• Que os capitalistas
paguem pela crise!
• Fora imperialismo da América Latina!
• Fora FMI, não pagamento das dívidas externas!
• Viva as lutas dos trabalhadores e da juventude precarizada. Nem demissões,
nem reduções salariais. Abaixo o racismo e a violência policial!
• Por uma saída das e dos trabalhadores para a pandemia e a crise capitalista!
Os partidos da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores – Unidade (FIT-U) da Argentina decidiram realizar uma Conferência virtual Latino-americana e dos EUA, no próximo 1º de agosto. A Conferência será precedida por três mesas de debate, que se realizarão nos dias 30 e 31 de julho. Esta Conferência retoma a iniciativa acordada no início do ano pelos partidos da FIT-U e que foi suspensa como consequência da crise pandêmica.
Nesta oportunidade, dado o processo de rebelião nos EUA, a Conferência acolherá também organizações de luta da América do Norte. As bases políticas e programáticas sobre as quais convocamos esta Conferência está baseada na declaração “Um novo cenário na América Latina e a necessidade de uma saída socialista e revolucionária”, no texto “Adiada a Conferência Latino-americana convocada pela FIT-U”, na “Declaração da FIT-U pelo Dia Internacional dos Trabalhadores”, e neste presente texto. Aí estão expressos os importantes acordos assim como as matizes e diferenças que tem entre as organizações que convocam.
O novo quadro criado outorga a iniciativa continental impulsionada pelos partidos da FIT-U uma renovada realidade.
A rebelião nos Estados Unidos, que comoveu o planeta e encurrala Donald Trump, impacta favoravelmente nas massas de todo o mundo gerando ações de solidariedade e condiciona o cenário internacional. A indignação e o repúdio contra a violência policial e o racismo que estouraram diante do brutal assassinato de George Floyd se conectam com o crescente descontentamento e desespero das massas, pelo efeito combinado da pandemia e uma profunda recessão. O impacto da maior crise capitalista nos Estados Unidos levou que, em apenas 16 semanas, quase 49 milhões de trabalhadores solicitassem seguro-desemprego. Os baixos salários e um sistema de saúde pago empurram para a morte os sem-teto, os desempregados, os trabalhadores precários e informais. Tudo isso foi caldo de cultivo da grande rebelião popular que ali se desenvolve. O Partido Democrata tenta desviar este imponente movimento de protesto para o voto em Joe Biden nas eleições de novembro, o candidato do establishment, para evitar as radicalizações.
A rebelião não só representa um descomunal golpe ao governo de Trump, mas também contra todos os governos latino-americanos que de uma ou outra maneira se submetem ao imperialismo ianque, e é uma convocação para a ação e a luta de todos os povos do subcontinente.
A pandemia colocou em destaque o antagonismo existente entre a saúde e a vida das e dos trabalhadores e maiorias populares, por um lado, e o sistema capitalista, por outro. Os resgates multimilionários privilegiaram o resgate do capital. O auxílio econômico à população ficou reduzido a uma porção marginal. O mundo enfrentou o coronavírus com sistemas de saúde precarizados e deteriorados, vítimas de drásticos cortes pelo resultado de anos de ajustes aplicados por todos os governos, ao mesmo tempo que permitem e subsidiam a continuidade do lucro da saúde privada.
O que foi priorizado em meio a pandemia são os lucros capitalistas, forçando os trabalhadores a continuarem com a produção, com total desprezo por suas vidas e sua integridade física. Isso se agrava na América Latina onde as condições de pobreza e carência extremas criam um campo fértil para a propagação do vírus, que vem fazendo estragos nas periferias.
O surto do coronavírus agravou uma crise capitalista que já existia. O mundo caminha para uma depressão só comparável com a posterior ao crack de 1929. A OIT já fala em 480 milhões de desempregados. O resgate aos grandes empresários, bancos e multinacionais pretende ser financiado com mais ajustes, demissões, miséria crescente, desigualdade social e desastre ambiental sem precedentes. Estamos em frente a uma crise do capitalismo que finca suas raízes na grande recessão de 2008. Amplos setores de trabalhadores e a juventude em todo o mundo começam a tirar a conclusão de que não é mais possível este sistema.
