Por: Partido Comunista dos Trabalhadores

AVANÇA A UNIDADE DOS MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS NO MUNDO

O congresso da OTI (Oposição Trotskista Internacional), realizado em Rimini nos dias 23, 24 e 25 de maio, decidiu, por amplíssima maioria, sua dissolução para confluir com a Liga Internacional Socialista (LIS). Trata-se de um passo adiante na unidade dos trotskistas consequentes em escala mundial.

A decisão tomada pela OTI é coerente com sua proposta fundacional. A OTI foi uma pequena organização internacional (presente na Itália, Estados Unidos, Dinamarca, Grã-Bretanha, França, Hungria), da qual o PCL representou a principal seção. Sempre lutou pelo reagrupamento revolucionário internacional sobre uma base comum de programa geral e princípios entre todas as organizações e tendências que compartilhassem esse programa, independentemente de sua origem, sob o centralismo democrático leninista. Uma proposta oposta à lógica absurda da fragmentação entre muitas pequenas internacionais autocentradas, que infelizmente tem marcado grande parte do movimento trotskista, inclusive em seu setor revolucionário.

A aproximação com a LIS se deu nesse terreno. A LIS é uma organização internacional marxista revolucionária presente em 40 países de todos os continentes. Surgiu em 2019 a partir de um reagrupamento internacional, sobre uma base programática comum, de organizações com diferentes histórias e origens: começando pelo forte Movimento Socialista dos Trabalhadores (MST) argentino, proveniente da tradição “morenista”, e pela Struggle, uma consistente organização paquistanesa da tradição “Grant”. Seu rápido desenvolvimento incluiu também a incorporação de organizações que romperam com o estalinismo, como é o caso das seções queniana e libanesa da LIS, ambas surgidas de cisões juvenis dos partidos “comunistas” de seus respectivos países.

Dois anos de intenso debate político com a LIS nos permitiram verificar não apenas a base programática e o método de construção comuns, mas também uma análise compartilhada do mundo em todos os seus aspectos decisivos: a começar pela compreensão do conflito entre potências imperialistas antigas e emergentes como chave de leitura do cenário internacional. A declaração comum sobre a complexa crise ucraniana, contra a invasão do imperialismo russo e contra a partilha imperialista do país; a declaração comum sobre a questão palestina, pela destruição revolucionária do Estado sionista; a posição comum sobre a guerra indo-paquistanesa, com uma abordagem derrotista bilateral; a luta comum contra o rearmamento imperialista e toda economia de guerra demonstraram não apenas uma mesma posição de fundo sobre os principais fatos mundiais, como também a capacidade de aplicar corretamente o enfoque leninista em todas as suas dimensões. Contra qualquer postura campista ou semicampista. Contra toda subordinação ao pacifismo “imperialista”. Contra toda negação antileninista dos direitos nacionais dos povos oprimidos.

O mesmo vale para a linha geral comum de intervenção na luta de classes, nas organizações sindicais, nos movimentos feministas e transfeministas, no movimento ecologista: para vincular as reivindicações imediatas de cada movimento de classe ou progressivo à perspectiva revolucionária do governo das e dos trabalhadores, contra qualquer subordinação a concepções reformistas, pequeno-burguesas ou sem classe. Daí a centralidade das reivindicações transitórias e do método transitório. Não por acaso, o congresso da OTI registrou uma convergência total com a LIS quanto à linha de intervenção sobre a questão de gênero, a partir do rico debate em torno do importante documento elaborado por nossas companheiras, aprovado por unanimidade no Congresso.

A confluência da OTI na LIS é muito mais importante porque não se trata de um fato isolado. A Liga pela Quinta Internacional, proveniente da tradição do Workers Party britânico e hoje presente em diversos países (Alemanha, Grã-Bretanha, Suíça, Paquistão, etc.), também tem se envolvido na perspectiva de confluência com a LIS, compartilhando com a LIS e a OTI as declarações acima mencionadas e o debate político que as acompanhou. Daí a previsão “otimista” formulada pela delegação da Liga presente em nosso congresso quanto à possibilidade de se integrar num futuro próximo à LIS.

E não só isso. A já consumada confluência da OTI com a LIS e a altamente provável da Liga, indo na contramão das dinâmicas de fragmentação sectária, podem por sua vez multiplicar a capacidade de atração da LIS junto a outras importantes organizações revolucionárias de diferentes países e continentes. Organizações que, em muitos casos, já expressaram interesse e avaliação positiva do processo de reagrupamento em curso. O objetivo da LIS não é preservar sua existência, mas sim atuar pela construção de uma nova Internacional revolucionária, como direção alternativa da vanguarda de classe em escala mundial. “Recolher o melhor das distintas tradições do trotskismo para construir juntas uma nova tradição” é o objetivo declarado da LIS e ao mesmo tempo um passo necessário rumo à nova Internacional.

A confluência da OTI com a LIS é, finalmente, um fato de extrema importância para o Partido Comunista dos Trabalhadores. Um motivo adicional para motivar nossa organização militante e relançar sua capacidade de agregação e crescimento. Por isso, hoje mais do que nunca, fazemos um chamado a todas e todos os companheiros e companheiras que compartilham nosso projeto para que fortaleçam o PCL, como nova seção italiana da Liga Internacional Socialista. O momento é agora. Convidamos nossos aderentes a se tornarem militantes e assim participarem com pleno direito do congresso mundial da LIS que será realizado no final de 2025. Convidamos também muitos de nossos interlocutores e simpatizantes a dissiparem toda dúvida e se somarem ao PCL da forma que cada qual livremente escolher.

A perspectiva de construir uma nova Internacional revolucionária deu um importante passo adiante. Façamos juntos o novo caminho.