Desde a Liga Internacional Socialista, nos somamos à reivindicação que vem da Venezuela e já se levanta em diversos países, exigindo a imediata liberdade de Martha Grajales, reconhecida defensora dos Direitos Humanos e membra do Coletivo Surgentes nesse país, que foi violentamente abordada no dia 8 de agosto por supostos agentes policiais sem qualquer identificação e levada à força. Como se explica em um texto divulgado em forma de pronunciamento por sua liberdade, “acompanhada de alguns companheiros presentes na atividade, foi detida em uma barreira da Divisão de Investigações Criminais vinculada à Polícia Nacional Bolivariana. Enquanto explicava à polícia que sua carteira de identidade havia sido roubada na terça-feira, 5 de agosto, nas imediações da Corte Suprema de Justiça, durante a vigília das Mães em Defesa da Verdade, outros veículos conduzidos por supostos policiais chegaram ao local e a levaram”.

Até hoje, não se sabe onde ela está e não há qualquer informação sobre sua situação, em um fato de extrema gravidade, que atenta diretamente contra os mais elementares direitos democráticos e contra a vida e a liberdade de uma referência em direitos humanos.

O que ocorre não é casualidade, mas parte de eventos muito graves que vêm acontecendo na Venezuela. Primeiro, um ataque brutal contra a vigília pacífica das mães de jovens presos políticos, ocorrido na noite de 5 de agosto, em frente ao Tribunal Superior de Justiça (TSJ), quando as forças de segurança se retiraram e deixaram caminho livre para que bandos motorizados irrompessem, destruíssem tudo e agredissem as mães e todas as pessoas presentes, incluindo representantes de organizações políticas e sociais que haviam se aproximado em solidariedade.

Nos dias seguintes, foram realizadas coletivas de imprensa e outras ações de repúdio. A última foi em 8 de agosto, em frente ao escritório da ONU em Caracas, onde Martha Lía Grajales foi responsável por ler o comunicado do Comitê de Mães em Defesa da Verdade, integrado por mães de jovens presos por participarem dos protestos pós-eleitorais de 28 de julho de 2024. Não por acaso, em outro brutal ato repressivo, logo depois disso, essa advogada foi atacada e capturada.

Desde então, exige-se sua libertação e a revelação de seu paradeiro e, como foi denunciado em diferentes lugares, as autoridades judiciais chegaram a se recusar a receber um habeas corpus, desrespeitando as garantias desta nova vítima de uma escalada repressiva que não cessa e que também atinge setores de base operária e popular, setores oriundos do chavismo e a esquerda crítica e opositora ao regime cada vez mais repressivo e persecutório de Nicolás Maduro.

O que está acontecendo neste caso é um novo salto repressivo que merece todo o repúdio e a mais ampla solidariedade internacional até que se consiga a reaparição da advogada de direitos humanos recentemente capturada. Não por acaso, cresce a onda de vozes de repúdio em diferentes países. Por exemplo, na Argentina, as emblemáticas Mães da Praça de Maio exigiram publicamente sua liberdade, e deputados integrantes da Frente de Esquerda estão apresentando no Parlamento uma declaração e um pedido de resolução exigindo sua localização e liberdade. Diante desse brutal fato repressivo, também estão sendo organizadas novas ações de protesto na Venezuela, às quais nos somamos solidariamente.

Nesse sentido, fazemos nossas e compartilhamos aqui as exigências que na Venezuela difundem nossos companheiros de Marea Socialista:

  • Liberdade imediata para Martha Lía Grajales, com pleno respeito à sua integridade física, psicológica e moral.
  • Investigação imediata e punição aos responsáveis (pelos ataques e pelas detenções irregulares).
  • Atendimento institucional às mães e a seus acompanhantes solidários, com devolução dos pertences roubados (celulares, chaves, documentos de identidade e outros).
  • Liberdade para todos os presos políticos.
  • Desativação dos “coletivos” usados como instrumentos parapoliciais repressivos.
  • Respeito ao direito de protesto e aos defensores de Direitos Humanos.
  • Campanha nacional e internacional de solidariedade.
  • Organização, articulação e mobilização para derrotar a repressão.

Liga Internacional Socialista, 11 de agosto de 2025