Pela unidade latino-americana contra a extrema direita

Durante as sessões da Cúpula dos Povos que, convocada pela “Confluência Fora G20 – Fora FMI”, reunida nos dias 28 e 29 de novembro na faculdade de Ciências Sociais e em um acampamento na frente do Congresso Nacional e em seguida marchando contra a Cúpula dos líderes do G20 que no dia 30N percorreu as ruas de Buenos Aires, foi lançada a seguinte declaração construída pelas organizações brasileiras e uma parte das organizações e personalidades presentes.

O MST e Anticapitalistas em Rede assinamos esta e chamamos a referendar esta declaração em todo o mundo. Segue abaixo a declaração e suas primeiras adesões:

Em defesa da unidade latino-americana contra a extrema-direita e em defesa dos direitos sociais, políticos e democráticos

Com o impacto da crise econômica mundial o capitalismo radicaliza contra os pobres, oprimidos e o conjunto dos trabalhadores.

Fenômenos de extrema direita começaram a surgir, e essa radicalidade burguesa atinge também a América Latina. Na busca por nossos recursos naturais, no barateamento da nossa mão de obra, na destruição dos nossos serviços públicos para garantir o pagamento de mais e mais juros para os bancos, Trump sobrevoa nosso continente como uma ave de rapina.

Mas os “lenços verdes” teimam em pintar de luta a América Latina com as companheiras argentinas servindo de inspiração para todas nós na defesa da liberdade de decidir sobre nosso corpo. Uma luta que unificou homens e mulheres na defesa de seus direitos.

No Brasil, as manifestações pelo #EleNão em 29 de setembro, que foi uma das maiores mobilizações da história do país, mostrou que haverá resistência e que a resistência tem a cara dos oprimidos.

O mesmo se demonstrou na campanha “vira voto” no segundo turno das eleições: com o objetivo de ganhar o voto daqueles que tendiam a votar em Bolsonaro, milhares e milhares de ativistas, artistas, principalmente de pessoas comuns que até então não haviam feito campanha eleitoral em sua vida, se colocaram em marcha para convencer a população com paciência e determinação a votar 13 para derrotar a extrema direita.

As classes dominantes temem a unidade dos trabalhadores. Justamente por isso, para avançar sobre nossas vidas e nossos direitos tentam a todo custo impedir que nós nos unamos, que lutemos, que defendamos de forma unificada pelos nossos direitos.

Temem até mesmo que gozemos da liberdade de defender nossas ideias, seja individualmente, seja através das nossas organizações políticas e sociais. Por isso precisam atacar as liberdades democráticas que conquistamos ao longo do tempo com tanto sangue, dor e luta.

Marielle Franco, uma de nós, foi assassinada na tentativa de calar a luta das mulheres negras, LGBTs e jovens negros das periferias das grandes cidades espremidos entre o tráfico e a repressão policial.

A prisão arbitrária de Lula, de caráter seletivo teve como objetivo impedir sua candidatura para presidente nas eleições.

Trump e Bolsonaro: unidos contra os trabalhadores e os oprimidos

A verdade é que a eleição de Trump abriu as portas do inferno e a sua imagem e semelhança saem da toca os generais, os fascistas, os conservadores, machistas, racistas e homofóbicos.

No Brasil, os ricos e poderosos abriram mão do verniz democrático e passaram a defender abertamente Bolsonaro, um capitão da reserva que defende a tortura, a ditadura, a censura, minimiza o estupro e a violência a mulher, que incita a violência contra os homossexuais num país que mais se mata LGBTs no mundo. Trata-se de um brutal ataque aos direitos democráticos.

Esse velho político que falsamente se apresenta como novidade, defende que o trabalhador deve escolher entre perder seus direitos ou o emprego, a vendas das estatais “não lucrativas”, que expulsa os médicos missionários cubanos que buscam amenizar o drama da saúde pública no Brasil. O novo presidente do Brasil ameaçou de morte, prisão e exílio os militantes da esquerda, o movimento dos sem-teto e dos sem-terra.

A imprescindível unidade e solidariedade dos trabalhadores e dos povos latino-americanos

Mais do que nunca precisamos nos dar as mãos porque, infelizmente, Bolsonaro não é uma ameaça a somente aos brasileiros, mas sim, aos trabalhadores, mulheres, negros e negras, LGBTQI+ de toda a América Latina. Se nós não avançamos sobre Trump e Bolsonaro e a extrema direita, fatalmente eles avançarão sobre nós.

Para deter a força da extrema direita que avança no mundo e em nosso continente é preciso nos unir. Para unir os trabalhadores e oprimidos é preciso unir os diversos movimentos sociais, os partidos e organizações que representam os interesses dos debaixo contra os de cima.

Nas mobilizações contra as grandes potências opressoras do nosso povo que realizaremos nesse G20 em Buenos Aires, Argentina, vamos mostrar que escolheram o lugar errado para desfilar seus interesses.

Vamos mostrar que aqui se respira luta e que somos um só povo, uma só irmandade, uma só força e uma só voz.

No entanto, para que essa unidade se mantenha e multiplique nossa resistência, é urgente que nos próximos dias, quando então estaremos realizando a Cúpula dos Povos “Fora o G20- FMI”, avancemos na construção de uma frente dos movimentos sociais para a solidariedade e resistência contra a extrema direita no Brasil, onde já chegaram ao poder, e em todo o continente. Que nem mais um passo seja dado por eles na nossa terra.

Neste momento, algumas medidas já são anunciadas por Bolsonaro, medidas essas que essa rede de solidariedade necessita desde já enfrentar.

Abaixo algumas de nossas tarefas:

– Barrar a Reforma da Previdência e a contrarreforma trabalhista.

– Impedir a privatização das estatais.

– Impedir a censura nas escolas e o fim da autonomia universitária através do projeto “Escola sem Partido.”

– Impedir a tentativa de criminalização dos movimentos sociais através da repressão disfarçada de lei antiterrorismo.

– Fim das ameaças, assassinatos e prisões de dirigentes políticos de esquerda e dos movimentos sociais.

– Justiça para Marielle!

– Barrar o avanço do genocídio da juventude negra.

– Em defesa da Amazônia e dos recursos naturais.

Mais do que nunca: Por uma rede de solidariedade e resistência a extrema-direita na América Latina contra os planos de ajuste neoliberais e o ataque aos direitos políticos e democráticos!

Assinam:

Corriente Popular Juana Azurduy
Democracia Socialista
Dialogo 2000
Frente Popular Darío Santillán
Frente Popular Darío Santillán-Corriente Nacional
Izquierda Latinoamericana Socialista
Jubileo Sur
La Caldera
Movimiento de los Pueblos/por un socialismo feminista desde abajo
Movimiento por la Unidad Latinoamericana y el Cambio Social
Movimiento Socialista de los Trabajadores (MST)
Opinión Socialista
Poder Popular
Vamos – Frente Pátria Grande

Argentina

Adolfo Pérez Esquivel
Alejandro Bodart (Anticapitalistas en Red)
Beverly Keene
Claudio Katz
Eduardo Lucita
Guilhermo Almeyra
Maria del Carmo Verdú
Nora Cortiñas, Mãe da Praça de Maio-Linha Fundadora
Roberto Saenz (SOB – Corriente Socialismo o Barbarie)

Brasil

Partido socialismo e Liberdade (PSOL)
Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
Guilherme Boulos