Argentina: Plenária da esquerda na Plaza Congreso

Venha decidir e construir um novo caminho para a FIT-U

Por Sérgio Garcia

A convocação comum de nosso MST e do PO para uma Plenária na Plaza Congreso no dia 17 de junho, onde debateremos e resolveremos, sobretudo, as pré-candidaturas, a política, o programa e a preparação da esquerda para o que virá, é a principal iniciativa política e coletiva que surge dentro da FIT-U e da esquerda, lançando as bases de um projeto de Frente de Esquerda que supera o que existe hoje.

Valorizamos e defendemos a Frente de Esquerda e, ao mesmo tempo, fazemos de forma crítica ao caráter eleitoral desta, algo que sempre pontuamos como um déficit e um limite a ser superado, questão que os camaradas do PO também veem como um problema, o mesmo vale para um grande número de figuras públicas, ativistas, amigos e eleitores de nossa frente que esperam uma FIT-U superior aos desafios.

Nessa realidade, o que há de novo e positivo é que o MST e o PO, os dois partidos da FIT-U com maior extensão nacional e organização militante, de importante inserção social e com figuras públicas representativas de esquerda, decidiram travar uma batalha política comum, um projeto para a FIT-U. É disso que estamos falando, para aprofundar os debates e definirmos como enfrentar melhor os partidos capitalistas. Por isso estamos convocando esta grande plenária.

Um método em defesa da FIT-U

A luta política que nos referimos é maior que um debate ou a luta de candidaturas. Quem tenta reduzir o debate atual a apenas isso perde de vista a essência da questão e suas perspectivas. O acordo da pré-candidatura entre o MST e o PO, com a convocação de uma grande Plenária na Plaza Congreso objetiva um debate substantivo, com política e método, para melhor preparar a esquerda para e que está por vir. Onde vencerem, seja a direita oposicionista ou até os candidatos do próprio governo, enfrentaremos mais reajustes pactuados com o Fundo e piores ataques aos direitos democráticos e sociais. Para os desafios com fortes tensões e lutas sociais, devemos preparar a esquerda.

Por isso, quando convocamos diferentes organizações populares, lideranças sociais, trabalhadores, lutadores socioambientais e de gênero, do campo da cultura e dos direitos humanos, intelectuais amigos da nossa frente para virem debater e decidir tudo, estamos abrindo um caminho político que fortalece a Frente de Esquerda. Diferente de serem apenas companheiros ou eleitores. Queremos, com a intervenção direta de nossa própria militância e de muitos setores convidados, dar mais força à aplicação de tudo o que for aprovado democraticamente.

Portanto, ao fazer este apelo e abrir um importante canal de participação de milhares, não estamos apenas questionando um modelo eleitoral que atrasa a intervenção que a esquerda anticapitalista e socialista precisa fazer na luta de classes, mas também estamos atuando em defesa da FIT-U, que se encontra numa encruzilhada: ou as ideias e os partidos que querem uma luta com convocatória democrática se fortalecem na frente, ou as ideias mais eleitorais e letárgicas colocarão em risco a própria frente com mais hegemonismo e isolamento.

Uma plenária de luta e democrática para decidir tudo

Assim, redobramos nossa convocação a Planária na Plaza Congreso, onde participarão milhares de militantes operários, populares e jovens de toda a Grande Buenos Aires e da CABA, além de delegações de todo o país. Iniciaremos com um ato de abertura e depois uma operação massiva onde trataremos de temas essenciais: situação política, movimento sindical, juventude, movimento piqueteiro, saúde, educação, lutas socioambientais, mulheres e diversidade, direitos democráticos e cultura, entre outras importantes comissões que vão debater como a esquerda deve intervir nas eleições e no período posterior.

Assim como estamos convidando um grande número de amigos e simpatizantes da frente para aderir, também o fizemos desde o início com os outros partidos da FIT-U: o PTS e a IS. Esses partidos sabem que são convidados a vir, a se organizar juntos, a propor o que quiserem, a debater e decidir juntos. Se a recente Conferência Eleitoral do PTS decidiu rejeitar o convite e se recusar a fazer parte de uma assembleia e plenária massiva, é porque reafirma sua fórmula unipartidária e uma trajetória que vem fragilizando a FIT-U. De nossa parte, insistimos no convite até o último dia.

