Venezuela: “Votar nulo. Ganhe quem ganhar, não resolverá a crise e será necessário continuar lutando”

A seguir compartilhamos a entrevista realizada com Gustavo Martínez, da Marea Socialista, pela jornalista Vanessa Davies no programa Punto de Partida, da plataforma de comunicação Punto de Corte, sobre a política de Voto Nulo acordada por uma aliança de partidos de esquerda contrários ao governo de Nicolás Maduro e também à oposição de direita tradicional. A entrevista foi intitulada: “Quatro organizações de esquerda convocam para votar nulo em 28 de julho”. Essas quatro organizações são o PPT-APR (Uzcátegui), o Partido Socialismo e Liberdade (PSL), Marea Socialista e a Liga dos Trabalhadores Socialistas (LTS).

Gustavo Martínez, da Marea Socialista, respondeu à pergunta de Vanessa Davies “por que votar nulo?”, afirmando que “é preciso partir do que somos: trabalhadores, parte da classe trabalhadora”, e afirmou que “nenhum dos candidatos representa os interesses da classe trabalhadora”.

Ele falou sobre as características do governo, descrevendo-o como “autoritário, antidemocrático… que vem atacando as legalidades dos partidos (incluindo os de esquerda) e permitindo candidaturas que lhe interessam, candidaturas feitas sob medida para o governo”. Além disso, em relação à candidatura apoiada por María Corina Machado e a PUD (a de Edmundo), disse que também faz parte das cúpulas, pois “todas são candidaturas das cúpulas”.

Martínez comentou que “as cúpulas da direita não questionam a maior parte da política econômica do governo, especialmente no que diz respeito ao salário, por exemplo, e a outros benefícios trabalhistas, porque beneficiaram o setor privado”, que é aquele que tem suas candidaturas na oposição.

Vanessa perguntou “qual é a lógica do voto nulo?”. Gustavo responde que, “por não nos sentirmos representados, chamamos a votar nulo” e que “ganhe quem ganhar, nenhum deles resolverá a crise”, e “por isso será necessário continuar lutando nas ruas”.

Ele apontou que os opositores de direita, ao invés de lutar pelo salário, por exemplo, pedem para votar em suas candidaturas, como fizeram no momento para pedir apoio a Guaidó.

Sobre o impacto que o chamado ao voto nulo poderia ter, ele disse que embora seja possível saber o número de votos nulos, “o importante é contribuir para uma maior capacidade de luta” e explicou que é por isso que “estivemos nas ruas o tempo todo”. “É uma mentira – ele expressa – que votar nulo favorece o governo; aqueles que dizem isso querem que se vote na oposição de direita”. “Também há pressão do outro lado”.

A proposta, além do voto nulo, é que “é necessário construir um plano de luta”.

Referindo-se à sua opinião de que a direita realmente não questiona as leis autoritárias do governo, estas são aplicadas principalmente aos trabalhadores. Ele até mencionou que no setor privado eles usam a “Lei do Ódio” para atacar os trabalhadores.

“O que pudermos recuperar como direito vai depender da luta, não há atalhos”. No vídeo da entrevista, Martínez explica como é possível votar nulo (considerando o que estabelecem as leis e regulamentos eleitorais).

Ele esclareceu que sua política não é contrária à participação eleitoral, mas lembrou que a Marea Socialista e outros partidos de esquerda não foram autorizados a isso. À Marea Socialista não foi permitido iniciar seu processo de legalização e a outros foi retirada sua legalidade ou não foram permitidos inscrever candidatos, como aconteceu com Manuel Isidro Molina, que foi apresentado pelo Partido Comunista, o PPT-APR, Marea Socialista, entre outros.

“É necessária uma correlação de forças diferente em que estejam a classe trabalhadora e os movimentos populares organizados”.

Ele garante que não vão mudar essa posição de voto nulo e tampouco estão interessados em qualquer conversa com o governo ou com as candidaturas da oposição de direita.

Opinam que se um candidato da oposição de direita vencer, o novo governo “não será tão novo em termos de política trabalhista e condições de vida da população”.

A mensagem é que “os trabalhadores e a esquerda precisam avançar e crescer, porque senão não lhes permitirão participar com nenhuma candidatura”… “Este é um governo inimigo da esquerda, que a persegue e criminaliza”.

Eles estarão na marcha de 1º de maio que sai da Plaza Venezuela, mas com uma coluna própria e suas consignas estarão em torno do Artigo 91, do salário mínimo igual à cesta básica, conforme a Constituição; também contra a criminalização das lutas e em solidariedade com o povo palestino massacrado por Israel.

“As cúpulas não querem saber do Artigo 91, nem as do governo nem as da oposição”.

A seguir, o link do YouTube: