Peru: terceira Tomada de Lima

Por Alternativa Socialista

Milhares de pessoas manifestaram ontem em diferentes partes do Peru com as palavras de ordem:

  • Fora a Ditadura de Boluarte! Julgamento e punição aos responsáveis ​​pelas mortes e assassinatos no levante do início do ano!
  • Liberdade aos presos políticos, incluindo Pedro Castillo!
  • Dissolução do Congresso! Pela Assembleia Constituinte livre e soberana.

Vários bloqueios de estradas construíram a chamada terceira Tomada de Lima, que levou a confrontos entre manifestantes e policiais que resultaram em 8 pessoas feridas e 6 presas. Por volta de 15h na capital, os manifestantes se concentraram na Plaza Dos de Mayo, a 1 km do Palácio Presidencial e do Congresso, e em outros pontos. Inúmeras caricaturas de Boluarte e réplicas de lápides escuras com letras brancas e cruzes com os nomes das dezenas de mortos nos protestos emolduravam o protesto.

Em Lima, epicentro da mobilização, prédios públicos, incluindo a sede do Palácio do Governo e do Congresso, foram protegidos com barras de metal, enquanto os manifestantes marchavam pelas principais ruas do centro. Por volta das 19h, após romper um cordão policial, chegaram perto do Congresso, onde a polícia disparou gás lacrimogêneo para dispersar.

O saldo de 8 feridos pela repressão policial, entre estes a jornalista independente do jornal Plaza Boyka, Gabriela Ramos Carbajal, sendo atingida com balas na Avenida Abancay, perto da Procuradoria da Nação, tendo ferimentos graves. O outro ferido grave foi o fotojornalista Rober Llicla, também transferido em maca pelas brigadas de emergência, confirmou a Associação Nacional de Jornalistas. O Ministério do Interior confirmou 6 prisões.

Mais cedo, na Plaza de Mayo, da região de Huancavelica, nos Andes, a polícia também dispersou cerca de 6 mil manifestantes com gás lacrimogêneo, depois que a porta do escritório local do Ministério do Interior foi incendiada.

Em Huancavelica, trabalhadores da construção civil, universitários e moradores marcharam gritando: “Esta democracia não é mais uma democracia!” e “Dina, assassina, o povo te repudia!”, um grito que se tornou popular no Peru desde as manifestações anteriores.

Também é notável a tomada de instalações da Universidade Nacional de Cajamarca, com bloqueios em 58 províncias. 8 pontos rodoviários nas regiões de Cuzco, Arequipa, Ayacucho e Loreto foram fechados — há uma semana o governo estendeu por um mês a suspensão da liberdade de movimentos e reuniões em várias rodovias importantes do país para evitar o bloqueio de estradas.

Em Arequipa, a segunda região mais importante do Peru, no sul do país, as autoridades suspenderam as aulas presenciais. A mesma medida foi anunciada para a região turística de Cuzco e Tacna, na fronteira com o Chile.

A resistência contra Boluarte parece estar entrando em uma nova etapa. Nas últimas horas, vários grupos vêm discutindo como continuar a luta. Mais uma vez é fundamental que as organizações sociais dos trabalhadores, camponeses, estudantes, indígenas e partidos da esquerda avancem unidos com as consignas centrais e tomem o Governo. Não há transição possível nas regras da Constituição monstruosa de Fujimori de 1993.