Por Ali Hammoud

Palestina:

O inimigo sionista continua sua guerra contra a região e seus povos, conduzindo um ataque implacável contra a humanidade, o meio ambiente e o desenvolvimento urbano. Seus ataques se intensificam, chegando ao ponto do genocídio contra a população da Faixa de Gaza. Não satisfeito em bombardear campos de refugiados com toneladas de foguetes, o inimigo passou à maior operação sistemática de fome, em colaboração com o governo dos Estados Unidos. Palestinos morrem de fome diariamente e a Faixa de Gaza encontra-se agora à beira de uma fome catastrófica. Esta é uma cena que encarna o fracasso humanitário e moral do mundo.

Não se trata de uma fome resultante de desastre natural, mas sim do resultado direto das políticas de endurecimento do bloqueio sionista e das operações militares. Relatórios internacionais do Programa Mundial de Alimentos confirmam isso, alertando que “Gaza enfrenta níveis catastróficos de fome” e que “a fome é inevitável se não houver um fluxo amplo e contínuo de alimentos”. A Organização Mundial da Saúde confirmou um forte aumento da desnutrição em crianças menores de cinco anos, e o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários indicou que 100% da população de Gaza (2,3 milhões de pessoas) sofre algum grau de insegurança alimentar e uma grande proporção está em situação de emergência e fome.

As cenas diárias que chegam da Faixa de Gaza são um testemunho horrendo de um sofrimento humano indescritível. A fome avança silenciosamente sobre crianças e adultos cujo único “crime” é viver em uma terra sitiada e devastada. A ação urgente e eficaz não é uma opção; é um dever humanitário e moral salvar vidas inocentes. O silêncio e a relutância do mundo em tomar medidas decisivas escreverão capítulos sombrios nos anais da história.

O inimigo continua sua guerra genocida contra o povo palestino por meio de decisões políticas aprovadas pelo Knesset, desde a autorização para controlar a Cisjordânia até a decisão de ocupar a Faixa de Gaza e nomear ali um novo governante. Isso confirma sua intenção de pôr fim à causa palestina.

Síria:

O novo regime na Síria continua mergulhado em uma crise profunda e incapaz de chegar a um entendimento com as forças políticas e militares ativas da sociedade síria. Após os massacres na região costeira cometidos pelas Forças Gerais de Segurança Sírias e por milícias estrangeiras ligadas à Al Qaeda, tornou-se difícil convencer as facções militares de Sweida e as FDS a depor as armas ou se integrar às novas instituições militares e de segurança. A intervenção israelense complica ainda mais a situação síria. O inimigo invadiu território sírio e estabeleceu postos de observação a 13 km de Damasco.

O novo regime na Síria se baseia em uma ideologia takfirista criminosa, que rejeita os outros e não trata todos os componentes do povo sírio como seus próprios cidadãos. As violações sectárias que ocorrem em cidades e universidades sírias confirmam que a mentalidade do novo regime governa o país como uma milícia sectária.

Turquia, Estados Unidos e Arábia Saudita tentaram criar as bases para a sobrevivência desse novo regime, oferecendo apoio financeiro, econômico e político e estabelecendo acordos de segurança com Israel. Foram realizadas várias reuniões entre representantes do novo regime e o Estado sionista, sendo a mais recente em Bacu, no Azerbaijão. Os acontecimentos recentes em Sweida tiveram um impacto importante na realidade síria. Durante a guerra civil, os habitantes de Sweida mantiveram-se distantes do conflito e não participaram do massacre sectário. Após a queda de Assad, as forças drusas estavam na Praça dos Omíadas antes da chegada das forças de al-Julani. Os drusos estenderam a mão ao novo governo, chegando ao ponto de as facções de Sweida fecharem um acordo preliminar com ele. O movimento druso isolacionista, apoiado pelo inimigo sionista, era minoritário, e todos aguardavam uma conferência nacional e um roteiro político claro. No entanto, a resposta do novo regime foi invadir Sweida, humilhar e assassinar seu povo, sequestrar suas mulheres e roubar suas propriedades. Isso demonstra que as políticas sectárias e criminosas do regime servem ao projeto sionista na região. O novo regime islâmico na Síria perseguiu um projeto de normalização com o inimigo e começou seu governo traindo as causas do povo árabe. Contudo, o Estado sionista tem seu próprio projeto na região: não busca Estados fracos ou submissos, mas sim cantões sectários em guerra que dividam a Síria em quatro Estados sectários e criem o chamado Corredor de David. Havia — e ainda há — a esperança de que o povo sírio se levante contra o novo governo, rejeite a afeganização da Síria, recuse a normalização com o inimigo e inicie o processo de construção de uma nova Síria.

