Em 22 de junho, os Estados Unidos se uniram a Israel no ataque às instalações nucleares. Trump busca consolidar o sionismo como gendarme contra os povos árabes e garantidor dos interesses imperialistas na região. Teerã reafirmou que continuará seu programa nuclear e lançou mísseis contra Israel. A escalada se agravou e pode se agravar.
Por Rubén Tzanoff
Ataque e primeiras respostas
Na madrugada de 22 de junho, aproximadamente às 2h30, horário iraniano, a Casa Branca informou que bombardeiros furtivos B-2 lançaram bombas antibunker GBU-57 contra a instalação de Fordow (enterrada sob uma montanha), acompanhadas de mísseis Tomahawk disparados de submarinos contra Natanz e Isfahan.
Dessa forma, os Estados Unidos se juntaram à guerra entre Israel e Irã.
Trump saudou a operação como um “sucesso militar espetacular” e afirmou que as instalações nucleares haviam sido “completamente destruídas”. Assim, ele violou sua promessa de campanha de não se envolver em novos conflitos estrangeiros, de acordo com a doutrina geopolítica “América Primeiro”.


O Irã condenou o ataque, afirmando que ele foi realizado contra instalações “sob a supervisão contínua da Agência Internacional de Energia Atômica, com base no Acordo de Salvaguardas e no Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP)”, que elas permanecem operacionais e que sua indústria nuclear continuará.
Horas depois, lançou dezenas de mísseis balísticos contra Israel, acionando sirenes em Jerusalém e Haifa.
Reações mistas
Netanyahu aplaudiu a ação que tanto almejava e parabenizou Trump, afirmando que “a paz se alcança pela força”, reafirmando, como se não bastasse, a natureza profundamente reacionária da ideologia sionista. A paz retórica a que ele se refere não é a paz entre os povos, mas a paz dos vencedores ou dos cemitérios, como na Palestina.
Nos EUA, questionamentos foram levantados sobre a legalidade constitucional do ataque sem autorização do Congresso, tanto por setores republicanos quanto democratas.
China e Rússia criticaram as ações americanas, alertaram para os perigos de uma escalada e pediram uma solução diplomática. Na América Latina, os presidentes Boric (Chile), Arce (Bolívia) e Petro (Colômbia) condenaram o ataque. A União Europeia mantém canais abertos com o Irã, sem apoiar nem condenar abertamente a ação militar americana.
Amanhã veremos como os mercados financeiros e as transações petrolíferas reagem em uma economia capitalista que permanece em crise e para a qual a instabilidade e a incerteza não são boas notícias.
Novo episódio
O imperialismo deu o primeiro passo para o envolvimento direto na guerra entre Israel e Irã, e Trump advertiu: “O Irã, o tirano do Oriente Médio, precisa agora fazer a paz. Se não o fizer, os ataques futuros serão muito maiores”, declarando que eles têm apenas uma alternativa: “paz ou tragédia”.
A escalada se ampliou e se aprofundou, é um fato; até que ponto ainda não se sabe, considerando vários aspectos interligados. As ações de Trump, grotescamente bonapartistas, são um sintoma do declínio do imperialismo americano e da crise capitalista. Os valores adquiridos por meio da equação entre pactos e agressões. O alcance das respostas do Estado de Israel e do Irã, não apenas externamente, mas também em resposta às questões populares que impactam ambos os regimes. E as pressões internacionais, tanto em termos de institucionalidade quanto da reação das massas à agressão imperialista e à possibilidade de uma escalada ainda maior.




