Argentina: Grande Plenária da esquerda e dos lutadores. Resoluções da Comissão Política

A Plenária Aberta de Esquerda contou com 13 importantes Comissões que debateram durante a tarde e concluíram suas resoluções aprovadas por toda a militância presente. Nós da Liga Internacional Socialista informamos à esquerda e aos combatentes de todo o mundo o documento da Comissão Política da Plenária para amplo conhecimento.

Por um Governo dos trabalhadores e Socialista, vamos com a esquerda

A Plenária da esquerda e dos lutadores, com milhares de companheiros e companheiras das grandes lutas do movimento operário, piqueteiros, da luta socioambiental, das mulheres, dissidentes e jovens, convocou os trabalhadores e o povo a criarem uma alternativa aos partidos capitalistas que mergulharam o país na miséria, ajoelhando-se ao imperialismo e à subjugação nacional.

Ressaltamos a grande importância desta Plenária, com métodos de deliberação da classe trabalhadora, com assembleias, debates e resoluções coletivas. Convocamos todos os partidos da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – Unidade (FIT-U) para esta Plenária. Rechaçamos a autoproclamação de candidaturas unilaterais e sem debate, por parte de Bregman e Del Caño, que conspira contra a necessidade de direcionar a FIT-U para se unir com aqueles que enfrentam os ajustes com lutas nas ruas e a quem queremos que sejam protagonistas de uma ascensão revolucionária da esquerda.

O governo da Frente de Todos foi um completo fracasso. A sua política passou por acordos com acionistas financeiros e o FMI, acordos para pagamento da “dívida externa” usurária e fraudulenta. O resultado desses acordos é visível: o país nunca superou totalmente a falência, a inflação aumenta, os salários e as pensões estão se pulverizando, a pobreza e a falta de moradia crescem nos bairros de todo o país. A Frente de Todos termina o seu mandato da mesma forma que o macrismo: com mais endividamento, pobreza e à beira de uma grande desvalorização.

No governo da Frente de Todos, reforçou-se a destruição do meio ambiente, o extrativismo e a megamineração. Em termos de liberdades, temos nos bairros uma mão mais detonadora e pesada, que convive com um avanço do tráfico de drogas. O Estado continua sendo o responsável pela violência contra a mulher, apesar da criação de um Ministério que servia apenas para cooptar órgãos oficiais.

Precisamos tirar conclusões fundamentais: o peronismo no governo demonstrou definitivamente que, longe de representar a defesa das reivindicações populares, é um veículo da política capitalista de saque e de ajustes. O kirchnerismo desempenha um papel fundamental nessa política anti-trabalhadora, sendo um aríete para atacar as organizações populares. A renúncia de Cristina para se candidatar é resultado do fracasso de seu governo e hoje se propõe um novo quadro eleitoral que inclui o masismo com a Unión por la Patria, enquanto pede um acordo nacional com a oposição de direita para resolver os problemas com o FMI, pagando uma dívida imoral e ilegítima.

Por tudo isso propomos: Fora, políticos capitalistas! Por um governo dos trabalhadores e socialista.

Discurso de Alejandro Bodart no ato de abertura da plenária

Nossa denúncia ao judiciário, como agente da burguesia, do imperialismo e da oposição patronal, jamais poderá servir para não responsabilizar o PJ e nenhuma de suas variantes, o kirchnerismo e sua política de pilhagem capitalista contra o país. A defesa da FIT-U como canal de independência política é um princípio fundamental que nos une, por isso rejeitamos a adaptação oportunista de Bregman e Del Caño ao governo nacional, especialmente com Cristina Kirchner.

Frente ao colapso do governo da Frente de Todos, os patrões querem novas medidas contra o povo: uma nova desvalorização que atinja mais os salários, reformas trabalhistas para liquidar direitos, novas reformas da previdência para atingir especialmente os regimes especiais, e privatizações contra a educação e saúde. O projeto consiste em transformar a Argentina em um enorme lixão a serviço de multinacionais petrolíferas, megamineradoras e de lítio.

Mas os patrões esbarram em grande descontentamento popular e crises em todos os grupos políticos. Tanto Macri quanto Cristina, desistiram de suas candidaturas. As rupturas do Juntos por el Cambio e da Frente de Todos são a expressão do fracasso no governo de todas essas variantes. Essa crise é o terreno fértil para o crescimento de organizações fascistas, como a de Milei, a quem necessitamos enfrentar.

Os novos ataques planejados por todas as forças políticas patronais, após anos de ajustes contra o povo, preparam o terreno para grandes lutas e rebeliões populares, realidade que já vimos na França, com a rebelião contra a reforma da previdência, no Peru, com a luta contra o golpe de Dina Boluarte, e em toda a América Latina. Nas últimas semanas, enormes mobilizações em Salta e Jujuy são expressões antecipadas da enorme força social e luta da classe trabalhadora e do povo para enfrentar os ataques que se avizinham. Vamos a um país onde querem liquidar as conquistas sociais e democráticas, vamos a grandes convulsões sociais, onde precisamos intervir e apoiar pela esquerda.

Luciana Echevarría, Deputada de Córdoba do MST-FITU abrindo a Comissão Política

A política da FIT-U

Nesse contexto, a FIT-U deve assumir sua responsabilidade: convocar todos os setores mobilizados para formar uma alternativa política, apoiar todas as lutas populares, preparar as próximas lutas e disputar a direção política da classe trabalhadora e dos setores populares. Uma Frente de Esquerda apenas por acordo eleitoral é incapaz de desempenhar esse papel. Nosso papel fundamental é contribuir para a intervenção conjunta dos trabalhadores na crise, para propor uma solução operária e popular. Precisamos de uma Frente que ative diariamente a luta de classes, não a cada 2 anos nas eleições.

Reivindicamos a grande luta dos piqueteiros, onde somos protagonistas. Apelamos a um apoio ativo e propomos uma greve nacional de professores, negada pela burocracia do Ctera, com a vitória das grandes greves em Salta, Santa Cruz, Jujuy, Chubut, Província de Buenos Aires e em todo o país.

Citamos o exemplo da luta de operários de pneu com o Sutna à frente, que paralisou a indústria e conseguiu um aumento salarial superior à inflação, com os métodos da greve geral, com piquetes, com unidade de empregados e desempregados, com base na recuperação do sindicato para as assembleias de trabalhadores dirigida pela Lista Negra. Vários setores de trabalhadores da saúde também demonstraram que quando lutam de forma consistente, conquistam, como em CABA, Buenos Aires e Córdoba.

Discurso de Cele Fierro no ato de encerramento da Plenária

Denunciamos a rendição da burocracia sindical da CGT, com todas as suas correntes internas, e as CTA, todas integradas ao governo da Frente de Todos. Apelamos à defesa de frente única para a recuperação dos sindicatos como instrumentos de luta pelos trabalhadores e por uma nova direção militante e democrática.

Reivindicamos e organizamos as lutas das mulheres, nem uma a menos! O Estado é responsável! Em todo o país promovemos lutas ambientais contra a pilhagem extrativista.

Enfrentaremos a política de criminalização de protestos, levada a cabo pelos governos provinciais, pela justiça, e promovida pelo governo nacional e a oposição de direita. Propomos: abaixo a reforma reacionária de Morales em Jujuy, abaixo os protocolos anti-piquetes. Pela liberdade de todos os presos políticos, basta de criminalização! Absolvição de Cesar Arakaki e Daniel Ruiz! Abaixo a denúncia contra Alejandro Crespo. Pelo fim das acusações aos lutadores.

Essas lutas devem unificar em uma alternativa política para o governo dos trabalhadores e socialista. Somente se a Frente de Esquerda tiver um caráter combativo, se reunir a vanguarda organizada nas lutas, se fortalecer intervindo cotidianamente na luta de classes, se promover novos rumos, desenvolver plenamente a luta por reivindicações e a luta política, se avançar em ações democráticos e massivas para decidir, como esta Plenária, poderá então se tornar uma ferramenta para que a classe trabalhadora supere as correntes patronais e dirija uma transformação social fundamental.