Líbano:

Mais de oito meses após o anúncio da frágil trégua entre o Líbano e o inimigo, o panorama político e militar torna-se cada vez mais complexo. O inimigo ainda se recusa a implementar os termos do acordo e a se retirar dos territórios que ocupou. Seus drones realizam assassinatos diariamente e seus aviões de guerra efetuam incursões semanais no território libanês, alegando ter como alvo instalações militares e lançadores de foguetes.

Nas últimas semanas, o inimigo lançou ameaças sérias de retomar a guerra contra o Líbano se não forem cumpridos os termos do acordo assinado em outubro. O inimigo, junto com os EUA, afirma que o acordo exige a retirada e destruição de todas as armas do Hezbollah, enquanto o Hezbollah insiste que o acordo não inclui a área ao norte do rio Litani, mas apenas a área ao sul.

As ameaças sionistas impactaram fortemente a vida política libanesa, e os EUA aproveitaram para enviar seu enviado para a região, Tom Barak, com o texto de um novo acordo para o Estado libanês. O acordo prevê, entre outros pontos, a retirada das armas do Hezbollah — desde mísseis balísticos até drones — em seis meses; a imposição de controles em passagens de fronteira, portos e aeroportos; o controle sobre o setor financeiro e bancário; a demarcação da fronteira com a entidade sionista; a cessão de terras nas fazendas de Shebaa e nas colinas de Kfar Shuba; e a suspensão de projetos de reconstrução.

Nossa posição foi clara desde o início: o documento de Barak é uma declaração de rendição total ao inimigo e um acordo entre Líbano e Israel sob a tutela dos EUA. A autoridade política deve informar aos norte-americanos que a questão das armas do Hezbollah é um assunto interno a ser tratado no âmbito do Estado libanês e integrado à estratégia de defesa e aos planos de segurança nacional. No entanto, as autoridades libanesas cometeram um grave erro ao decidir debater o documento estadunidense em reunião do Conselho de Ministros com o objetivo de aprová-lo. O governo se reuniu por dois dias e o debate foi acalorado. Apesar da retirada dos ministros xiitas da sessão, o gabinete votou e aprovou o documento, transformando-o em um novo acordo entre o Estado e a entidade, sob a tutela dos EUA. O Estado se compromete a retirar as armas do Hezbollah dentro de um prazo específico, mergulhando o país em nova crise política, com dimensões sectárias e nacionais. O governo libanês cedeu à intimidação e à pressão saudita e estadunidense. Essa submissão o priva de sua imunidade e legitimidade nacionais. O lema desta fase é obrigá-lo a ceder, declarar nulas suas decisões ou derrubá-lo. O dever de toda autoridade legítima no Líbano é afirmar o direito do povo libanês de resistir à ocupação. 

O dever de toda autoridade legítima no Líbano é aproveitar as capacidades e a experiência existentes do Hezbollah e desenvolver uma estratégia nacional de defesa que as utilize.

O dever de toda autoridade legítima no Líbano é apoiar a firmeza do povo palestino e rejeitar a normalização das relações com o inimigo.