1° Congresso da LIS: Resolução sobre gênero e campanha pelo 8 de março de 2022

  • Desde 2015, o movimento de mulheres, e em menor grau o movimento LGBTI+, vem liderando uma nova onda de lutas para defender os direitos de gênero, exigir seu efetivo cumprimento e alcançar sua expansão, em um processo muito progressivo.
  • Esta onda, embora mostrando fortes desigualdades em seu grau de intensidade entre diferentes continentes e até mesmo entre diferentes países da mesma região, tornou-se praticamente internacional em seu alcance.
  • Como expressão da polarização social e política geral, em quanto à luta de gênero, existe uma verdadeira disputa. A ascensão das mulheres e a dissidência sexual e de gênero é confrontada pela ofensiva de vários governos capitalistas, com o apoio ativo do fundamentalismo político e religioso.
  • Além disso, como fenômeno político global, está surgindo uma extrema-direita, cujas bandeiras centrais incluem o ataque às chamadas “ideologias de gênero”.
  • Ao mesmo tempo, nas ações de repressão estatal e para-estatal, vemos um aumento da violência sexual contra mulheres e dissidências.
  • Em 2020 e 2021, a conquista do direito ao aborto na Argentina, Tailândia, Coréia do Sul e Nova Gales do Sul (Austrália) contrasta com o retrocesso do direito ao aborto no Texas (EUA) e os avanços contra a comunidade LGBTI+ na Polônia, Hungria e outros países do Leste Europeu. O maior exemplo da ofensiva misógina é o novo governo Talibã no Afeganistão, que discrimina ferozmente as mulheres no trabalho, na educação e em outras áreas da vida.
  • Além disso, a pandemia do coronavírus intensificou as desigualdades estruturais do sistema capitalista. Neste contexto, a pobreza e o desemprego, que mais afetam as mulheres, o fardo do trabalho não remunerado no lar e os níveis de violência de gênero têm aumentado.
  • Assim como hoje mais de 70% dos pobres do mundo são mulheres e meninas, a pandemia trouxe para a frente o setor de saúde dominado pelas mulheres, assim como a educação, onde as trabalhadoras em muitos países lutaram muito por seus direitos trabalhistas e salariais.
  • Em muitos países, os movimentos de mulheres e dissidências são organizados em assembléias ou outros espaços de coordenação de grupos e ativistas, com um caráter amplo e policlassista. Esta qualidade exige combinar unidade de ação com luta política a partir de uma perspectiva de classe, em uma dura e permanente batalha contra posições equivocadas e inimigos da esquerda revolucionária.
  • Na vanguarda desta onda de lutas está um ativismo próspero, especialmente o ativismo juvenil, nas escolas, universidades, locais de trabalho e bairros populares, aberto às idéias da esquerda e do marxismo revolucionário e que é uma fonte importante para ganhar novas militâncias para nossas seções nacionais e nossa liga internacional.
  • Por outro lado, o evento global mais proeminente dentro desta onda é a Greve Internacional de Mulheres e Dissidentes em 8 de março. Assumindo o método distintivo de luta da classe trabalhadora, tal greve tem acontecido todos os anos desde 2017 com mobilizações em massa e outras ações em cerca de 80 países em todo o mundo.

Nossa intervenção política

  • Para as e os socialistas revolucionários, é decisivo participar do movimento de mulheres e dissidẽncias sem sectarismos com um duplo objetivo: promover a mobilização das massas e fortalecer nossa própria construção, disputando sempre a direção contra as correntes inimigas.
  • Nesta tarefa, disputamos politicamente contra as correntes feministas burguesas, reformista e neo-reformistas oportunistas, que encorajam a conciliação de classes, e também contra os grupos autonomistas e o chamado feminismo radical, que consideram os homens como inimigos, apresentam políticas identitárias equivocadas e assim fragmentam as lutas. Estes setores, que emergiram do pós-modernismo dos anos 90, ao encobrir a divisão de classes, acabam sendo funcionais à ordem capitalista.
  • Esta batalha política implica em postular um programa de transição que, baseado nas necessidades concretas em termos de direitos de gênero em cada país, visa vincular estas lutas por reivindicações com uma estratégia de classe e revolucionária para enfrentar o governo, o regime e o sistema capitalista.
  • Como parte desta política abrangente, é necessário explicar à classe trabalhadora e à vanguarda jovem de mulheres e dissidências LGBTI+ a relação intrínseca entre a opressão de gênero e a exploração de classe.

Campanha internacional

  • Iniciar uma campanha internacional até 8 de março de 2022 contra todas as formas de opressão e exploração capitalista. Com o slogan Mulheres trabalhadoras, pela igualdade e o socialismo. No 8M, nossas seções participarão das marchas ou ações em cada país, carregando bandeiras ou faixas com este slogan.
  • As seções organizarão atividades de agitação e propaganda: folhetos, cartazes, debates, seminários, uso de redes sociais e outras iniciativas, especialmente destinadas à juventude estudantil e trabalhadora.
  • Dependendo da realidade de cada país, o slogan principal pode ser combinado com outras exigências específicas: aborto legal, igualdade de remuneração, cuidado infantil gratuito, contra a violência sexista, estado laico, educação sexual, não ao aumento da idade da aposentadoria, etc.
  • Todas as seções do LIS dedicarão um espaço especial em seus websites e em suas publicações para promover e divulgar a campanha.
  • As direções das seções nacionais e a coordenação internacional acompanharão o desenvolvimento desta campanha.