Extratos das resoluções da Conferência da FIT-U

Este importante evento terminou com uma votação sobre uma importante resolução política e várias ações concretas a serem desenvolvidas entre os participantes. A resolução completa pode ser lida em nosso site. Reproduzimos agora alguns de seus destaques e definições e as tarefas votadas.

As organizações, partidos, dirigentes e militantes participantes da Conferência Virtual Latino-Americana e dos EUA subscrevemos as seguintes definições políticas e nos comprometemos a impulsionar as resoluções e campanhas abaixo colocadas:

Levantamos como principal bandeira a independência política da classe trabalhadora em relação aos capitalistas, seus Estados, governos e partidos. Rechaçamos a conciliação de classes e as frentes e organizações políticas de conciliação de classes, que não são mais do que a via pela qual se avança a subordinação política da classe trabalhadora aos interesses dos capitalistas e seus Estados. Definimos como nosso objetivo estratégico a luta por governos dos trabalhadores, pela Unidade Socialista da América Latina e pelo socialismo internacional. Como assinala a convocatória inicial desta Conferência “O equilíbrio e a conciliação de interesses entre o capital e os trabalhadores, que prega o nacionalismo burguês e a centro-esquerda, não passa de uma utopia reacionária, que visa colocar os trabalhadores a reboque da burguesia. Em oposição a isso, defendemos a luta por uma saída anticapitalista e uma transformação total do continente sob a direção da classe trabalhadora”. Para esses objetivos, impulsionamos a mais ampla organização operária e popular, com o objetivo estratégico de luta pela perspectiva da revolução social. Rechaçamos a competição e rivalidade que os capitalistas e os Estados fomentam entre os trabalhadores das diferentes nações. Lutamos pela unidade e solidariedade internacional da classe trabalhadora e dizemos: Trabalhadoras e trabalhadores de todos os países, uni-vos!

Apoiamos, desenvolvemos e impulsionamos em todos os lugares e em cada país, inclusive nos Estados Unidos, a luta anti-imperialista. O imperialismo norte-americano é, na América Latina e no mundo, a expressão da super exploração e o principal Estado opressor dos povos, papel que também cumprem distintos Estados imperialistas na União Europeia e no Japão. A política e opressão imperialista exercida pelo Estado e o governo ianque e o capital financeiro internacional sobre os países latino-americanos não somente se expressa no terreno econômico, mas também nas conspirações do imperialismo com os governos fantoches do subcontinente, e nas tentativas de intervenção e ameaças militares.

Repudiamos e chamamos a lutar contra o governo golpista boliviano que suspendeu novamente as eleições para perpetuar-se no poder, assim como a tentativa de proscrição do MAS, sem dar apoio político a essa força política que vem buscando a conciliação de classes com os golpistas e que quando governo traiu a Agenda de Outubro. Chamamos a lutar pelo não pagamento das dívidas dos países da América Latina e do Caribe e as dos povos oprimidos de todo o mundo. Impulsionamos a mobilização por “Fora Bolsonaro e Mourão”, chamando a terminar com o conjunto do regime de dominação.

Apoiamos incondicionalmente a gigantesca e extraordinária rebelião protagonizada pelo povo norte-americano e denunciamos a criminosa militarização de Trump. Defendemos o desenvolvimento, a extensão e aprofundamento da rebelião norte-americana. Denunciamos a pretensão do Partido Democrata de canalizar a enorme indignação popular com o governo Trump para as eleições como tentativa de frear a rebelião, pôr fim à ação direta das massas e desviar qualquer tentativa de organização política independente dos explorados. O Partido Democrata é outra variante capitalista-imperialista, impulsionadora de guerras, que se alterna no poder, portanto se trata uma saída que será contra os interesses dos que hoje seguem lutando nas ruas dos Estados Unidos.

Destacamos também a revitalização da enorme rebelião no Chile, denunciamos os sucessivos pactos de colaboração da chamada “oposição” patronal e centro-esquerdista com o governo e mais do que nunca dizemos: Fora Piñera!… Exigimos liberdade para os presos da rebelião e a liberdade para os presos políticos mapuches que lutam pela recuperação do seu território histórico e contra a repressão estatal. Nos somamos à campanha pelo fim das AFPs, por um sistema de aposentadorias solidário, administrado por trabalhadores e aposentados.

Apoiamos e impulsionamos todas as lutas dos trabalhadores e dos povos contra os planos de austeridade e os governos do capital. Denunciamos os planos de ajuste e a ofensiva do capital à escala internacional contra as conquistas dos trabalhadores. Os governos, como representantes do capital, se utilizam da crise pandêmica para avançar em mais ajuste, demissões e reduções salariais, em mais flexibilização trabalhista, na destruição dos sistemas previdenciários e na exploração da juventude precarizada. Denunciamos também a cumplicidade das burocracias sindicais em todos os países, que seguram como uma camisa de força a luta dos trabalhadores e permitem, dessa maneira, o avanço das reformas antioperárias e sustentam os governos de plantão…

A construção de partidos revolucionários a nível nacional e internacional é uma necessidade de primeira ordem para levar adiante este programa.

O enorme movimento de luta das mulheres tem sido e é um importantíssimo aliado das lutas na região, com enorme peso no Chile, na Argentina e em diversos países e processos. Apoiamos e impulsionamos a luta do movimento de mulheres, que com suas extraordinárias e massivas mobilizações reivindica o direito ao aborto legal, o fim dos feminicídios, dos abusos e da violência machista…

Condenamos a repressão criminosa contra os povos e trabalhadores em luta na América Latina e nos Estados Unidos; a criminalização dos protestos, os abusos e assassinatos policias e nos colocamos em defesa do pleno direito de lutar e se mobilizar…

Resolvemos:

• Realizar, no dia 27 de agosto, concentrações e atos nas embaixadas dos EUA de todos os países para apoiar a rebelião do povo norte-americano, rechaçar a ingerência imperialista na América Latina e defender o não pagamento das dívidas externas dos países da América Latina, do Caribe e de todos os povos oprimidos do mundo.

• Apoiar a luta dos trabalhadores e do povo chilenos pelo “Fora Piñera” e por uma assembleia constituinte verdadeiramente livre e soberana. Exigimos a liberdade de todos os presos e presas da rebelião.

• Apoiar e impulsionar as lutas do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras contra as demissões, reduções salariais e demais ataques às suas condições de vida que estão sendo implementados pelos governos e pelas patronais.

• Participar e impulsionar as próximas mobilizações dos trabalhadores de entrega por aplicativos nos distintos países.

• Impulsionar as mobilizações do dia 28 de setembro pelo dia latino-americano e caribenho de luta pelo aborto legal, levantando também a consigna de “separação das igrejas do Estado”.

• Reafirmar nossa adesão aos 10 pontos programáticos contidos no documento “Um novo cenário na América Latina e a necessidade de uma saída socialista e revolucionária” de convocatória inicial da Conferência Latino-Americana presencial, acrescentando os pontos com relação à pandemia e ao levante nos Estados Unidos desenvolvidos nos documentos posteriores que deram base ao chamado para esta Conferência Virtual da América Latina e dos Estados Unidos.

1. Resoluciones de la conferencia latinoamericana y de los EEUU del FIT-U; 1/08/2020; en mst.org.