia e no mundo, contra o capitalismo e o imperialismo.
No calor da luta
Por alguns anos, o IS e o GTS atuaram em conjunto, permitindo não só o aprofundamento da relação, mas também a ação política unitária nas frentes sociais em que estamos estruturados: professores, universidades, trabalhadores precarizados. Nos aproximamos a partir do poderoso movimento de protesto social que convulsionou a Colômbia com a Greve Nacional, cedendo lugar ao governo de Gustavo Petro e ao Pacto Histórico.
Neste processo, apresentamos um perfil político independente do governo e encorajamos a luta social contra o violento regime político narco-paramilitar que domina o nosso país a serviço da comunidade empresarial nacional, das corporações transnacionais e do capital financeiro global. Foi assim que, no calor da luta, avançamos em nossa participação nos dois Congressos Mundiais da LIS. Estamos unidos em torno do programa e propósito de unir revolucionários de diversas tradições no mundo, construindo campanhas de solidariedade com a luta do povo ucraniano contra o imperialismo russo, ao mesmo tempo que exigimos o fim da OTAN.
Nosso programa
Desenvolvemos um programa que tenta recolher a tradição metodológica marxista aplicada à nossa realidade nacional. É um programa para a revolução socialista na Colômbia, portanto, somente eliminando a propriedade privada dos meios de produção, os trabalhadores poderão planificar a economia para o bem-estar das maiorias, hoje excluídas pelo capital.
Nesse sentido, o nosso programa se opõe ao Pacto Histórico e às demais forças reformistas e progressistas que buscam o desenvolvimento do capitalismo em colaboração com as patronais e submetendo o país aos planos das organizações imperialistas. Exigimos a ruptura de todos os pactos que subordinam a Colômbia aos ditames do imperialismo, econômico, político ou militar, condenando o país à condição de semicolônia.
O nosso programa também é ecossocialista e antipatriarcal, uma vez que o capitalismo é predador da natureza e explorador, além de opressor, das mulheres e das identidades de gênero, discriminando até pelo racismo. No programa aprovado, haverá elementos abertos ao debate, uma vez que estamos conscientes das novas realidades sociais e das questões em curso no seio dos movimentos sociais anticapitalistas, que consideramos como revolucionários.
Nossos Estatutos
Os nossos Estatutos reivindicam o Centralismo Democrático como método de construção e ação. De construção, pois só o debate interno o mais amplo possível permite a elaboração coletiva de nossas análises e as propostas políticas para disseminar e agitar entre os trabalhadores e a juventude. De ação, porque só a mais rigorosa disciplina na aplicação das diretrizes democraticamente adotadas permite que sejam testadas, criticadas e aperfeiçoadas, atuando como um punho único nas lutas sociais.
Por esta razão, nossos estatutos delimitam a organização entre membros e apoiadores. Num período de luta de classes como o que vivemos, a pequena burguesia, ao falar de horizontalismo e democratismo aparente na luta política, contribui para esconder o controle brutal do Estado sobre a sociedade. Este controle só pode ser derrotado se agirmos centralmente como partido político e promovermos uma disciplina semelhante entre os trabalhadores.
Mas, os nossos estatutos também garantem o direito das minorias expressarem os seus pontos de vista e defendê-los para reorientar as nossas ações. Por fim, organismos independentes da direção julgam a moral dos militantes sem qualquer privilégio e abordam as contradições de gênero que, inevitavelmente, surgem dentro de uma organização ativa na luta social e pressionada pela decomposição do capitalismo.
Nossa política
Aprovamos um documento sobre a situação nacional que, ao mesmo tempo, em que caracteriza historicamente a Colômbia como capitalista semicolonial, define o regime político como autoritário com uma máscara democrática, visto no atual governo burguês de Petro. Esta definição de governo é o que nos permite propor aos trabalhadores, à juventude e aos setores populares, a necessidade de continuar a defender com a nossa mobilização independente as exigências de transformações estruturais que a sociedade necessita para a autodeterminação nacional, superando a sobreexploração do trabalho, a predação da natureza, a opressão das mulheres e das identidades de gênero e a segregação étnica e cultural.
Com essa caracterização do país, do Estado, do regime e do governo, surgem as palavras de ordem que convocamos em cada conjuntura para lutar pela preservação da independência de classe e do método de mobilização social, como acontecerá, por exemplo, nas próximas eleições onde faremos um protesto radical nas urnas, para denunciar a politicagem e a corrupção de todos os partidos e instituições do regime.
Não estamos sozinhos
Adotamos como nome da nossa organização a Unidade Operária e Socialista, UNÍOS! [UNI-VOS, em português]. Prestamos assim homenagem ao chamado do Manifesto Comunista “Proletários de todos os países: Uni-vos!” e, ao mesmo tempo, convocamos a unidade dos revolucionários colombianos.
É necessário abandonar o sectarismo que divide os trabalhadores, a juventude e os setores populares contra os seus inimigos de classe e, simultaneamente, desmascarar a adaptação oportunista da burocracia sindical e dos partidos do Pacto Histórico ao regime político autoritário e suas práticas corruptas. Convocamos a se juntarem às nossas fileiras e levantem a bandeira vermelha da Liga Internacional Socialista, a LIS. Como disse Leon Trotsky, há 85 anos, “a bandeira da sua próxima vitória!”
UNÍOS! UNI-VOS!
Direção Nacional da Unidade Operária e Socialista
17 de setembro de 2023.