Nós, que participamos desta Plenária, buscamos superar as políticas conservadoras e de adaptação eleitoral que esterilizam os esforços da esquerda, buscamos fortalecer a FIT-U para conquistar as massas para a tarefa de lutar pelo fim da fome e da miséria dos que hoje governam. E, superando à esquerda a experiência com o Partido Justicialista e todas as suas alas, convocando milhares de trabalhadores honestos e jovens desiludidos com esta experiência, a juntarem-se à esquerda para lutar por outra saída. Ceder a qualquer uma das alas do peronismo atrasa a experiência dos próprios trabalhadores, com submissão e rendição ao FMI abandonando suas “bandeiras históricas”. É por isso que a fórmula Bregman e Del Caño expressa uma imposição unilateral e não submetida ao debate que realizamos nesta Plenária massiva. Uma fórmula que expressa intenções hegemônicas que não condizem com a realidade da Frente e busca fechar ainda mais em uma ferramenta política que precisa ser mobilizada, não depender apenas de uma única voz ou ideia de um Partido.

Nesta batalha política, denunciamos especialmente a ofensiva fascista de Javier Milei. Vamos a uma grande campanha para arrancar a juventude das velhas ideias do liberalismo que a Argentina de Menem já encarnou, terminando na crise de 2001. Devemos tirar a máscara desta dolarização sem dólares que liquida os salários, ao falso “liberalismo” dos defensores da ditadura, à demagogia que encobre a política privatista contra a educação e a saúde, e à política anti-direitos do Mileísmo.

Apelamos a luta política por um programa socialista: pela ruptura com o FMI, pela investigação e pelo não pagamento da dívida externa. Pela nacionalização dos Bancos e do Comércio exterior sob o controle dos trabalhadores para despejar esses recursos em um plano de habitação e obras públicas baseado nas necessidades populares. Por um salário igual a cesta básica e por 82% móvel para a reforma. Pela distribuição da jornada de trabalho sem corte salarial para acabar com o desemprego. Pela anulação das privatizações de todos os serviços públicos e sua administração sob controle operário e social. Por um governo dos trabalhadores e socialista. Fora, políticos capitalistas! Pelo apoio às lutas operárias, populares e de juventude em todo o mundo.

Convocamos a mobilização em todo o país contra o constituinte reacionário de Morales e a realizar uma grande ação de solidariedade com o povo de Jujuy que o enfrenta nas ruas.

Convocamos uma mobilização massiva para 26 de junho, aniversário do assassinato de Maximiliano Kosteki e Darío Santillán, na Ponte Pueyrredón, contra a repressão e a criminalização dos protestos sociais, ontem e hoje.

Com essa política, defendemos as candidaturas de Gabriel Solano para Presidente e Vilma Ripoll para Vice-Presidenta. Na Província de Buenos Aires, Alejandro Bodart para Governador, Néstor Pitrola para Representante Nacional e Romina Del Pla para Senadora. Na Capital, Vanina Biasi para Chefa de Governo, Cele Fierro para Legisladora, Jessi Gentile para Deputada Nacional. Com a alegria de integrar destacados lutadores do movimento dos trabalhadores e piqueteiro, como José Meniño, Andrea Lanzette, Ileana Celotto e Guillermo Pacagnini. Ao mesmo tempo, abriremos nossas listas aos lutadores que aderirem ao programa da FIT-U e a orientação geral votada nesta Plenária. Convidando todos esses setores a serem parte ativa das atividades de nossa campanha eleitoral e das lutas que organizamos e apoiamos.

Reivindicamos esta Grandr Plenária como método de participação e decisão democrática da militância e simpatizantes da esquerda, diferente da tradiçãobverticalista dos partidos do regime, como ponto de partida de uma metodologia que se deve tornar habitual na FIT-U, se queremos fortalecer esta experiência de unidade da esquerda com um programa anticapitalista e socialista no futuro.

De imediato, convocamos uma grande campanha eleitoral, tomando as ruas, bairros populares e locais de trabalho, realizando dezenas de eventos nas portas das fábricas, palestras e debates em locais de estudo, assembleias abertas em todo o país, levando nossas propostas aos trabalhadores e as lutas populares. Convocamos assembleias e plenárias em todo o país para votar nesta lista e fortalecer a FIT-U na vanguarda de todas as lutas populares.

Organizamos uma apresentação nacional do programa de nossa lista no dia 29 de junho, bem como uma apresentação em La Plata, no dia 5 de julho, e na Capital, no dia 6. Além fe caravanas de nossa lista presidencial por todo o país.

Sergio García, dirigente do MST na FITU fazendo o encerramento na Comissão Política

Você pode assistir a Abertura e o Encerramento completo em:

Ato de abertura

Ato de encerramento