No dia 25 de abril o povo saiu às ruas no 50º aniversário da chamada Revolução dos Cravos. Não foi apenas um dia de festa, mas também de luta, em que o STOP foi a expressão do sindicalismo democrático e combativo mobilizado. Uma delegação da Liga Internacional Socialista (LIS) marchou junto ao Movimento Alternativa Socialista (MAS).
Por Ruben Tzanoff
A queda da ditadura
A Revolução dos Cravos foi um acontecimento europeu de importância mundial, pois quase ao mesmo tempo (1973) Pinochet tinha dado um golpe militar no Chile e na vizinha Espanha ainda vigorava a ditadura de Franco. Ela começou como expressão do descontentamento dos capitães do exército com a situação colonial em decadência do antigo imperialismo português na África e na Ásia, mas no processo os trabalhadores e o povo irromperam, derrotando a ditadura do Estado Novo, liderada por António de Oliveira Salazar e, mais tarde, por Marcello Caetano, que durou quase meio século. Isso abriu a perspectiva de mudanças profundas, no sentido socialista. Com o passar do tempo, a burguesia conseguiu direcionar a situação para que estagnasse em uma mudança de regime, de ditatorial para democrático-burguês, e não avançar para uma mudança de um sistema capitalista para um sistema socialista. A ausência de uma direção revolucionária e socialista com o peso das massas foi decisiva para que o poder burguês retomasse as rédeas do poder. De mesmo modo, a revolução deixou uma marca indelével no povo trabalhador e deixou tarefas democráticas e sociais a serem realizadas. É por isso que, após cinco décadas, as celebrações voltaram a reivindicar a revolução.
Reivindicada ontem e hoje
Desde o primeiro minuto do 25 de abril de 2024, os fogos de artifício iluminaram o céu de Lisboa. Eles marcaram o início das celebrações pela Revolução. Celebrações de todos os tipos e com diferentes fins políticos continuaram ao longo do dia, desde as organizadas pelo governo de direita até às organizadas pela oposição, mas com um denominador comum: reivindicar um ou outro aspeto do acontecimento de 1974. As manifestações vão prosseguir durante vários dias.
Milhares de pessoas nas ruas
Não foi apenas mais um feriado de descanso e diversão. Milhares e milhares de pessoas organizadas em partidos políticos, sindicatos ou de forma independente saíram às ruas com as suas organizações, amigos e famílias de diferentes gerações. Espetáculos artísticos, o entoar dos versos de “Grândola, Vila Morena”, cravos vermelhos nas mãos ou nas lapelas, faixas e bandeiras com reivindicações encheram de cor e militância as ruas da capital portuguesa. A Revolução dos Cravos continua a ocupar um lugar de destaque no sentimento popular.
As esquerdas
As diferentes formações consideradas de esquerda, entre elas o Partido Comunista Português (PCP), o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista, reuniram-se no Marquês de Pombal para marchar até à Praça do Rossio. No entanto, isto não se concretizou porque o PCP, o principal organizador da ação, utilizou a sua coluna como bloqueio durante três horas, para impedir o avanço da manifestação, até que o cansaço levou os participantes a superá-los.
STOP com os professores
Entre a multidão diversificada, encontrava-se o STOP, sindicato democrático e combativo dos professores, que foi também uma das organizações que se cansou da manobra do PCP e os ultrapassou. Em seu caminho, eles receberam o reconhecimento e o carinho de muita gente até o destino final. Os professores entoaram: “25 de abril sempre, fascismo nunca mais” e outras palavras de ordem relacionadas com a escola pública.
O MAS nesta jornada
O Movimento Alternativa Socialista (MAS) organizou um almoço de confraternização no prédio dos Bombeiros Voluntários de Lisboa, que contou com a presença de ativistas sindicais, políticos e dirigentes de longa data do socialismo revolucionário, como Gil García e João Pascual. Depois, o partido participou na manifestação posicionando-se atrás do STOP. Na atividade, distribuíram dezenas de jornais RUPTURA, exibiram bandeiras, entre elas a da Palestina, e desfraldaram uma faixa com a inscrição: “Um, dois, três, abril outra vez”.
A LIS em Lisboa
Uma delegação da LIS viajou do Estado Espanhol para participar no aniversário junto aos camaradas do MAS, com quem estão avançando no relacionamento em direção ao reagrupamento internacional dos revolucionários. Como parte das atividades desenvolvidas conjuntamente, no sábado, 27 de abril, será realizado o Debate Internacional “A Revolução dos Cravos, 50 anos”, ocasião em que os palestrantes aprofundarão os aspectos que dizem respeito à sua história e atualidade, e do qual convidamos você a participar.