As falácias e os medos do PTS

Na medida em que nossa Plenária vai ganhando força com assembleias, reuniões e iniciativas de todo tipo, a decisão do PTS de rejeitar esse método democrático para evitar a divisão nas PASO também defende argumentos contra a realidade. Entre outras coisas, em La Izquierda Diario, ao informar que sua Conferência voltou a reafirmar a fórmula Bregman-Del Caño, esclarece que a faz “no marco da decisão unilateral do Partido Obrero acompanhado do MST de fazer sua própria lista para participar das PASO”. As bobagens não têm limites.

Primeiro, o próprio PTS, que na primeira parte de 2022 anunciou sua fórmula Bregman-Vilca, ou seja, uma proposta unipartidária, reafirmou a mesma orientação só trocando Vilca por Del Caño no início deste ano. Ou seja, as únicas decisões “unilaterais” e divisoras foram em seus anúncios por mais de um ano, onde sempre, de uma forma ou de outra, recusaram qualquer debate comum, democrático e propuseram que apenas seus partidos encabeçariam todas as listas. Algo que se confirma no acordo com a Izquierda Socialista, onde o PTS não só tem a fórmula completa, mas também encabeça os dois cargos de deputados nacionais em Buenos Aires e CABA, além da lista de legisladores. Ou seja, a fórmula do PTS encabeça tudo, enquanto o IS afirma fazer parte de uma lista comum, que pouco tem de comum, colocando-se em um papel de acompanhante menor do PTS.

Para garantir essa configuração eleitoral hegemônica, desde o início o PTS se recusa a fazer parte de um debate massivo e democrático. Por isso não promoveram um debate na Mesa Nacional da FIT-U. No final das contas, mostram o medo de um debate e resolução massiva. Para evitar um debate coletivo e democrático, chegaram ao extremo de negar a milhares de trabalhadores desempregados em luta o direito de decidir dentro de nossa frente. Assim, consumaram seu percurso eleitoralista ao fazer um papel irrecuperável perante a vanguarda operária e piqueteira, com posições alheias à nossa classe e hostis aos mais pobres que lutam por um trabalho digno.

As inconsistências da esquerda socialista

Por outro lado, as ações da IS são uma completa inconsistência. Vangloriam-se de ter proposto uma fórmula unitária, que nada tinha de unitária, porque só foram apresentados 2 nomes sem qualquer tipo de acordo global na frente. Depois dessa proposta vazia, fica aos pés do plano hegemônico do PTS e sua fórmula unipartidária.

Fazendo a capitulação política, agora tentam encobri-la com falácias que beiram o grotesco. Há dias, num artigo que atacava injustamente a Plenária que convocamos e o próprio IS deicidiu não participar, afirmaram: “Desde a esquerda socialista, combatemos todas as formas de hegemonismo, autoproclamação e quebra de acordos”. Uma contradição, já que decidiram fazer campanha nas PASO por uma fórmula hegemônica, autoproclamatória e que não faz parte de nenhum acordo prévio. Esse é o triste papel da organização menor da FIT-U. Assim, convidamos aqueles que honestamente desejam a unidade nas PASO, a virem à Plaza Congreso no dia 17 de junho para debater, propor, decidir coletivamente e apoiar a única fórmula unitária que a esquerda terá nas PASO; do MST e PO com Solano e Ripoll.

Na Plaza Congreso

Faltando dias para a Plenária, o entusiasmo só cresce de baixo para cima. Como dissemos no início, não se trata apenas de uma Plenária Aberto de Esquerda, não se trata apenas de pré-candidaturas. É o início de um caminho que estimula questionar o modelo eleitoral e politicamente letárgico que alguns querem para a FIT-U, lutando por uma Frente de Esquerda unida, politicamente sólida e mais aberta às vanguardas simpatizantes da frente. A Plenária lança as bases para um caminho da luta anticapitalista e socialista, para um projeto de Frente de Esquerda que não atua apenas a cada 2 anos quando há eleições, mas atua permanentemente com força comum em todas as lutas políticas e sociais. Um projeto que exige protagonismo e decisão massiva na tarefa estratégica de ser uma saída de poder para um governo dos trabalhadores. Sob essas ideias e critérios, encorajamos nossos militantes convocarem e prepararem sua participação de cada lugar. E às organizações amigas, às figuras públicas sociais e ao ativismo que apoia a FIT-U, convidamos a trazerem vossas propostas e ideias. Na Plaza Congreso há um lugar de luta e organização política para fortalecer a esquerda e resolver tudo em massa e pelo voto. Esperamos vocês no dia 17, onde a esquerda abrirá suas portas e começará a trilhar um caminho diferente.