Por: Mariana Ruíz (UNAM)

A Cementos Mexicanos (CEMEX) é uma empresa mexicana líder na produção de materiais de construção e uma transnacional de grande relevância, com presença em mais de cem países — o que a converte em uma espécie de “embaixadora” do México ao redor do mundo.

Há décadas, a CEMEX está envolvida na manutenção e construção da ocupação israelense em territórios palestinos e sírios, lucrando com a construção do Muro de Ferro, com colônias israelenses ilegais e com diversos postos de controle militar.

Dessa forma, a CEMEX não apenas viola direitos humanos e comete crimes de guerra, como também infringe tratados internacionais sobre o tema, além de resoluções da Organização das Nações Unidas (ONU) e de tribunais internacionais.

A Corte Internacional de Justiça de Haia determinou, em 9 de julho de 2004, que a construção do muro israelense na Cisjordânia violava os direitos humanos; que a construção de colônias israelenses em território palestino também era ilegal, assim como toda a infraestrutura relacionada a elas, inclusive sua manutenção. Mesmo assim, Israel iniciou a construção do muro um ano depois, em 2005, ao longo de 273 km, para isolar camponeses palestinos de suas terras, da água, de suas fontes de trabalho e do acesso a serviços básicos como saúde e educação — violando seus direitos humanos.

Desde 2005, a CEMEX é proprietária da empresa israelense Readymix Industries, produtora e fornecedora de materiais e matérias-primas para a indústria da construção civil. Por meio dessa subsidiária israelense, a CEMEX realiza diversas operações ilegais em território palestino ocupado por Israel.

Exploração de recursos

A empresa mexicana também explora recursos nos territórios palestinos ocupados por Israel. A CEMEX, por meio de sua subsidiária Lime & Stone, possui diversas pedreiras em território ocupado, além de 50% da pedreira de Yatir e de minas situadas em colônias israelenses, de onde fornece material para a construção de assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada, como em Mevo Horon, Atarot e Mishor Edomim, além das Colinas de Golã.

“O material de construção extraído é usado em benefício de Israel sem qualquer permissão dos palestinos.” Com isso, a CEMEX viola inclusive suas próprias normas internas denominadas “Minerais de Conflito”, segundo as quais se compromete a não adquirir insumos minerais extraídos sob violência e violação de direitos humanos.

Em 2010, a Assembleia Geral da ONU expressou sua preocupação com a exploração, por parte de Israel, “dos recursos naturais palestinos” e instou Israel a “não explorar, causar prejuízos ou colocar em risco tais recursos”. Apesar disso, a CEMEX seguiu com suas atividades extrativistas. Mais tarde, em 2013, a transnacional foi retirada da carteira de investimentos da Nordea — maior grupo de serviços financeiros da região Báltica, com sede em Estocolmo — por “violar direitos humanos e extrair recursos não renováveis de um território ocupado”.

Boicote e pressão social

A empresa já cedeu a críticas e pressões da opinião pública anteriormente. Em 2017, o presidente do Conselho de Administração, Rogelio Zambrano, declarou ao jornal Reforma, do México, que a CEMEX estaria disposta a participar abertamente da construção do muro fronteiriço entre os Estados Unidos e o México, promovido pelo então presidente Donald Trump — ainda que apenas como “fornecedora”.

“Se alguém nos pedir um orçamento, com prazer faremos”, disse Zambrano Lozano no início de março de 2017.

Diante da polêmica da declaração — por se tratar de uma empresa mexicana —, o presidente da CEMEX esclareceu, dias depois, que a posição da empresa era a de que não participaria da licitação lançada às construtoras.

Fontes:

  • Cemex viola derechos del pueblo palestino. (31 de julio del 2025). Desinformémonos. https://desinformemonos.org/cemex-viola-lderechos-del-pueblo-palestino/
  • #StopCemex – Cemex: construyendo el Muro en Palestina. (n.d.). https://stopcemex.org/
  • Cemex México: Lideres en Construcción | Productos de Calidad y Explora Proyectos Innovadores | Cemex Mexico. (n.d.). https://www.cemexmexico.com/
  • Valle, A. (2017, 16 marzo). Cemex afirma que no participará en el muro de Trump. Expansión. https://expansion.mx/empresas/2017/03/16/cemex-afirma-que-no-participara-en-el-muro-de-trump