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Após intensas e exemplares jornadas de luta do movimento operário e popular panamenho, este enfrenta hoje o pior ataque às liberdades democráticas do século. O governo liderado pelo ultradireitista José Raúl Mulino, herdeiro político do presidente mais corrupto da era republicana do Panamá, Ricardo Martinelli, chegou ao poder de maneira quase espúria, com apenas 33% dos votos válidos.

Mulino declarou publicamente que seu governo é um governo empresarial e, com base nessa definição, iniciou a aplicação de um brutal plano de ajuste, judicializando e criminalizando os protestos sociais contra as medidas impopulares que vem implementando. Entre elas está a recente reforma da seguridade social, que visa modificar o regime de aposentadorias e entregar os fundos da Caixa de Seguro Social — que pertencem às pessoas aposentadas — à burguesia por meio de suas administradoras de fundos de pensão (AFPs), aos bancos, ao imperialismo ianque e às instituições financeiras internacionais. Esses fundos, num futuro próximo, alcançarão a astronômica cifra de 200 bilhões de dólares — um alvo apetitoso para a máfia empresarial.

Essa contrarreforma da previdência gerou uma greve que durou quase 80 dias, liderada pelo principal sindicato da construção civil (SUNTRACS), além de entidades e sindicatos da educação, que se somaram à luta junto aos povos originários de Bocas del Toro (fronteira com a Costa Rica) e Arimare, em Darién (fronteira com a Colômbia). Como represália, dirigentes e ativistas estão sendo processados criminalmente de maneira fraudulenta, presos, exilados, perseguidos, feridos e até assassinados pelo regime repressivo de Mulino.

Entre os ataques, está também a intervenção na cooperativa dos trabalhadores do SUNTRACS e o pedido de dissolução do sindicato — um fato histórico sem precedentes no Panamá, segundo especialistas em direito trabalhista.

Já no caso das e dos docentes que participaram da greve, em clara retaliação, foram abertas investigações disciplinares sem qualquer prova contra os dirigentes mais combativos do movimento. A própria Ministra da Educação assumiu as palavras proferidas por Mulino em sua cadeia nacional das quintas-feiras, na qual afirmou que era preciso criar um precedente duro. Esse precedente, segundo ele, é demitir quase 700 educadores e educadoras que arriscaram suas vidas e seus empregos em defesa da saúde do povo panamenho.