O novo ciclo especulativo que seguiu aos resgates não deteve a fuga de capitais na América Latina. Isto se combina com o pagamento de dívidas fraudulentas e agiotas por parte dos governos, que dão lugar a planos de austeridade sob a tutela do FMI de modo a dar garantia de pagamento aos credores.
No marco da guerra comercial impulsionada pelo imperialismo ianque, particularmente contra a China, os EUA buscam reforçar seu domínio em nosso continente, não só com a extorsão econômica mas também pela ingerência direta, como foi visto na política agressiva contra a Venezuela, fato que repudiamos, para além de nossas profundas diferenças com o regime de Maduro. Igualmente, denunciamos que tanto os EUA quanto a China buscam em sua disputa apoderar-se dos recursos naturais e estratégicos de nossa região, mediante associações com corporações capitalistas extrativas.
Nesse marco, a América Latina se transformou em outro centro da crise pandêmica e também da crise social. Sob o governo do ultradireitista Bolsonaro, o Brasil é um dos países mais castigados pela pandemia. Também Chile, Peru, Bolívia e Equador sofreram este flagelo em grande escala, sob governos localizados à direita. No México e Argentina, os governos “nacionais e populares” tem estado muito longe de tocar nos interesses das grandes patronais para afrontar o quadro de esvaziamento sanitário e a crise social. Ao contrário, vem mantendo uma linha de subordinação ao imperialismo, como demonstrou López Obrador em sua reunião com Trump, e Alberto Fernández com sua submissão aos preceitos dos fundos abutres e do FMI. Este último busca também um “pacto social” com as câmaras empresariais que implicará com os trabalhadores pagando os custos da crise.
À luz deste panorama salta à vista que todas as contradições sociais que motivaram as rebeliões populares latino-americanas em 2019 se agudizaram. Se reformula, portanto, a abertura de uma nova fase de grandes lutas e rebeliões dos explorados, como revelam as novas jornadas nacionais de protestos no Chile, as manifestações no Equador contra o “fundomonetarista” Lenin Moreno e a desconformidade crescente das massas bolivianas com a golpista Áñez, as expressões de saturação com Bolsonaro no Brasil, a reação do movimento estudantil na Colômbia, a nova situação no Paraguai a partir da jornada de 22 de junho, o reinício dos protestos ainda moleculares na Nicarágua, como também a resistência operária e da juventude precarizada em desenvolvimento na Argentina.
A Conferência virtual Latino-americana e dos EUA se marcaria assim num momento de características históricas, que coloca desafios gigantescos para os trabalhadores, chamando a lutar por medidas de emergência para combater a pandemia e os planos de ajuste que atingem o povo trabalhador, lutar para que a crise seja paga pelos capitalistas na perspectiva de uma saída operária e socialista. Convidamos a esquerda que se reivindica classista, o movimento operário combativo, a juventude que se rebela, o ativismo feminista e ambiental, e a intelectualidade comprometida, a ser parte desta Conferência para debater as bases para lutar sob as bandeiras da independência de classe, por governos de trabalhadores e pela unidade socialista da América latina.
Cronograma:
• Mesa-debate: “Crise mundial e a rebelião no império”. Quinta, 30 de julho 18h30 (Horário do Brasil).
• Mesa-debate: “O movimento operário latino-americano diante da crise capitalista e a pandemia”. Sexta, 31 de julho 17h (Horário do Brasil).
• Mesa-debate: “A situação latino-americana”. Sexta, 31 de julho, 19h30 (Horário do Brasil).
• Conferência virtual Latino-americana e dos EUA. Sábado, 1 de agosto 14h (Horário do Brasil).